tag:blogger.com,1999:blog-51236931055108547292024-03-13T02:29:13.508-07:00Blog da Revista 7facesEste espaço publica notícias relacionadas ao caderno-revista 7faces e áreas afinsPedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comBlogger738125tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-80980351724680383682023-10-31T16:33:00.002-07:002023-11-03T06:20:15.431-07:00Três poemas de Ida Vitale<div style="text-align: left;"><b><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img alt="" data-original-height="960" data-original-width="1706" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg304oj0DjVeIsHNITW81GVmL29PZL5z56ecJXyaqRhtsxkBtbSL0IHpc03RKqc-Xby3Vej-uKnXzUzIv3xJWcc3vvKQc4lcnehiPNBlaw_iptm97YJrxd1k2YRFxx1Cd252u44UIUxJaUKYdY-xxKVlyK0LD_dqgN5_vCzW8XTLczjtTY6S1rQNgWH2g=w400-h225" width="400" /></div><br /><br /></b></div><div style="text-align: left;"><b><br /></b></div><div style="text-align: left;"><b>FORTUNA</b></div><div style="text-align: left;"><b><br /></b></div><div style="text-align: left;">Anos a fio usufruir do erro</div><div style="text-align: left;">e de sua emenda,</div><div style="text-align: left;">ter podido falar, caminhar livre,</div><div style="text-align: left;">não existir mutilada,</div><div style="text-align: left;">não entrar, ou sim, em igrejas,</div><div style="text-align: left;">ler, ouvir a música querida,</div><div style="text-align: left;">ser na noite um ser como no dia.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Não ser casada por negócio,</div><div style="text-align: left;">medida em cabras,</div><div style="text-align: left;">padecer o governo de parentes</div><div style="text-align: left;">ou legal lapidação.</div><div style="text-align: left;">Não desfilar nunca mais</div><div style="text-align: left;">e não admitir palavras</div><div style="text-align: left;">que ponham no sangue</div><div style="text-align: left;">limalhas de ferro.</div><div style="text-align: left;">Descobrir por ti mesma</div><div style="text-align: left;">outro ser não previsto</div><div style="text-align: left;">na ponte do olhar.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Ser humano e mulher, nem mais nem menos.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><b>A PALAVRA INFINITO</b></div><div style="text-align: left;"><b><br /></b></div><div style="text-align: left;">A palavra infinito é infinita,</div><div style="text-align: left;">a palavra mistério é misteriosa.</div><div style="text-align: left;">Ambas são infinitas, misteriosas.</div><div style="text-align: left;">Sílaba a sílaba tentas convocá-las</div><div style="text-align: left;">sem que uma luz proclame seu domínio,</div><div style="text-align: left;">uma sombra assinale a que distância delas</div><div style="text-align: left;">está a opacidade em que te moves.</div><div style="text-align: left;">Vão a algum ponto do clarão, se aninham,</div><div style="text-align: left;">assim que as abandonas livres no ar</div><div style="text-align: left;">esperando que uma asa inexplicável </div><div style="text-align: left;">te leve até seu voo.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">É mais que seu sabor o gosto desta vida?</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><b>O SILÊNCIO</b></div><div style="text-align: left;"><b><br /></b></div><div style="text-align: left;">Peço silêncio</div><div style="text-align: left;">e é pedir a fruta</div><div style="text-align: left;">na flor de verão,</div><div style="text-align: left;">um tanque com peixes</div><div style="text-align: left;">ao abrir-se a chuva.</div><div style="text-align: left;">É sinistro esperar?<br />Arderá uma granada<br />de inesperado amor<br />e sua paz crescerá,</div><div style="text-align: left;">não um pântano morto,</div><div style="text-align: left;">não dilúvio de gelo,</div><div style="text-align: left;">epitáfio caído,</div><div style="text-align: left;">mas um presente doce,</div><div style="text-align: left;">um beijo de boa noite,</div><div style="text-align: left;">resplendor de bom filho,</div><div style="text-align: left;">lâmpada carinhosa.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p><div style="text-align: center;">•</div></o:p></span><o:p> <br /><div style="text-align: justify;">Ida Vitale nasceu no dia 2 de novembro de 1923, em Montevidéu. É poeta, tradutora, ensaísta e crítica literária integrante da chamada Geração de 45 no seu país natal. Por causa da ditadura militar <span style="background: white;">exilou-se no México entre 1974 e 1984; ainda retornou ao Uruguai e em 1989 transferiu-se para os Estados Unidos, onde viveu até recentemente. Desde 2009, quando recebeu o Prêmio Octávio Paz, acumulou uma variedade de reconhecimentos, como Reina Sofía de Poesia Iberoamericana (2015) e o Prêmio Cervantes (2018). Entre os livros que publicou em poesia estão títulos como </span><i>La luz de esta memoria</i> (1949), <i>Palabra dada</i> (1953), <i>Cada uno en su noche </i>(1960), <i>Oidor andante</i> (1972), <i>Jardín de sílice</i> (1980), <i>Parvo reino</i> (1984), <i>Sueños de la constancia </i>(1988) e <i>Procura de lo imposible</i> (1998).