sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Quatro poemas de Torquato Neto


Cogito

eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível

eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora

eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim

eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranqüilamente
todas as horas do fim


Literato cantabile

agora não se fala mais
toda palavra guarda uma cilada
e qualquer gesto pode ser o fim
do seu início
agora não se fala nada
e tudo é transparente em cada forma
qualquer palavra é um gesto
e em minha orla
os pássaros de sempre cantam assim,
do precipício:

a guerra acabou
quem perdeu agradeça
a quem ganhou.
não se fala. não é permitido
mudar de idéia. é proibido.
não se permite nunca mais olhares
tensões de cismas crises e outros tempos
está vetado qualquer movimento
do corpo ou onde quer que alhures.
toda palavra envolve o precipício
e os literatos foram todos para o hospício
e não se sabe nunca mais do mim. agora o nunca.
agora não se fala nada, sim. fim. a guerra
acabou
e quem perdeu agradeça a quem ganhou.

***

Agora não se fala mais
toda palavra guarda uma cilada
e qualquer gesto é o fim
do seu início:

Agora não se fala nada
e tudo é transparente em cada forma
qualquer palavra é um gesto
e em sua orla
os pássaros de sempre cantam
nos hospícios.

Você não tem que me dizer
o número de mundo deste mundo
não tem que me mostrar
a outra face
face ao fim de tudo:

só tem que me dizer
o nome da república do fundo
o sim do fim
do fim de tudo
e o tem do tempo vindo:

não tem que me mostrar
a outra mesma face ao outro mundo
(não se fala. não é permitido:
mudar de idéia. é proibido.
não se permite nunca mais olhares
tensões de cismas crises e outros tempos.
está vetado qualquer movimento


Let’s Play That

quando eu nasci
um anjo louco muito louco
veio ler a minha mão
não era um anjo barroco
era um anjo muito louco, torto
com asas de avião
eis que esse anjo me disse
apertando a minha mão
com um sorriso entre dentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
let’s play that

Torquato Neto nasceu a 9 de novembro de 1944 em Teresina. Autor de uma obra multifacetada que inclui poesia, crônica e letras de canções, sua carreira se inicia pela participação de vários movimentos de vanguarda, como a Tropicália. Morreu no dia 10 de novembro de 1972, no Rio de Janeiro. 


* Estes poemas foram publicados inicialmente na revista Modo de Usar & Co.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Fernando Pessoa por Sophia de Mello Breyner Andresen





Fernando Pessoa

Teu canto justo que desdenha as sombras
Limpo de vida viúvo de pessoa
Teu corajoso ousar não ser ninguém
Tua navegação com bússola e sem astros
No mar indefinido
Teu exacto conhecimento impossessivo

Criaram teu poema arquitectura
E és semelhante a um deus de quatro rostos
E és semelhante a um deus de muitos nomes
Cariátide de ausência isento de destinos
Invocando a presença já perdida
E dizendo sobre a fuga dos caminhos
Que foste como as ervas não colhidas

Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu no Porto em 6 de novembro de 1919 e morreu em 2 de julho de 2004, em Lisboa. Em 1999 recebeu o mais importante prêmio das literaturas de língua portuguesa, o Camões e, no ano da sua morte o Reina Sofía. Autora de uma vasta obra poética, todos os livros seus foram reunidos na antologia Obra poética.

* Este poema está em Cem Poemas de Sophia (Paço de Arcos: Editorial Caminho-Visão/JL, 2004).

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Quatro poemas de Roberto Bolaño



OS DETETIVES

Sonhei com detetives perdidos na cidade escura.
Ouvi seus gemidos, suas náuseas, a delicadeza
De suas fugas.
Sonhei com dois pintores que ainda não tinham
40 anos quando Colombo
Descobriu a América.
(Um clássico, atemporal, o outro
Moderno sempre,
Como a merda.)
Sonhei com uma pegada luminosa,
A senda das serpentes
Percorrida uma vez ou outra
Por detetives
Absolutamente desesperados.
Sonhei com um caso difícil,
Vi os corredores cheios de policiais,
Vi os questionários que ninguém resolve,
Os arquivos ignominiosos,
E logo vi o detetive
Voltar ao local do crime
Solitário e tranqüilo
Como os piores pesadelos,
Eu o vi sentar-se no chão e fumar
Num dormitório com sangue seco
Enquanto os ponteiros do relógio
Viajavam encolhidos pela noite
Interminável.


