segunda-feira, 24 de julho de 2017

Um poema de Brendan Kennelly



PROVA 

Queria que tudo fosse livre de mim, 
Nunca matar os dias com suposições, 
Nunca sentir que eles sofrem imposições 
De serem isto e não aquilo. 
É fácil, sim, Mutilar o momento, aleijá-lo 
Com expectativas, forçá-lo a definir-se 
A si mesmo. Além de tudo que sou, o sol 
Espalha seus raios como se por acaso. 

A raposa come o próprio pé na armadilha 
Para livrar-se. Enquanto manca pela relva, 
É a terra que parece sangrar. 
Quando chega, então, a luz do dia, 
Quem sabe da dor que a noite leva? 
De prova é que não vou precisar.

* Tradução de Marcelo Tápia