</div></o:p><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none;"><o:p></o:p></span><span style="background: white; color: black;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="background: white; color: black;"><span style="font-size: x-small;">* Traduções de Heloisa Jahn. </span></span></div>Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-12651726307149586282023-10-07T04:00:00.008-07:002023-10-07T08:13:44.051-07:00Dois poemas de Jon Fosse<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5zgSPaUbPrMDOJL-l_Dil0pwPDatIfHFvI2PxKxtEPcbDaFZGLSMDGdi5UT7k2KM7An8-hy0_Vs11rwZQEj2tdODtD00qsSq24APiOU5vZ24W1dLrxzQwoK1CAwYUVi5wKL9UZJ4ny7AHyzmXfCAl2IlOB-0JqyUQVpInAlYOIXs84VXQmdIzUKsReQ/s2048/6f4c4ba9-61cd-4f21-9994-c72672f83f35.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1666" data-original-width="2048" height="325" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5zgSPaUbPrMDOJL-l_Dil0pwPDatIfHFvI2PxKxtEPcbDaFZGLSMDGdi5UT7k2KM7An8-hy0_Vs11rwZQEj2tdODtD00qsSq24APiOU5vZ24W1dLrxzQwoK1CAwYUVi5wKL9UZJ4ny7AHyzmXfCAl2IlOB-0JqyUQVpInAlYOIXs84VXQmdIzUKsReQ/w400-h325/6f4c4ba9-61cd-4f21-9994-c72672f83f35.jpg" width="400" /></a></div><br /><div style="text-align: center;"><br /></div><br /><b>ALGO SOBRE O ATOR</b><br /><br />no que se move<br />como a vida<br />sempre em órbita<br />tem calma<br />e peso<br />como a própria vida<br />é pesada Para alguns<br />a vida é muito leve<br />e ao mesmo tempo pesada<br />e estes escapam do que acontece<br />e ali ficam<br />trêmulos<br />tímidos<br />sem saber o que dizer<br />não têm nada a dizer<br />e portanto algo deve ser dito E seguem em frente<br />a passos leves e retos como o vento<br />em frente vão<br />e então param<br />com o peso de si mesmos<br />à luz alheia<br />enquanto a vergonha<br />esmaece<br />e se eleva como um anjo guardião<br /><br />Então as asas do anjo se abrem<br />sobre eles e os abraçam<br /><br />E tudo está dito<br /> <br /><br /><b>TEM UMA PESSOA AQUI</b><br /><br />Tem uma pessoa aqui<br />que então se vai<br />num vento<br />que some<br />se entranha<br />e esbarra nos movimentos da rocha<br />e se torna sentido<br />numa sempre nova unidade<br />daquilo que é<br />e daquilo que não é<br />numa quietude<br />em que o vento<br />vira vento<br />em que o sentido<br />vira sentido<br />em movimentos perdidos<br />de tudo que já foi<br />e ao mesmo tempo vem<br />de uma origem<br />em que o som carregava o sentido<br />antes de a palavra se dividir<br />e desde então jamais nos deixar<br />Mas ela está<br />em todo o passado e em todo o futuro<br />e está<br />em algo<br />que não existe<br />no limite extremo<br />entre aquilo que foi<br />e aquilo que virá a ser<br />É infinita e sem distância<br />no mesmo movimento<br />Clareia<br />e desaparece<br />e permanece<br />ao desaparecer<br />E reluz<br />em seu escuro<br />enquanto fala<br />do seu silêncio<br />Em lugar algum<br />Em toda parte<br />Está próximo<br />Está longe<br />e corpo e alma se encontram<br />num só<br />que é pequeno<br />e tão grande<br />como tudo que é<br />tão pequeno quanto nada<br />e onde está toda a sabedoria<br />e coisa alguma sabe<br />no seu mais íntimo<br />onde nada é separado<br />e ao mesmo tempo é ela mesma e todo o resto<br />no dividir<br />que não é dividido<br />no fronteiriço infinito Assim a deixo ir<br />numa presença óbvia<br />num movimento disperso<br />vagueando pelo dia<br />onde árvore é árvore<br />onde pedra é pedra<br />onde vento é vento<br />e onde palavras são uma unidade insondável<br />de tudo que já foi<br />de tudo que some<br />e assim permanece<br />como palavras de alento<div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /></div><div style="text-align: center;">•</div><div><div style="text-align: justify;">Jon Fosse nasceu em Haugesund, Noruega, em 1959. Destacado dramaturgo, ele estreou na literatura como romancista, mas tem publicado conto, novela, poesia e ensaio, reunidos em mais de seis dezenas de livros que recebeu uma variedade de prêmios, incluindo o Prêmio Nobel de Literatura em 2023.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;">* Traduções de Leonardo Pinto Silva oferecidas aos leitores pela editora Fósforo.</span></div><br /></div><br />Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-22078983898992310642023-08-22T05:34:00.001-07:002023-09-24T06:10:55.712-07:00Álvaro Mutis<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="428" data-original-width="640" height="268" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlZlvXv3-MsZZ8HW_kc1yM9os9jN64FnoaTNNP2HQ0rOSA6ICRFJJi2v5bGNdztriF7wQkWSaRHE8H78CR9afBDhIzSo18zsbwbip4Y2V1xvQ4kTbXkWcwUoNeD-4pKuXXt_WIJrBAZmq6e-KBI89826rT_IrGD5-wptGmKmsIUCBeEpEnYwCho1-OPA/w400-h268/5fa7f8a268139.r_1632503522650.0-897-1951-1873.jpeg" width="400" /></div><br /><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><b>A MORTE</b></div><div style="text-align: left;"><br />Não inventemos suas águas. Nem intentemos inabilmente adivinhar seus veios deliciosos, seus escondidos remansos. Não adianta intimidades com ela. Devolvâmo-la à sua antiga e verdadeira presença. Venerêmo-la com as preces de outrora e tornarão a conhecer-se suas intrincadas rotas, voltará a encantar-nos sua espessa maranha de cidades cegas onde o silêncio derrama sua líquida essência. As grandes aves regressarão a presidir sobre nossas cabeças e suas sombras fugazes apagarão suavemente nossos olhos. Desnudo o rosto, cingida a pele aos ossos fundamentais que sustentaram as feições, a confiança na morte volverá para alegrar nossos dias.