terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Dois poemas de Gerald Brenan



ANTES DA GUERRA

Ah, a grama do jardim crescerá muito,
lutará para chegar acima das flores,
pelo amor fixado no firmamento,
pelo desejo entre os dois compartilhado?

Ah, as flores levantarão a cabeça,
do gramado, cabeças murchas,
de sua cama fresca e musgosa,
se amarão no verdoso musgo gris?

E levantaria eu um olho nostálgico
para assim enobrecer minhas esperanças e meu coração
se fosse doce o dia que hoje passa,
se a alegria comparecesse para não partir?

Miserden, junho de 1913


A GUERRA

Deambulo por jardins abandonados,
e arranco as últimas flores de novembro.
Os escombros caídos sobre as rotas de acesso;
a madeira podre, ainda pintada de verde,
foi uma vez o canteiro de ramagens
que estiveram envoltas em madressilva.
Os caracóis saíram da caixa da fronteira.
O musgo é verde sobre as rochas.
As flores de pedra, todas mortas.
Vejo a cabeça seca de um girassol.
Oh, girar não mais com as horas!
Murcham todas tuas flores amarelas.

Hébuterne, novembro de 1915

* Traduções de Pedro Fernandes

Nenhum comentário:

Postar um comentário