segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Quatro poemas de Vera Pavlova



NO INVERNO UM ANIMAL

No inverno – um animal
Na primavera – uma planta
No outono – uma ave
O resto do tempo sou uma mulher


OLHOS MEUS

Olhos meus
por que estão tristes
apesar de me sentir alegre
palavras minhas
por que são tão rudes
apesar de ser terna
atos meus
por que são tão estúpidos
apesar de ser inteligente
amigos meus
por que estão cansados
apesar de ser tão forte


A JOVEM DORME ASSIM

a jovem dorme assim
como se alguém estivesse sonhando-lhe
a mulher dorme assim
como se amanhã fosse estourar uma guerra
a anciã dorme assim
como se bastasse fingir-se de morta
o morto e a morte passam
pouco além do sonho


PLENA

Plena
sinto tua carne
tão dentro de mim,
que já não a sinto
sobre mim
totalmente.
Acaso estás todo tu
dentro de mim?
Ou estás
fora
e só te imaginei?

* A poeta Valeria Guzmán ofereceu estas traduções diretamente do russo em espanhol e foi a partir da versão espanhola que Pedro Fernandes traz os poemas em língua portuguesa.


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