<br /><br /><br /><b>AS VIAGENS</b></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">É preciso lançar-nos à descoberta de novas cidades. Generosas raças nos esperam. Os pigmeus meticulosos. Os sebentos e imberbes índios da selva, assexuados e lisos como as serpentes dos pântanos. Os habitantes das mais altas mesetas do mundo, assombrados ante o tremor das neves. Os frágeis habitantes das geladas extensões. Os condutores de rebanhos. Os que há séculos vivem na metade do mar e que ninguém conhece porque viajam sempre em direção contrária à nossa. Deles depende a última gota de esplendor. </div><div style="text-align: left;">Ainda estão por descobrir importantes regiões da terra: os grandes tubos por onde respira o oceano, as praias onde morrem os rios que não têm destino, os bosques onde nasce a madeira de que é feita a garganta dos grilos, o lugar onde vão morrer as borboletas escuras, de grandes asas lanudas, com o acre matiz da erva seca do pecado.</div><div style="text-align: left;">Buscar e inventar de novo. Ainda é tempo. Bem pouco, é verdade, mas é preciso aproveitá-lo.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><b>O DESEJO</b></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Temos que inventar uma nova solidão para o desejo. Uma enorme solidão de estreitas margens onde se espalhe à vontade o rouco estrépito do desejo. Abramos, novamente, todas as veias do prazer. Que jorrem seus altos esguichos não importa aonde. Nada foi feito ainda. Mal tínhamos começado a andar quando alguém parou para arranjar-se as vestes e todos paramos juntos. Sigamos a marcha. Há leitos secos por onde ainda podem viajar águas magníficas.</div><div style="text-align: left;">Recordai os animais de que falávamos. Podem ajudar-nos antes que seja tarde e volte a charanga a enturvar o céu com sua música estridente. <br /><br /><br /><b>CADA POEMA</b></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Cada poema um pássaro que foge</div><div style="text-align: left;">da região marcada pela praga.</div><div style="text-align: left;">Cada poema uma roupagem de morte</div><div style="text-align: left;">pelas ruas e praças inundadas</div><div style="text-align: left;">na cera mortuária dos vencidos.<br />Cada poema um passo para a morte,</div><div style="text-align: left;">uma falsa moeda de resgate,</div><div style="text-align: left;">tiro certeiro no meio da noite</div><div style="text-align: left;">perfurando as pontes sobre o rio</div><div style="text-align: left;">cujas águas dormidas perambulam</div><div style="text-align: left;">dos velhos bairros para as cercanias</div><div style="text-align: left;">onde o dia prepara suas fogueiras.</div><div style="text-align: left;">Cada poema um rígido contato</div><div style="text-align: left;">do que repousa na pedra dos morgues,</div><div style="text-align: left;">ávido anzol que sôfrego percorre</div><div style="text-align: left;">o liso limo das frias sepulturas.</div><div style="text-align: left;">Cada poema um náufrago desejo,</div><div style="text-align: left;">ranger de mastros, estalar de enxárcias</div><div style="text-align: left;">no rude andaime que sustenta a vida.</div><div style="text-align: left;">Cada poema um o estrondo do derrame,</div><div style="text-align: left;">sobre o gelado ronco do oceano,</div><div style="text-align: left;">da branca estrutura do velame.</div><div style="text-align: left;">Cada poema invadindo e esgarçando</div><div style="text-align: left;">a triste teia de aranha do tédio.</div><div style="text-align: left;">Cada poema, de um cego sentinela,</div><div style="text-align: left;">o santo e senha de sua desventura</div><div style="text-align: left;">num grito à noite escura e sem resposta.</div><div style="text-align: left;">Água de sonho, nascente de cinza,</div><div style="text-align: left;">pedra porosa de entre matadouros,</div><div style="text-align: left;">tronco encoberto pelas sempre-vivas,</div><div style="text-align: left;">metal que dobra pelos condenados,</div><div style="text-align: left;">óleo de extrema-unção de duplo gume, </div><div style="text-align: left;">sudário cotidiano do poeta,</div><div style="text-align: left;">cada poema esparge sobre o mundo</div><div style="text-align: left;">a amarga semente da agonia.