Animal: figura da velocidade
e da forma – mancha
de luz – que cruzou o caminho:
o passo da iguana e seu
selo na areia: repouso,
repetição do corpo
e o impregnado: a
pegada
como livro de paixões
e de assombro; e espelho: desdobrando
tua voz, igualando-a
com teu próprio desejo
como em algo
como num exercício metonímico:
“o passo da iguana
e seu sistema de indeterminação: forma
ou velocidade?”
Iguana:
teus olhos frios na pedra laranja,
rapidíssimos,
como final de toon
A que arranhou o disco da névoa
enquanto todos dormiam em suas roupas
risíveis, era eu.
A que teve um sonho nas gengivas
até que as frutas apagaram suas lembranças
e gravaram sequências, na
noite do paladar – era eu.
Que a lua não venha, agora
que peço. Que os macacos caminhem
de mãos dadas, em santidade.
Por seus relâmpagos os reconhecerás. Verás
o que o encantador não diz.
A que esculpiu seus heróis nas unhas, a que
curou as pedras, era eu.
E a que viu o koala, mantendo relações
com sua mulher, e o trevo de saturno, com suas
dez folhas bruxas, era eu.
Que a peste carregue este caderno.
Que os exploradores não encontrem meus cabelos