quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Um poema de António Jacinto



Poema da Alienação

Não é este ainda o meu poema
o poema da minha alma e do meu sangue
não
Eu ainda não sei nem posso escrever o meu poema
o grande poema que sinto já circular em mim

O meu poema anda por aí vadio
no mato ou na cidade
na voz do vento
no marulhar do mar
no Gesto e no Ser

O meu poema anda por aí fora
envolto em panos garridos
vendendo-se
vendendo
“ma limonje ma limonjééé”

O meu poema corre nas ruas
com um quibalo podre à cabeça
oferecendo-se
oferecendo
“carapau sardinha matona
ji ferrera ji ferrerééé...”

O meu poema calcorreia ruas
“olha a probíncia” “diááário”
e nenhum jornal traz ainda
o meu poema

O meu poema entra nos cafés
“amanhã anda a roda amanhã anda a roda”
e a roda do meu poema
gira que gira
volta que volta
nunca muda
“amanhã anda a roda
amanhã anda a roda”

O meu poema vem do Musseque
ao sábado traz a roupa
à segunda leva a roupa
ao sábado entrega a roupa e entrega-se
à segunda entrega-se e leva a roupa

O meu poema está na aflição
da filha da lavadeira
esquiva
no quarto fechado
do patrão nuinho a passear
a fazer apetite a querer violar

O meu poema é quitata
no Musseque à porta caída duma cubata
“remexe remexe
paga dinheiro
vem dormir comigo”

O meu poema joga a bola despreocupado
no grupo onde todo o mundo é criado
e grita
“obeçaite golo golo”

O meu poema é contratado
anda nos cafezais a trabalhar
o contrato é um fardo
que custa a carregar
“monangambééé”

O meu poema anda descalço na rua

O meu poema carrega sacos no porto
enche porões
esvazia porões
e arranja força cantando
“tué tué tué trr
arrimbuim puim puim”

O meu poema vai nas corda
encontrou sipaio
tinha imposto, o patrão
esqueceu assinar o cartão
vai na estrada
cabelo cortado
“cabeça rapada
galinha assada
ó Zé”
picareta que pesa
chicote que canta

O meu poema anda na praça trabalha na cozinha
vai à oficina
enche a taberna e a cadeia
é pobre roto e sujo
vive na noite da ignorância
o meu poema nada sabe de si
nem sabe pedi
O meu poema foi feito para se dar
para se entregar
sem nada exigir
Mas o meu poema não é fatalista
o meu poema é um poema que já quer
e já sabe
o meu poema sou eu-branco
montado em mim-preto
a cavalgar pela vida.


terça-feira, 26 de agosto de 2014

Julio Cortázar poeta: dois inéditos



AVÓ MORTA
O anjinho que tantos anos desenhei ao pé de umas cartas,
e o à bientôt das despedidas, e esse nome sobre
hão de seguir em alguma parte, hão de ser algo vivo,
não é possível que nada sobreviva dessa ternura e essa graça.
De alguma maneira nos seguiremos escrevendo sempre,
alguém chamará às portas e nos entregará as cartas,
tu estarás bem e eu te contarei sobre viagens,
tu estarás bem e eu serei o que beija
a borda do papel onde uma letra fina
me envolve o coração em savanas, me dá boas noites
e sai silenciosa para que chegue o sonho.


OBJETOS PERDIDOS
Por veredas de sonho e moradias silenciosas
teus verões prestados me alucinam com seus cantos
Uma cifra vigilante e sigilosa
vai pelos arrabaldes chamando-me e chamando-me
mas o que falta, diz-me, no cartão pequeno
onde estão teu nome, tua rua e teu desvelo
se a cifra se mescla com as letras do sonho,

se somente estás onde já não te busco.



Julio Cortázar nasceu a 26 de agosto de 1914 em Ixelles, na Bélgica. Sua obra, uma das mais importantes no âmbito da literatura latino-americana, se destaca pela inovação criativa e formal no trato narrativo. Ficou reconhecido pela publicação de vários títulos em prosa curta, como Histórias de cronópios e famas (1964). Seu livro mais lembrado é Rayuela (1963). Vez ou outra, se aventurou na poesia, gênero, aliás, que marcou sua estreia em livro na literatura: em 1938, sob o pseudônimo de Julio Denis publicou um livro de sonetos intitulado Presencia; quase quatro décadas mais tarde, em 1971, publica Pameos y meopas e, em 1984, Salvo el crepúsculo. Cortázar morreu em Paris, onde viveu extensa parte de sua vida, a 12 de fevereiro de 1984. 