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><o:p><div style="text-align: center;">•</div></o:p><div style="text-align: justify;">Álvaro Mutis nasceu em Bogotá em 1923. Apenas dois anos depois, a família mudou-se para Bruxelas, onde fez toda suas primeiras letras, educando-se em francês. O retorno para a Colômbia acontece em 1939 e em 1942 começa a trabalhar no rádio, passando para o periódico <i>Vida</i> como chefe de redação. Sua estreia na literatura é com <i>La balanza</i>, livro publicado com Carlos Patiño, em 1948. Quatro anos a seguir, sai <i>Los elementos del desastre</i>, ocasião quando já atuava na publicidade, mais tarde nas relações públicas, funções que o levaram a ir viver no México. Antes da prisão de um ano e meio, ainda publicou <i>Reseña de los hospitales de ultramar</i> e na saída do cárcere havia escrito <i>Cuatro relatos</i>, <i>Los trabajos perdidos</i> e <i>Diario de Lecumberri</i>. A vida dedicada à poesia só o alcançaria depois de viajar a América Latina como funcionário de distribuidoras estadunidenses para a venda séries televisivas. Alguns dos vários reconhecimentos recebidos por sua obra foram os prêmios Príncipe de Astúrias e Rainha Sofía de Poesia. Álvaro Mutis morreu na Cidade do México em 2013.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;">* Traduções de Geraldo Holanda Cavalcanti </span></div></div>Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-87526576484461789462022-11-28T11:05:00.002-08:002022-12-04T13:29:29.757-08:00Três poemas de Hans Magnus Enzensberger<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="472" data-original-width="472" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBfeJIr3n43yUIygUTaTtopeYpjdEIh0gTnaluR26ko4wto_up7fyicYvNsWuQD_qEy66_Ms06j281Ix6kWkdKUfpihN5zH_aKd6ZCtUhEphfPgI4bfEesmoWyZ2_rL4l1kTPUe-_IAWfwP0XOsymiKYb9vCcdznBtefLV9ggIZdNp5471nbUOvko/w400-h400/316414911_565713982225424_3068386921496108903_n.jpg" width="400" /></div><br /><b><br /></b></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b><br /></b></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b>CONVIDADOS<br /></b><o:p> <br /></o:p>Os que vêm sempre atrasados<br />Os que no último minuto dizem que
não dá para vir<br />Os que passam só um instante a
espreitar<br />Os que foram convidados em retribuição<br />Os que se arreliam por não terem
sido convidados<br />Os que não foram convidados, mas lá
estão à porta<br />Os que trazem a lista completa da
dieta<br />Os que vêm com as plantas de sala,
os bebés e<br /> o São Bernardo<br />Os vizinhos que não conseguem
dormir com a música<br />Os que contam todo o tempo
anedotas de judeus<br />Os que bebem só água mineral<br />Os que vêm já com os olhos a
fechar-se<br />Os que não param de se fotografar
uns aos outros<br />Os que fumam só na varanda<br />Os que sabem sempre tudo o que há e
entre quem e quem<br />Os que dizem enfaticamente mas que
isto fique entre nós<br />Os que beberam já whiskey a mais<br />Os que ainda têm de dar um pulinho
a outra<br />Os que ficam até depois de já
todos terem saído<br />Os que são bem-vindos mesmo sem
antes terem telefonado<br />Os que é pena não estarem, porque
estão debaixo da terra<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>PECADOS DE INCUMPRIMENTO<br /></b><b> <br /></b>Sim é verdade, faltei sem motivo.<br />Na mais premente das aflições<br />não acorri logo.<br />Noites de amor extraviadas,<br />no jogo do entra e sai com a bola
uma desgraça,<br />e nunca aprendi a nadar como deve
ser.<br /><o:p> <br /></o:p>Sim é verdade, esquivei-me sempre<br />a lutar até ao último cartucho.<br />Não dei um beijo<br />na mão fraterna do vagabundo,<br />e descurei a rega<br />das begónias dos vizinhos.<br /><o:p> <br /></o:p>Caída no esquecimento a confissão,<br />intimidado à ideia<br />de melhorar o mundo,<br />nem uma vez subi e desci quando
devia,<br />e não tomei as pastilhas<br />três vezes por dia.<br /><o:p> <br /></o:p>Sim é verdade, abandonei<br />a ideia de matar gente. Sim,<br /> não telefonei.<br />Para já, prescindi<br />até de morrer.<br />Se puderem, desculpem.<br /><o:p> <br /></o:p>Ou deixem lá.<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>DESTINATÁRIO DESCONHECIDO —<br /></b><b>RETOUR À L’EXPÉDITEUR<br /></b><b> <br /></b>Muito obrigado pelas nuvens.<br />Muito obrigado pelo cravo bem
temperado<br />e, por que não, pelas botas de
Inferno forradas.<br />Muito obrigado pelo meu cérebro singular<br />e pelos outros órgãos todos que não
estão à vista,<br />pelo ar, e naturalmente pelo vinho
de Bordéus.<br />Muito agradecido por não se me
acabar o isqueiro,<br />e os agudos anseios, e a piedade,
a incessante piedade.<br />Muito obrigado pelas quatro
estações,<br />pelo algarismo <i>e </i>e pela
cafeína,<br />e claro pelos morangos no prato<br />pintado por Chardin, e também pelo
sono,<br />pelo sono muito especialmente,<br />e, não vá eu esquecer-me,<br />igualmente pelo início e pelo fim<br />e pelos minutos de permeio,<br />um obrigado muito encarecido,<br />e por que não também pelas toupeiras
lá fora no jardim.<br /><o:p> <br /><div style="text-align: center;">•</div></o:p><div style="text-align: justify;">Hans Magnus Enzensberger nasceu na
Baviera a 11 de novembro de 1929. Estudou Literatura e Filosofia em várias
universidades europeias, incluindo Hamburgo e Sorbonne. Entre 1965 e 1975 foi
parte no Grupo 47, período quando criou e dirigiu a revista <i>Kursbuch</i> e a
série literária <i>Die andere Bibliothek</i>. Autor de extensa obra, escreveu
ensaio, romance, novela, crônica e poesia, gênero no qual estreou em 1957 com <i>Defendendo
os lobos</i>. Em 2002 foi premiado com o Príncipe das Astúrias. Morreu no dia
24 de novembro de 2022 em Munique.</div></div><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
