segunda-feira, 23 de julho de 2018

Um poema de Oliverio Girondo



O PURO NÃO
o não
o não inóvulo
o não innão
o não pósiodocosmos de impuros zeros que nãoam nãoam
o nãoãoam
o pluriano nãoão ao morbo amorfo innão
não dêmono
não deo
sem som sem sexo nem órbita
o hirto inósseo innão no uníssolo amódulo
sem poros já sem nódulo
nem eu nem cova nem fosso
o macro não nem polvo
o não mais nada tudo
o não mais nada tudo
o puro não
sem não


Oliverio Girondo nasceu em Buenos Aires, em 1891. Cresceu na capital argentina, mas fez parte dos estudos na Inglaterra e na França e, já estudante de Direito em Buenos Aires, viajou regularmente à Europa, onde travou contato com as vanguardas artísticas por intermédio de Jules Supervielle e Ramón Gómez de la Serna. Desses contatos e viagens nasceu o seu primeiro livro, 20 poemas para ler en el tranvia, publicado na França em 1922. De volta a Buenos Aires em 1924, participou da fundação da revista Martín Fierro (1924-1927), concebida como órgão das vanguardas em âmbito hispano-americano. Girondo publicou diversos livros, como Espantapájaros (1932), Persuasión de los días (1942) e En la masmédula (1954). Morreu em Buenos Aires em 1967.

* Tradução de Augusto de Campos