* Os dois poemas foram publicados na edição ainda inédita no Brasil, Cortázar de la A a la Z e foram traduzidos por Pedro Fernandes.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Encontro celebra a poesia de Allen Ginsberg




Na era dos aparelhos virtuais e da convivência de igual maneira, as relações humanas não chegam a viver só disso. Tem menos de um mês que está on-line a edição 9 do caderno-revista 7faces, mas, seus idealizadores, há muito só metidos em bits, resolveram marcar um encontro físico. Sim, já houve outro: quando da apresentação do número em homenagem a José Saramago, mas esse tem sabor do primeiro encontro, porque nem Pedro Fernandes, mentor da ideia, nem Cesar Kiraly, quem chegou para somar parceria, se conhecem pessoalmente.

Pois bem, esse encontro será celebrado agora, no próximo dia 05 de setembro, no Rio de Janeiro. Na ocasião será apresentada a edição mais recente do periódico ao som de leituras dos poemas do Allen Ginsberg nas inéditas traduções de Cesar Kiraly (uma pequena mostra está no caderno-revista). Através de um clique aqui (para não perder o gosto pelo virtual) os interessados em participar dessa ocasião podem já fazer suas reservas.

A edição n.9 do caderno-revista 7faces está on-line!



Esta não é apenas uma edição. São várias. São vozes diversas agregadas em torno de um uníssono tom. Por vezes diversas conseguirão essa unidade. Mas, se desregram. Igualmente diversas vezes. E aí talvez esteja, de fato, a unidade.

É uma edição, por isso, das mais ambiciosas nesses quase cinco anos do periódico. Sai da unidade interna – a poesia terá local (?) – e busca entre tantas vozes a voz que se levanta para desengessar o poema. Allen Ginsberg. O Beat-Poeta. O Poeta. Sobre ele, Claudio Willer, Sandra Erickson e Paulo Rafael se desdobram para dizer o nome e a obra. Dele, Evaldo Gondim se desdobra para fazer-nos compreender em outra língua o que Ginsberg compreendia sobre si e a obra. Dele, recolhem-se faces. Vestidas e nuas. Escritas e imaginadas. Ginsberg está em toda parte. Até nos versos ainda por conhecer ou conhecer de outra maneira. Cesar Kiraly se desdobra em trazê-lo ao português. Inédito. Mas ainda só uma amostra. Mais, o leitor terá acesso mais tarde. Quando o caderno desdobrar-se em catálogo. É boa essa coisa do work in progress.

Costuram esses retalhos três cadernos de poesia. Brasileiros: Vivian de Moraes. Noemi Jaffe. Ricardo Domeneck. Espanhol: Pedro Sevylla de Juana. Brasileiros de novo: Mariana Laje. Cleyson Gomes. Davi Kinski. Francisco Hutz. Danilo Augusto. Rebeca Rasel. Português: Luiz Felipe Marinheiro. E a arte de Falves Silva. Um dos pioneiros entre o balancê das Vanguardas no Brasil.

Um modo de conhecer-se. O poeta diante de si. O poeta diante os poetas. Os poetas diante de si. Os poetas diante do poeta. O poeta e poetas diante dos leitores. Os leitores diante do poeta e dos poetas. Um exercício de multifaces. 

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Uma tradução inédita de Allen Ginsberg


A Prophecy

O Future bards
chant from skull to heart to ass
as long as language lasts
Vocalize all chords
zap all consciousness
I sing out of mind jail
in New York State
without electricity
rain on the mountain
thought fills cities
I'll leave my body
in a thin motel
my self escapes
through unborn ears
Not my language
but a voice
chanting in patterns
survives on earth
not history's bones
but vocal tones
Dear breaths and eyes
shine in the skies
where rockets rise
to take me home

May 1968

* The Fall of America. 87.



Uma Profecia

Ó futuros bardos
cantadores: da caveira pro coração pro cu
o quão a linguagem perdure
Vocalize todos os acordes
frequente toda a consciência
Canto além da prisão da mente
no Estado de Nova Iorque
sem eletricidade
chove sobre a montanha
pensamento inunda cidades
Vou deixar meu corpo
num hotel caro
eu me escapo
por ouvidos não nascidos
Não minha linguagem
mas uma voz
cantando em padrões
sobreviventes na terra
não ossos históricos
mas tons vocálicos
Caros, respirações e olhos
brilhem nos céus
onde foguetes decolam
para me levar para casa

Maio 1968

* Tradução de Cesar Kiraly


segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Dois poemas de Urbano Tavares Rodrigues





DOIS POEMAS DE AMOR E VIDA 

I

Rosa vibrante dos subterrâneos
de uma nova resistência
desabrochas
com a luz do dia
sempre ao meu lado
o rosto e o seio
irradiando
o fogo jovem da paixão
dá-me essa água
da felicidade
que nos teus olhos brilha
Quero o sumo dos teus lábios
Entrar no jardim do teu corpo
é o esplendor da vida.