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<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-50923746350111309742022-05-17T19:33:00.015-07:002022-05-21T19:40:31.835-07:00Três poemas de Miyó Vestrini<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><div style="text-align: justify;"> <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhz6bXKCKbgnxkCs51vjzaQDOUTQ2ed9Go6KNPugMnFtfUApcnuHN64Bxi36d3ZHKttnVUZyJJcoH_iec7vQFfxjjGqGcJgLxo-bynpWwogGvUvdsrtXMJTpzCDV0A02dnp2cRIZZ4GrL2kfq4ANRih8zFUQcWAuWEemi1paHyqC_s_SyaTlmFO9T4/s768/Db0SWoDWAAE9tZf.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="521" data-original-width="768" height="271" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhz6bXKCKbgnxkCs51vjzaQDOUTQ2ed9Go6KNPugMnFtfUApcnuHN64Bxi36d3ZHKttnVUZyJJcoH_iec7vQFfxjjGqGcJgLxo-bynpWwogGvUvdsrtXMJTpzCDV0A02dnp2cRIZZ4GrL2kfq4ANRih8zFUQcWAuWEemi1paHyqC_s_SyaTlmFO9T4/w400-h271/Db0SWoDWAAE9tZf.jpg" width="400" /></a></div><br /></div><b><div style="text-align: justify;"><b><br /></b></div><div style="text-align: justify;"><b>COISA POUCA NA VERDADE</b></div></b><o:p><div style="text-align: justify;"> </div></o:p><div style="text-align: justify;">Não é muito o que tenho para te
dizer:</div><span style="mso-tab-count: 3;"><div style="text-align: justify;"> quando falo dele, estremeço.</div></span><span style="mso-tab-count: 3;"><div style="text-align: justify;"> Coisa pouca,</div></span><o:p><div style="text-align: justify;"> </div></o:p><span style="mso-tab-count: 4;"><div style="text-align: justify;"> na verdade.</div></span><o:p><div style="text-align: justify;"> </div></o:p><o:p><div style="text-align: justify;"> </div></o:p><b><div style="text-align: justify;"><b>A DOR </b></div></b><o:p><div style="text-align: justify;"> </div></o:p><div style="text-align: justify;">Dobrei as suas camisas com todo o
cuidado</div><div style="text-align: justify;">e esvaziei a gaveta da mesinha de
cabeceira.</div><div style="text-align: justify;">Dada a dimensão da minha dor,</div><div style="text-align: justify;">li Marguerite Duras,</div><div style="text-align: justify;">que avessa e doce</div><div style="text-align: justify;">tecia um xaile para o seu amado.</div><div style="text-align: justify;">Ao quinto dia,</div><div style="text-align: justify;">Abri as cortinas.</div><div style="text-align: justify;">A luz caiu sobre a coberta manchada
de gordura,</div><div style="text-align: justify;">o chão cheio de restos,</div><div style="text-align: justify;">a moldura escamada da porta.</div><div style="text-align: justify;">Tanta dor,</div><div style="text-align: justify;">por coisas tão feias.</div><div style="text-align: justify;">Olhei uma vez mais a sua cara de
fuinha</div><div style="text-align: justify;">e atirei tudo pela conduta do lixo
abaixo.</div><div style="text-align: justify;">A vizinha,</div><div style="text-align: justify;">alarmada com tal volume de lixo,</div><div style="text-align: justify;">quis saber se estava tudo bem
comigo.</div><div style="text-align: justify;">Dói, disse-lhe eu.</div><div style="text-align: justify;">Na minha caixa de correio, um
bilhete anónimo:</div><div style="text-align: justify;">“quem tem um amor</div><div style="text-align: justify;">que dele cuide</div><div style="text-align: justify;">que dele cuide</div><div style="text-align: justify;">e não suje a conduta do lixo da
comunidade.”</div><o:p><div style="text-align: justify;"> </div></o:p><o:p><div style="text-align: justify;"> </div></o:p><b><div style="text-align: justify;"><b>A HORA DOS PROSTITUTOS E CÃES
NÉSCIOS</b></div></b><o:p><div style="text-align: justify;"> </div></o:p><div style="text-align: justify;">A esta hora</div><div style="text-align: justify;">não se sabe o que fazer</div><o:p><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"> e é sempre a esta hora, a hora dos
prostitutos e cães</div></o:p><div style="text-align: justify;"> néscios que eu relembro. Todos os
dias, este tempo</div><div style="text-align: justify;"> perdido, sabes, a cara entre as mãos,
as pernas enco-</div><div style="text-align: justify;"> lhidas, a viva imagem da dor na tarde
lerda. Imóvel</div><div style="text-align: justify;"> entre escombros, imune aos desastres,
não podia ser</div><div style="text-align: justify;"> de outra forma.</div><o:p><div style="text-align: justify;"> </div></o:p><div style="text-align: justify;">E é esta mesma hora</div><span style="mso-tab-count: 2;"><div style="text-align: justify;"> a
de hoje</div></span><span style="mso-tab-count: 3;"><div style="text-align: justify;"> a
que virá todos os dias</div></span><div style="text-align: justify;">que me fode.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><o:p><div style="text-align: justify;"> </div></o:p><div style="text-align: center;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; text-align: left;">•</span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Miyó Vestrini (Marie-José Fauvelle
Ripert) nasceu em Nimes, França a 27 de abril de 1938. Veio com a família ainda
criança morar nos Andes venezuelanos, onde passou o resto da sua infância. Ainda
jovem passou a se dedicar ao jornalismo cultural e integrou vários grupos de
escritores; trabalhou para a imprensa venezuelana na Itália, conduziu programas
