segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Dois poemas de Eduard Mörike



É ELA

Novamente Primavera aos ventos
Dá a sua fita celeste;
Suaves e conhecidos alentos
Sabiamente roçam a terra agreste.
Já as sonolentas violetas
Logo querem voltar.
- Escuta, o som suave da harpa!
Primavera, sim, és tu!
Ouço-te chegar!


EM UMA CAMINHADA

Entrei numa amável cidadezinha,
Nas ruas o rubor da tarde resplandecia.
De uma janela aberta, então,
Por entre floreiras ricamente em flor
E botão, ouviam-se os sons de um dourado carrilhão,
E uma voz que parecia rouxinóis em coro,
Fazendo as flores tremerem,
Fazendo os ares reviverem,
Fazendo qual brasa brilharem as rosas em fogo.

Ali fiquei parado, extasiado de prazer.
E na verdade não consigo perceber
Como os portões da cidade eu transpus.
Ah, como aqui o mundo é pura luz!
O céu ondula em púrpuro torvelinho
E lá atrás desvanece a cidade em dourado fulgor;
Como murmura o riacho entre os alnos, como murmura ao fundo o moinho!
Estou ébrio, perdido em confusão - 
Ó Musa, tocaste o meu coração 
Com um sopro de amor!