OS DETETIVES PERDIDOS

Os detetives perdidos na cidade escura.
Ouvi seus gemidos.
Ouvi seus passos no Teatro da Juventude.
Uma voz avançando como uma flecha.
Sombra de cafés e parques
Frequentados na adolescência.
Os detetives que observam
Suas mãos abertas,
O destino manchado com seu próprio sangue.
E você não pode nem mesmo se lembrar
Onde estava a ferida,
Os rostos que você amou um dia,
A mulher que salvou a sua vida.


OS DETETIVES GELADOS

Sonhei com detetives gelados, detetives latino-americanos
Que tentavam manter os olhos abertos
No meio do sonho.
Sonhei com crimes horríveis
E com tipos cuidadosos
Que procuravam não pisar nas poças de sangue
E ao mesmo tempo abarcar com um só olhar
a cena do crime.
Sonhei com detetives perdidos
No espelho convexo dos Arnolfini:
nossa época, nossas perspectivas,
nossos modelos de Espanto.


AUTO-RETRATO AOS VINTE ANOS

Eu fui embora, tomei meu caminho e nunca soube
até onde poderia me levar. Fui cheio de medo,
meu estômago revirou e a cabeça zumbia:
acho que era o ar frio dos mortos.
Não sei. Me deixei ir, pensei que era uma pena
terminar tão de repente, mas por outro lado
escutei aquele chamado misterioso e convincente.
Ou você o escuta ou não o escuta, e eu o escutei
e quase caí no choro: um som terrível,
nascido no ar e no mar.
Um escudo e uma espada. Então,
apesar do medo, me deixei ir, encostei minha face
na face da morte.
E era impossível fechar meus olhos e não ver
aquele espetáculo estranho, lento e estranho,
ainda que embutido numa realidade rapidíssima:
milhares de garotos como eu, imberbes
ou barbados, mas todos latino-americanos,
unindo suas faces com as da morte.


Roberto Bolaño nasceu a 28 de abril de 1953, em Santiago do Chile. Instalado na Espanha a partir de 1977, exerceu diversas atividades manuais para sobreviver. Depois do sucesso de crítica de La literatura nazi en América (1996), publicou várias obras em poucos anos. Morreu em Barcelona, em 15 julho de 2003.

* Tradução de Rodrigo Garcia Lopes. Publicado inicialmente no Portal Cronópios.


terça-feira, 27 de novembro de 2012

Quatro haicais de Erico Verissimo





Primavera

Libélulas? Qual!
Flores de cerejeira
Ao vento de abril.


Verão

Moscardo verde,
Fruta madura no chão...
Ó mel da vida!

Gota de orvalho
Na corola dum lírio:
Joia do tempo.


Outono

Bosque de cobre,
Borboleta amarela,
Esquilo fulvo.


Inverno

Na alva neve,
A rígida mancha azul
Da ave morta.


Erico Verissimo nasceu em Cruz Alta a 17 de dezembro de 1905. Autor de vasta obra desenvolvida sobretudo no campo da prosa com romances que marcaram em definitivo a literatura brasileira como a saga O tempo e o vento (1949-1962), também desenvolveu interesse pela poesia. Nesse gênero, foi hábil praticante do haicai, poema de origem japonesa. Morreu em 28 de novembro de 1975, na capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Três poemas de Al Berto



dizem que a paixão o conheceu
mas hoje vive escondido nuns óculos escuros
senta-se no estremecer da noite enumera
o que lhe sobejou do adolescente rosto
turvo pela ligeira náusea da velhice

conhece a solidão de quem permanece acordado
quase sempre estendido ao lado do sono
pressente o suave esvoaçar da idade
ergue-se para o espelho
que lhe devolve um sorriso tamanho do medo

dizem que vive na transparência do sonho
à beira-mar envelheceu vagarosamente
sem que nenhuma ternura nenhuma alegria
nenhum ofício cantante
o tenha convencido a permanecer entre os vivos