de rádio, dirigiu cadernos de cultura em jornais como <i>El Nacional</i> e
escreveu prosa e poesia, gênero este no qual se destaca como importante nome da
literatura de vanguarda em língua espanhola. Miyó suicidou-se a 29 de novembro
de 1991, em Caracas. Deixou livros como <i>Las historias de Giovanna</i>
(1971), <i>El inverno próximo</i> (1975), <i>Pocas virtudes</i> (1986), <i>Valiente
ciudadano</i> (1994) e <i>Es una buena máquina</i> (2014). </div><o:p><div style="text-align: justify;"> </div></o:p><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;">* Traduções de Miguel Cardoso.</span></div></div><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
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<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-87547164188950435662022-04-26T04:36:00.004-07:002022-05-22T04:40:56.076-07:00Dois poemas de Margaret Atwood<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="1057" data-original-width="1445" height="293" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5kwOxceUC55BQpqM3j4LYSS1R0nFtlhkHStsjaSqazphVN11QGaE9JcEKS_BeoDRTZWAzDwaqI6t1tbB6z2vB3Ls16IoxU0N96QjnHT2ZbyeOz0XYHNQbTM8pXJYJVAJXkF74CyWE4XWOnYeadviQNf0cY776uuMVuFd2jhDXD5PLMOkztjiEsIQ/w400-h293/2014_43_margaret_atwood22.webp" width="400" /></div><br /> <p></p><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;">Primavera outra vez, como irei
suportar<br />as agulhas que ela lança contra<br />a terra, contra a minha cabeça,<br />habituadas que estamos ambas à
escuridão<br /><o:p> <br /></o:p>A neve no solo escuro e<br />a lagarta esmagada<br />a relva feita líquido colorido<br /><o:p> <br /></o:p>O inverno desmorona-se<br />em pregas frouxas em torno<br />dos meus pés / folhas ainda
ausentes / flácidas<br /><o:p> <br /></o:p>Carnudos lilases em botão ameaçam<br />abrir mas eu<br />contenho-me<br /><o:p> <br /></o:p>Não estou pronta / ajuda-me<br />o que quero de ti é<br />luar macio de<br />vento, longos cabelos de água<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p>*<br />Porque tu não estás nunca aqui<br />mas sempre ali, esqueço-me<br />não de ti mas da tua aparência<br /><o:p> <br /></o:p>Vagueias rua abaixo<br />à chuva, o teu rosto<br />dissolve-se, muda de forma, as
suas cores<br />escorrem e misturam-se<br /><o:p> <br /></o:p>As minhas paredes absorvem-<br />-te, respiram-te de<br />novo, tudo reiniciais-<br />-te, não te reconheço<br /><o:p> <br /></o:p>Ficas deitado na cama<br />a olhar-me a olhar-<br />-te, nunca nos haveremos de
conhecer<br />tão bem um ao outro<br /><o:p> <br /></o:p>como agora<br /><o:p> <br /><div style="text-align: center;">•</div></o:p><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><div style="text-align: justify;">Margaret Atwood nasceu a 18 de
novembro de 1939, em Ottawa, Canadá. Reconhecida com romances de natureza
distópica, como <i>O conto da aia</i>, sua <i>Magnum opus</i>, é também autora
de ensaios, contos e poemas. Deste gênero, publicou mais de uma dezena de
livros, entre eles <i>A porta</i>, publicado no Brasil em 2013 com tradução de
Adriana Lisboa. Os dois poemas apresentados aqui são de outro livro da autora
traduzido em Portugal, <i>Políticas de poder</i>.</div></span><o:p> <br /></o:p><span style="font-size: x-small;">* Traduções de Ana Luísa Amaral. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> <br /></span></span><o:p> </o:p></div><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
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Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-53738331583788501732022-03-01T11:28:00.001-08:002022-03-04T11:30:44.391-08:00Três poemas de Pier Paolo Pasolini<p style="text-align: left;"></p><div style="margin-bottom: 0cm;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhdz1stQX5HYiVbmyKDBSsIfj4BBuq4BxigcNBdCqesLN2WdIVriHBppWwrvjhFCKJBRIxACopFxali5Y0TdJhrEQ3_f_dwGfFAK2vI4MABpT4OLafLoc4TCLDJMP_ACBK3O9FtCu2v1N_HQv0q_FtppGnqGtNbN0gKiCsYHgZt6cC0fnJahb3SiXQ=s1800" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1020" data-original-width="1800" height="226" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhdz1stQX5HYiVbmyKDBSsIfj4BBuq4BxigcNBdCqesLN2WdIVriHBppWwrvjhFCKJBRIxACopFxali5Y0TdJhrEQ3_f_dwGfFAK2vI4MABpT4OLafLoc4TCLDJMP_ACBK3O9FtCu2v1N_HQv0q_FtppGnqGtNbN0gKiCsYHgZt6cC0fnJahb3SiXQ=w400-h226" width="400" /></a></div><br /><b><br /></b></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><b><br /></b></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><b>LITANIAS DO JOVEM BONITO<br /></b><o:p> <br /></o:p>I<br />A cigarra chama o inverno<br />— quando a cigarra canta<br />tudo no mundo clareia e para.<br /><o:p> <br /></o:p>Lá o céu é só sereno<br />— se vens aqui o que encontras?<br />Chuva, nuvens, choro do inferno.<br /><o:p> <br /></o:p>II<br />Eu sou o belo jovem<br />que chora todo o dia,<br />te peço, meu Jesus,<br />não me deixes morrer.<br /><o:p> <br /></o:p>Jesus, Jesus, Jesus.<br /><o:p> <br /></o:p>Eu sou o belo jovem<br />que sorri todo o dia,<br />te peço, meu Jesus,<br />ah, me deixes morrer.<br /><o:p> <br /></o:p>Jesus, Jesus, Jesus.<br /><o:p> <br /></o:p>III<br />Hoje é domingo,<br />amanhã se vai morrer,<br /> hoje me visto<br />de seda e de amor.