II

Nas folhagens do azul
mais luminoso
encontro a música silenciosa
do teu primeiro sorriso
e lembro
depois
o automóvel cortando a noite
a tua boca fremente
a tua mão na minha
Lisboa a madrugar
no renascer do mundo

Urbano Tavares Rodrigues nasceu a 6 de dezembro de 1923 em Lisboa. Autor de vasta obra que inclui ensaio, romance, novela, crônica, conto e poesia. Deste gênero, publicou títulos como O Alentejo (1958), A estremadura (1968), O Algarve em poemas (2003) e Poemas da minha vida (2004). O escritor português morreu a 9 de agosto de 2013, na sua cidade natal.



* Em Horas de vidro 

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Euclides da Cunha, o poeta segundo Augusto de Campos


Ilustração: Andrés Sandoval (detalhe)

DODECASSÍLABOS 

Estala na mudez universal das coisas
estrídulo tropel de cascos sobre pedras
e naquela assonância ilhada no silêncio
o cataclismo irrompe arrebatadamente.

O doer infernal das folhas urticantes
corta a região maninha das caatingas
fazendo vacilar a marcha dos exércitos
sob uma irradiação de golpes e de tiros.

Por fim tudo se esgota e a situação não muda,
lembrando um bracejar imenso, de tortura,
em longo apelo triste, que parece um choro.

Num prodigalizar inútil de bravura
desaparecem sob as formações calcáreas
as linhas essenciais do crime e da loucura.


OS CRENTES

Não inquiriram para onde seguiam.
E atravessaram serranias íngremes,
tabuleiros estéreis e chapadas rasas
na marcha cadenciada pelo toar das ladainhas
e pelo passo tardo do profeta...


TOCAIA

Dentre as frinchas,
dentre os esconderijos,
dentre as moitas esparsas, aprumados
no alto dos muramentos rudes,
ou em despenhos ao viés das vertentes
— apareceram os jagunços,
num repentino deflagrar de tiros.
Toda a expedição caiu, de ponta a ponta,
debaixo das trincheiras do Cambaio.


Euclides da Cunha nasceu a 20 de janeiro de 1866, em Cantagalo. Militar e logo destacado jornalista, cobriu o desfecho do conflito de Canudos, acontecimento que favoreceu a publicação de seu principal livro, Os sertões. Além de várias outras expressões da prosa, também escreveu poesia; as peças desse último gênero foram reunidas primeiro em Ondas (1883). Em 2009 saiu uma edição organizada por Leopoldo M. Bernucci e Francisco Foot Hardman intitulada Poesia reunida. Euclides da Cunha morreu a 15 de agosto de 1909, no Rio de Janeiro.



* Os poemas aqui apresentados é uma transcrição e versificação cuidada por Augusto de Campos a partir de Os Sertões, de Euclides da Cunha.




terça-feira, 12 de agosto de 2014

Dois poemas de Souzalopes




as mulheres são amadas na exata
terra da palavra água seu sol e
sua fala rio mais veloz o fo
go mais voraz a fera mais fera
garras de areia e dentes
de maré-cheia: chão

amor se amarra márcia de cabeça pelo avesso
no seco ou sob água ou onde roce o pelo ou seja
amor o corpo sempre e sempre o corpo
chama o corpo márcia amor é cego e louco
cego como fogo amor é todo pouco e sem
amor o mundo não se move a vida não revém

se vem a onda márcia ou uma onça passa onde eu
estou antes vivo ou morto e solta um osso meu
depois de morto ou vivo e diz o sonho a unha ou a
marra a palavra aranha diria arranha digo a
garra que é amor que fala é manha

quero palavra márcia que amor se faça
de nervo e osso e todo corpo como me fazes
amor quando entro e mais me invento
palavra no teu mais dentro e mais me faço
caminho de fala e água que amor me tragas

amor parece palavra márcia muda e emudece
o que a fala esconhece e a gente se pega
de unhas se pega de dentes e dedos e duas
mãos onde o mar onda e desonda palavra e amor
se pega pelos pés pelos cabelos e pelos e
no coração do corpo e onde mais maduraflor

meu pênis te penetra márcia melhor dizer
como nessa mesa-cama tua carne boa e brava ou
falando mais claro ponho meu pau na tua
buceta nua e crua alga de brasa e lua e
na água da palavra te falo como só amor re
volta a fala e fala o que mais claro calo

* de todo fogo

um dia ainda digo poesia
minha palavra de outra
um dia nunca será minha

porque poesia é cobra
a língua da cobra
é uma cobra e duas cobras


* de hágua

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Minerações




Há que se afinar o corpo até o último
sempre. Exercer-se como
instrumento capaz de receber a
poesia do mundo. Poesia suspensa
em rotação e translação. Movimentos
moderados alinhavando dias e
luares, estações e colheitas, minutos
e milênios, provisoriamente.