***

e ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão
deixas viver sobre a pele uma criança de lume
e na fria lava da noite ensinas ao corpo
a paciência o amor o abandono das palavras
o silêncio
e a difícil arte da melancolia


***

A escrita é a minha primeira morada de silêncio
a segunda irrompe do corpo movendo-se por trás das palavras
extensas praias vazias onde o mar nunca chegou
deserto onde os dedos murmuram o último crime
escrever-te continuamente... areia e mais areia
construindo no sangue altíssimas paredes de nada
esta paixão pelos objectos que guardaste
esta pele-memória exalando não sei que desastre
a língua de limos
espalhávamos sementes de cicuta pelo nevoeiro dos sonhos
as manhãs chegavam como um gemido estelar
e eu perseguia teu rasto de esperma à beira-mar
outros corpos de salsugem atravessam o silêncio
desta morada erguida na precária saliva do crepúsculo

Al Berto nasceu a 11 de janeiro de 1948, em Coimbra. Viveu a adolescência em Sines, exilou-se, entre 1967 e 1975, em Bruxelas, onde estudou Belas-Artes. Publicou seu primeiro livro em 1977, À procura do vento num jardim d’agosto, já em Lisboa, onde viveu o restante da breve vida. Em prosa, além deste, escreveu, entre outros, Lunário (1988), O anjo mudo (1993) e Diários (2012). Em poesia, produziu maior parte de seu trabalho; neste gênero estão títulos como Trabalhos do olhar (1982), O medo, antologia que reúne textos de entre 1974 e 1986, publicada em 1987 e reeditada com mais textos em 1991, O livro dos regressos (1989), Horto de incêndio (1998). Para o teatro compôs Apresentação da noite (1985). Morreu a 13 de junho de 1997. 

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Três poemas sobre morte de Jorge de Sena

A morta. Rembrandt


"A MORTA" DE REMBRANDT


Morta. Apenas morta. Nada mais que morta.
Não parece dormir. Nem se dirá
que sonha ou que repousa ou que da vida
levou consigo o mais que não viveu.
Parece que está morta e nada mais parece.
E tudo se compõe, dispõe e harmoniza
para que a morte seja apenas sua.

É muito velha. Velha, ou consumida
na serena angústia de aguardar que a vida
vá golpe a golpe desbastando os laços
de carne e de memória, de prazer, piedade,
ou do simples ouvir que os outros riem,
e choram e ciciam ou silentes
se escutam tal como ela se escutava
na calma distracção de respirar
o tempo que circula pelas veias.

Em tudo a vida se extinguiu. Primeiro,
a que era sua e como que de todos
quantos amara ou conhecera um pouco
ou, vagamente vultos recordados, eram
sombras dos dias pensativos em
que os olhos pousam no que passa ou pára.
Depois a vida nela — o só viver,
o só estar viva sem saber seu nome —
e que não era sua mas lhe fora entregue
de posse em posse, no correr dos séculos,
desde a primeva noite pantanosa
àquele quarto em que vagiu nascendo.

Formas da vida não subsiste alguma
na luz difusa que a seu rosto aclara
tão marfinado no sudário branco
a destacar-se da coberta escura.
Morreu por certo há pouco, e já na boca
de lábios finos, comissuras longas,
como nas pálpebras pesadas ou
no afilamento do nariz adunco,
nada palpita, nem a morte, nada.