<br /><o:p> <br /></o:p>Hoje é domingo,<br />nos campos crianças<br />de frescos pés saltam<br />leves nos sapatos.<br /><o:p> <br /></o:p>Cantando ao espelho,<br />cantando me penteio.<br />Ri em meu olho<br />o Diabo pecador.<br /><o:p> <br /></o:p>Tocai, sinos meus,<br />levai-o para trás!<br />“Tocamos, mas tu, o que vês<br />cantando pelos campos?”<br /><o:p> <br /></o:p>Vejo os sóis<br />de mortas estacoes,<br />vejo a chuva,<br />as folhas, os grilos.<br /><o:p> <br /></o:p>Vejo meu corpo<br />de quando fui menino,<br />os tristes domingos,<br />a vida perdida.<br /><o:p> <br /></o:p>“Hoje te vestem<br />a seda e o amor,<br />hoje é domingo<br />amanhã, a morte.”<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>COMUNICADO À ANSA (RECIFE)<br /></b><o:p> <br /></o:p>Como é notícia de jornal, começa<br />com um pouso de emergência no
Recife.<br />Aqui chove; no aeroporto em construção,
passando<br />em frente a um grupo de operários que
trabalham, olhos<br />se erguem para os passageiros<br />É assim que o Brasil me saúda<br />E retribuo a saudação com meu coração
burguês<br />que já sabe o que vai receber por
aquilo que dá.<br />Nestes bancos desolados se espera
um novo voo, de emergência,<br />Não há nada de novo: eu sei de que
fala<br />O corpo lavado e a melancolia<br />Minha companheira com sua
ansiedade, no ar tépido da chuva,<br />e sua sede de graça: cegada para
sempre —<br />este peso que nós burgueses trazemos
no peito<br />por tudo o que não sabemos e a
necessidade de elogios,<br />de modo que a vida nos cobre como
uma veste úmida e suja,<br />e os raros momentos de felicidade
logo se tornam lembranças<br />de que nos vangloriamos; e o peso
aumenta<br />as feridas de um insucesso nos
obrigam a calmas consoladoras,<br />a cômicos dar de ombros<br />a hilaridades esnobes,<br />ali sentados naqueles bancos
desolados do Recife<br /><o:p> <br /></o:p><b><o:p> <br /></o:p></b><b>VERSOS FINOS COMO TRAÇOS DE
CHUVA<br /></b><o:p> <br /></o:p>É preciso condenar<br />severamente quem<br />crê nos bons sentimentos<br />e na inocência.<br /><o:p> <br /></o:p>É preciso condenar<br />com igual severidade quem<br />ama o subproletariado<br />sem consciência de classe.<br /><o:p> <br /></o:p>É preciso condenar<br />com a máxima severidade<br />quem ouvi em si e expressa<br />sentimentos obscuros e escandalosos.<br /><o:p> <br /></o:p>Estas palavras de condenação<br />começaram a ressoar<br />no coração dos Anos Cinquenta<br />e continuam até hoje.<br /><o:p> <br /></o:p>Entretanto a inocência,<br />que efetivamente havia,<br />começou a perder-se<br />em abjuras, corrupções e neuroses.<br /><o:p> <br /></o:p>Entretanto o subproletariado,<br />que efetivamente existia,<br />terminou se transformando<br />em reserva da pequena burguesia.<br /><o:p> <br /></o:p>Entretanto os sentimos<br />que eram por natureza obscuros<br />foram todos investidos<br />no lamento das ocasiões perdidas.<br /><o:p> <br /></o:p>Naturalmente, quem condenava<br />não se deu conta de tudo isso:<br />e continua rindo da inocência,<br />negligenciando o subproletariado<br /><o:p> <br /></o:p>e declarando sentimentos reacionários.<br />Continua indo da casa<br />pro escritório, do escritório pra
casa,<br />ou ensinando literatura:<br /><o:p> <br /></o:p>está feliz com o pregressismo<br />que lhe faz parecer sagrado<br />o dever de ensinar aos domésticos<br />o alfabeto das escolas burguesas.<br /><o:p> <br /></o:p>Está feliz com o laicismo<br />que considera é mais que natural<br />que os pobres tenham casa,<br />casa e tudo o mais.<br /><o:p> <br /></o:p>Está feliz com a racionalidade<br />que o faz praticar um antifascismo<br />gratificante, elevado<br />e sobretudo muito popular.<br /><o:p> <br /></o:p>Que tudo isto seja banal<br />nem lhe passa de longe pela mente:<br />com efeito, que seja assim ou
assado<br />não lhe dá nenhum proveito.<br /><o:p> <br /></o:p>Aqui fala um Sócrates mísero e
impotente<br />que sabe pensar e não filosofar,<br />mas que no entanto se orgulha<br />não só de ser conhecedor<br /><o:p> <br /></o:p>(o mais exposto e esquecido)<br />das mudanças históricas, mas também<br />
de nelas estar direta e<br />desesperadamente implicado.<br /><o:p> <br /><div style="text-align: center;">•</div></o:p><div style="text-align: justify;">Pier Paolo Pasolini nasceu a 5 de
março de 1922 em Bolonha. Sua estreia na literatura acontece com a poesia,
gênero que cultivará ao longo de sua carreira, marcada ainda pelo trabalho na
prosa (ensaio, novela, romance), no teatro e nas artes plásticas, sobretudo no
cinema. Foi brutalmente assassinado na madrugada do dia 1º para 2 de novembro