Há que se ter ouvido incapaz de
olvidar ruídos de asa e bússola que
arranham o silêncio com viagens. Ler
no vento notícia de aroma e sumo.
Pisar a terra sem sufocar a semente
grávida de árvore e fruto.

Há que se ter os carecimentos da terra
- sem luz e aquecida por estrela de
grandeza menor – onde eliminar
uma névoa é subtrair-se em aurora.

Há que se chorar com lágrimas
invisíveis como choram os peixes.
Nutrir-se de limo e lodo umedecidos
pelo próprio pranto. Nadar em
mágoas, repousar sob a sombra da
lua – cercar-se dessa fascinante farsa
do céu se mirando em espelho de
água e noite. Depois dormir, fechado
sobre si, como concha, sonhando
pérolas.

Há que se aprender do rio o ritmo.
Ao buscar o sal, seu curso não desfaz
paisagem, mas se refaz em paisagem.
Percorrendo o exato limite das
montanhas e planícies, o rio cumpre
a rota original esculpida pelo tempo,
pacientemente.

Há que se existir sem sede como a
chuva.  Crina e cauda de nuvem em
relâmpago e galope, destilando
macios espinhos de cristais. Chicote
acariciando pétalas, pontuando
flores  na superfície dos mares.
Desprender-se pautando o nada.
Enxaguar cansaços e entremear-se,
sem incômodo, nos poros da terra.
Regar raízes e outros mistérios
sigilosos do nascimento,
silenciosamente.

Há que se ser frágil o suficiente e
reconhecer-se inábil para inferir
emendas na lei que equilibra as
águas. Inábil para decretar outros
ministérios ao destino das
constelações. Inábil para escolher as
cores dos crepúsculos.

Há que se vicejar como fazem as
florestas. Unir-se em copas para
aniversariar com sombra o esforço
das raízes suportando tronco, galho,
fruto e flor, que tudo abraçam
desinteressadamente. Como as
árvores há que se receber a gota do
orvalho sem se molhar, preservando
o extrato da noite.

Há que se queimar em calor e luz
como faz o fogo. Chama
desenhando votivas sombras em
ouro e fumaça. Lume que arde
enquanto consome as causas.

Há que se escrever a vida em flauta e
vôo como cantam os pássaros.
Buscar na memória a lembrança e a
direção. Ocultar os rastros
percorridos para perder-se no
encontro e ninho. Decifrar o alfabeto
rabiscado nas linhas do vento,
gravado no fruto maduro,
embaraçado na pena trocada. Como
os pássaros, há que se escrever
enquanto é dia e para todos.

Há que se ter a discrição dos
minérios entretidos com os tons do
ar, da água, do fogo – e tão somente –
sem desconfiar fortunas. Ser na
terra o útero e o filho, sem sinais de
medo, nascimento, morte. E como
os minérios ignorar o até quando.

Há que se dormir como dormem as
noites. Aninhando, do poente ao
nascente, o mundo e seus pertences,
apenas para o repouso. Baixar as pálpebras –
asas que acordam sonhos.
E sem se surpreender com
os enigmas da treva, dormir. Dormir
como dorme a noite: sem se assustar
com os pios inusitados que cortam
o escuro até aos fantasmas.

Há que se ter a paciência dos caramujos
visitando veredas e várzeas sem se
ferir. Vagar sem pressa, polindo com
prata e alma o percurso. Sem se
desviar do acaso, vestido de espiral
e compasso, passear desejos em fio
e luz, serenamente. Estar assim, sem
perdas e heranças. Ser sem volta.

Há que se morrer como morrem as
sempre-vivas. Escapar-se de si sem
furtar-se aos olhares alheios. Ser, a um
tempo, presença e ausência.

Sorvê-la como seiva que inaugura no
homem um destino vertical. Há que
se somar à natureza até o último
sempre.


domingo, 3 de agosto de 2014

A edição n. 9 do caderno-revista 7faces já tem data de apresentação





Chega on-line no próximo dia 22 de agosto a edição n.9 do caderno-revista 7faces. Está tudo pronto já para o lançamento! A edição homenageia – como já divulgamos no Facebook – Allen Ginsberg. Traz ensaios de Claudio Willer, Sandra Erickson e Paulo Rafael sobre a obra do Beat-Poeta. Além disso, apresentamos uma entrevista inédita em português com Ginsberg mais poemas – como dissemos por aqui – de Vivian de Moraes, Noemi Jaffe, Ricardo Domeneck, Pedro Sevylla de Juana, Mariana Laje, Cleyson Gomes, Davi Kinski, Francisco Hutz, Danilo Augusto, Rebeca Rasel, Luiz Felipe Marinheiro.