A luz deixa na sombra o crucifixo
que pende da parede ao pé do leito,
porém no rosto pousa aguda e leve
iluminando a teia de milhares de rugas
tecida pela aranha que se agita
entre nós e os outros, entre nós e as coisas,
entre nós e nós próprios, mesmo que
não fosse a vida esse crispar-se a pele
a um beijo que desliza, um vento que perpassa,
uma ansiedade alheada, um medo súbito,
uma demora de confiança triste.

Está morta. Apenas morta. Mas, no entanto,
na solidão a que nem cores resistem
não morre o mundo, não figura a Morte,
nada figura senão ela que
deixou de ser a solidão da vida,
para ficar ali, antes de apodrecer,
no breve instante em que a agonia acaba,
a solidão que vemos exterior enfim
no rosto amarelecido, no sudário branco,
no escuro cobertor, na luz difusa,
no jeito da cabeça repousada,
e nas pesadas pálpebras espessas,
fechadas sobre os olhos para sempre.

Lisboa, 12/5/1959

"REQUIEM" DE MOZART 

I

Ouço-te, ó música, subir aguda
à convergente solidão gelada.
Ouço-te, ó música, chegar desnuda
ao vácuo centro, aonde, sustentada
e da esférica treva rodeada,
tu resplandeces e cintilas muda
como o silente gesto, a mão espalmada
por sobre a solidão que amante exsuda
e lacrimosa escorre pelo espaço
além de que só luz grita o pavor.
Ouço-te lá pousada, equidistante
desse clarão cuja doçura é de aço
como do frágil mas potente amor
que em teu ouvir-te queda esvoaçante.

16/4/1962
lI

Ó música da morte, ó vozes tantas
e tão agudas, que o estertor se cala.
Ó música da carne amargurada
de tanto ter perdido que ora esquece.
Ó música de morte, ah quantas, quantas
mortes gritaram no que em ti não fala.
Ó música da mente espedaçada
de tanto ter sonhado o que entretece,
sem cor e sem sentido, no fervor
de sublimar-se nesse além que és tu.
Ó vida feita uma detida morte.
Ó morte feita um inocente amor.
Amor que as asas sobre o corpo nu
fecha tranquilas no possuir da sorte.

16/4/1962

III

Além do falso ou verdadeiro, além
do abstracto e do concreto, além da forma
e do conceito, além do que transforma
contrários pares noutros par's também,
além do que recorre ou nunca vem
ao que se pensa ou sente, além da norma
em que o não-ser se humilha e se conforma,
além do possuir-se, e para além
dessa certeza que outro ritmo dá
àquele de que as palavras têm sentido:
lá onde ouvir e não-ouvir se igualam
na mesma imagem virtual do na-
da — é que tu vais, ó música, partido
o nó dos tempos que por ti se calam.

15/10/1967

IV

Tudo se cala em ti como na vida.
Tudo palpita e flui como no leito
em que se morre ou se ama, já desfeito
o abraço do momento em que, sustida
a sensação da posse conseguida,
a carne pára a ejacular-se atenta.
Tudo é prazer em ti. Quanto alimenta
esta glória de existir, trazida
a cada instante só do instante ser-se,
reflui em ti, puro, atlante,
certeza e segurança de conter-se
na criação virtual o renascer-se
agora e sempre pelo tempo adiante,
mesmo esquecido. Em ti, o conhecer-se
deste possível é a paz do amante.

15/10/1962
revisto em 15/10/1967 e acrescentados os dois últimos poemas:

À memória de Adolfo Casais Monteiro

Como se morre, Adolfo? Tu morreste
(toca o telefone às duas da manhã em Lourenço Marques era a Joaninha em lágrimas a dizer que o padrinho dela tinha morrido eu não queria crer e mesmo perguntei — tendo tantos compadres — quem era o padrinho dela cuja morte chegava em notícia de Lisboa a Mécia e eu ficámos silenciosos com os olhos marejados das lágrimas que só vieram no dia seguinte esperávamos mais dia menos dia tão doente estavas aquela notícia agora mais incrível por chegada inopinadamente do outro lado do mundo que não era sequer aquele em que morrias)
— e diz-me o Pimentel numa carta tão triste:
enquanto dormias a tua solidão
e estavas morto e sereno pela manhã alta.
Morreste na mesma solidão altiva e tímida
com que foras discreção e delicado ser
escondido em máscaras de sorriso amargo
e de palavras ásperas e rudes. Igual aos versos
que escreveste como raros no molhar de alma
em sangue e sentimento já essência
e só profunda vida oculta em música
puríssima de câmara em cordas tensas
a que o ranger dos arcos se somava ambíguo.
Ninguém mais nobremente ergueu em si
o monumento da morte esse viver contínuo
num só de se indicarem por oblíquos
sinais os gestos limpos da amizade
e os limpos mais ainda de um amor constante
que o teu corpo buscou em tantas mulheres
amando só algumas fielmente na tortura
de não se amar tão bem quanto o desejo.
Adolescente, amadureceste para uma velhice
a que te deste como monge laico
incréu de tudo menos desse amor perdido
que à tua volta, em livros como em música,
era um sussurro de memórias silentes
a rodear-te de vácuo a tua sala vazia.
Como se morre, Adolfo? Trinta e três
anos — uma idade perfeita — conheci-te,
soube de ti o dito e o não-dito, o que escreveste
e o que não escreveste. Por instantes,
os teus olhos cruzavam-se num viés de vesgo
que era um saber terrível de estar só no mundo
e não haver que valha a pena que se diga
sem destruir-se quanto em nossa vida é o pouco
indestrutível se guardado à força
num silêncio de exílio e de distância.
E todavia como estiveste no mundo, como
duramente bebeste toda a dor do mundo,
ou a fumaste em nuvens de cigarros que matavam
os teus pulmões possessos de asfixia.
Foste o estrangeiro e o exilado perfeito
e por todos nós que recusámos de um salto
por outras terras esta terra há séculos de outrem,
morreste em dignidade, sem queixas nem saudades
a queixa e a saudade mais pesadas
pesadas para o fundo, sem palavras
que as não há entendíveis aonde não se entende
a perfeição tranquila em desespero agudo
a que te deste num morrer sem voz.
Morreste só, como viveste. Sem conversa,
como escolheste viver. Longe de tudo,
como a vida te deu que tu viveras.
E tão presente, mesmo se esquecido,
és como o fogo ardente a requelmar quem pensa
que em Portugal de Portugal se é.
Como se morre? Nesse instante extremo,
sentiste um respirar que te alargava
e te expandia o peito mais os olhos
até os confins deste universo inteiro?
Abriste os olhos? Só em sonhos viste?
Morreste — como se morre? — E no teu rosto
qual nos teus versos poderá ser lido
até que nem pensaste nem disseste.
Mas isso tu sabias, e creio que foi pouco
oh muito pouco o que a morte foi capaz de te ensinar.

Porto, 26/8/1972


Jorge de Sena nasceu em 2 de novembro de 1919 em Lisboa e morreu em 4 de junho de 1978 em Santa Barbara na Califórnia. Foi, além de poeta, crítico, ensaísta, ficcionista, dramaturgo, tradutor e professor universitário. Perseguido pela ditadura militar no seu país, veio para o Brasil, onde viveu por longa data e trabalhou como professor em Assis e Araraquara, São Paulo. A degradação da situação política no Brasil o fez sair novamente; desta vez, foi viver nos Estados Unidos. Publicou extensa obra, e, do gênero poesia, destaca-se Perseguição, o primeiro título neste gênero, em 1942, Coroa da terra (1946), Pedra filosofal (1950), As evidências (1955), Fidelidade (1958), Metamorfoses (1963), Exorcismos (1972), e Sobre esta praia (1977). Vários títulos vieram a lume postumamente como Quarenta anos de solidão (de 1979), Dedicácias (de 1980), Sequências (do mesmo ano do anterior), Post-Scriptum I e Pos-Scriptum II (de 1985).  

* Poemas publicados em Ler Jorge de Sena.