segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Três poemas de Emily Dickinson



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Noites Loucas — Noites Loucas!
Estivesse eu contigo
Noites Loucas seriam
Nosso luxuoso abrigo!

Para Coração em porto —
Ventos — são coisas fúteis 
Bússolas — dispensáveis 
Portulanos — inúteis!

Navegando em pleno Éden —
Ah, o Mar!
Quem dera — esta Noite — em Ti
Ancorar!


258

Às vezes, em Tardes de Inverno, 
Uma Luz Enviesada — 
Como o Som das Catedrais 
Opressora, Pesada — 

Nos fere com Dor Divina — 
Porém cicatriz não fica 
Senão no fundo de nós, 
Onde o Sentido habita — 

É o Selo do Desespero — 
A ele — Nada lhe Falta — 
Angústia imperial 
Que nos desce do alto 

Quando vem, a Terra atenta — 
Sombras — param no ar — 
Quando vai, é como a Morte 
Ao Longe, a se afastar —


870

Primeiro Ato é achar,
Perder é o segundo Ato,
Terceiro, a Viagem em busca
Do “Velocino Dourado”.

Quarto, não há Descoberta —
Quinta, nem Tripulação —
Por fim, não há Velocino —
Falso — também — Jasão.

Emily Dickinson nasceu a 10 de dezembro de 1830, em Amherst. De vida reclusa, trabalhou continuamente na construção de uma poesia que só se descobriu em sua grande dimensão depois da sua morte; em vida, poucos textos foram publicados sem alcançar reconhecimento.  Sua obra tem sido organizada em cartas, textos esparsos e poemas; neste gênero somam-se mais de mil textos. A poeta estadunidense morreu no dia 15 de maio de 1886.

* Traduções de Paulo Henriques Britto.