segunda-feira, 20 de junho de 2016

Três poemas de Tomaž Šalamun


DEUS

Eu
exijo
amor
incondicional
e
liberdade
absoluta.
Por
isso
sou
terrível


EPITÁFIO

Quando chamei por Deus
comecei a desintegrar-me.
Aqui os respingos de sangue da ferida.
Aqui está cortado de tal maneira
que vejo através de TUDO.
O narciso é o mais puro
porque vai queimando todo de uma vez.
Meu nome escrito é um combate com as trevas.


CANSEI-ME

Cansei-me da imagem de minha tribo
e emigrei.
Com grandes pregos
pago os membros do novo corpo.
De trapos velhos serão as entranhas.
A pútrida camada da carniça
será a camada de minha solidão.
Extraio o olho do profundo do pântano.
Com os ferros carcomidos do nojo
levantarei minha barraca.
Meu mundo será um mundo de bordas afiadas
cruel e eterno

* Traduções de Pedro Fernandes