em 1975, em Roma. </div></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: x-small;">* Traduções de Maurício Santana Dias<br /></span><o:p> </o:p><br /></div><p></p>Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-19911238614576230532022-02-22T13:48:00.006-08:002022-03-03T14:03:21.425-08:00Quatro poemas de Julieta Barbara<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjYS1-FpCZu9CDLyRFhkR8zfLgGcziWLWZu7uO_7LQstv1M1DVrqfq5hUT7r1AcLE0Yn-vmCMNXhYZdMMv9ZOXszKqxnkwJ73ToNgNxbtdYlsUOu9JL6s7WJ2MLtVzINUE07vxwN4KwXndx3bkSUphFbX3RGT2JG3mdD7qP3q30Ql9Hem9WZb25i7U=s972" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="713" data-original-width="972" height="294" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjYS1-FpCZu9CDLyRFhkR8zfLgGcziWLWZu7uO_7LQstv1M1DVrqfq5hUT7r1AcLE0Yn-vmCMNXhYZdMMv9ZOXszKqxnkwJ73ToNgNxbtdYlsUOu9JL6s7WJ2MLtVzINUE07vxwN4KwXndx3bkSUphFbX3RGT2JG3mdD7qP3q30Ql9Hem9WZb25i7U=w400-h294" width="400" /></a></div><br /> <br /><b><br /></b></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b>DIA GARIMPO<br /></b><b><o:p> <br /></o:p></b>Vestido limpo<br />Na água sabão<br />O azul caipira<br />Do céu burleta<br />Lavando o sol<br />Gosto de Alzira<br />De borboleta<br />Cheiro a amplidão<br />Pastava o gado<br />De girassol<br />Livre da canga<br />No capinzal<br />Papel colado<br />Flores de manga<br />Nuvens de sal<br />Suor bombacho<br />Trincando o céu<br />Alaga e alonga<br />A terra em cacho<br />Supina em baixo<br />Do meu chapéu<br />Gosto de Alzira<br />Sono araponga<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>VARIAÇÃO SOBRE O “PAI DO MATO”<br /></b><o:p> <br /></o:p>No intervalo<br />
Fomos festejar o bailarino<br />
Que estava suando<br />
Sem emoção<br />
Disse que não estava nos seus bons dias<br />
E queixou-se da casa vazia<br />
Ah! — a casa estava vazia<br /><o:p> <br /></o:p>Que diferença de atitude<br />
Quando o teatro estava cheio<br />
No intervalo<br />
Fomos festejar o bailarino<br />
Ele ficou emocionado<br />
Disse que tinha a alma carregada de ritmos<br />
Ah! sua alma estava carregada de ritmos<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>ADOLESCENTE</b></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b><br /></b>Um arrepio mal sentido no peito<br />
Entre a garganta e o coração<br />
Uma espécie de frio<br />
Que devia descer pelas veias dos ombros<br />
Enquanto o bafo de sua boca<br />
Como um murmúrio<br />
Palpasse minha cintura contraída<br />
Que eu devia sentir<br />
No enfraquecimento das pernas<br />
Aconchegado no meu sexo indefeso<br />
Nos bicos dos seios prometidos<br />
Um arrepio mal sentido<br />
Entre a garganta e o coração<br />
Uma espécie de frio<br />
Que devia passar como uma vibração<br />
Do meu corpo para o espaço<br />
E acender lantejoulas<br />
E engolir a amplidão<br />
Um arrepio mal sentido no peito<br />
Entre a garganta e o coração<br />
Uma espécie de frio<br />
Que não teve arremessos<br />
Minha cabeça é o prato de uma balança cheia de pesos<br />
Em minhas mãos se debate<br />
A certeza dos meus órgãos funcionando<br />
Dos meus nervos funcionando<br />
Um arrepio mal sentido<br />
Entre a garganta e o coração<br />
Uma espécie de frio<br />
Sem ruído<br />
Monoplano<br />
Que atingiria o leito macio<br />
Das montanhas brancas<br />
Amontoadas nas nuvens<br />
Um arrepio mal sentido<br />
Entre a garganta e o coração<br />
Uma espécie de frio<br />
Que teve que morrer<br />
Como morrem os fuzilados<br />
Sabendo que vão morrer<br />
Sentindo a prisão da parede por trás<br />
O ódio pela frente<br />
A cabeça como o prato de uma balança cheia de pesos<br />
Como morrem os fuzilados<br />
Sabendo que vão morrer<br />
Um arrepio mal sentido<br />
No peito<br />
Entre a garganta e o coração<br />
Uma espécie de frio<br />
Gestando uma vida<br />
Que se desdobraria em ondas de outras vidas<br />
Se tornaria o mar<br />
Engoliria todos os peixes<br />
De lantejoulas<br />
Minha cabeça é o prato de uma balança cheia de pesos<br />
Entre a garganta e o coração<br />
Um arrepio mal sentido<br />
Uma espécie de frio<br />
Eu quero a espada de fogo<br />
Cavaleiro São Jorge<br />
Eu quero a liberação<br />
Salomé<br />
Corta minha cabeça rente dos ombros<br />
Meu corpo desarvorado<br />
Alcançará o mar<br />
Engolirá todos os peixes<br />
De lantejoulas<br />
Engolirá o espaço<br />
Engolirá as estrelas<br />
O céu de Cristo<br />
Pregado numa cruz<br />
E as lágrimas dos homens<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>A MORTE DO POETA<br /></b><b><o:p> <br /></o:p></b>Duas coroas pisadas<br />Boiaram nas olheiras do caixão<br />Na sua carne lívida<br />O sol machucava<br /><o:p> <br /></o:p>Cortando o choro literário das
mulheres<br />Que o cadáver só conhecia de vista<br />Os oradores cuspiram a
encomendação necrológica<br />No ventre da cova<br />Uma papoula desprendeu-se no meio
dos vermes<br />“Foi poeta sonhou e amou na vida”<br /><o:p> <br /></o:p>Para os olhos insensíveis<br />Das ilustrações<br />Os contornos mancharam desenhos<br />Massas próximas se distribuíram
coloridas<br />Viam-se os dedos trançados sobre
os ossos<br />As flores bordando a magreza
humilhada<br />O enterro torcido sobre a morte<br /><o:p> <br /></o:p>O cadáver exalou dores apodrecidas<br /><o:p> <br /></o:p>Do cemitério<br />Nem uma cruz aflita<br />O único vestígio das sepulturas
sem dono<br />Eram as chapas de alumínio<br />Que cabeceavam o sono eterno<br />Umas árvores sem nome<br /><o:p> <br /></o:p>Iguais<br />Iguais<br />Iguais<br />Varavam no corpo nu de martírio<br />Seis pares de braços
misericordiosos<br />“Foi poeta sonhou e amou na vida”<br /><o:p> <br /></o:p>O sol exangue de seu estro
sepultado<br />Vertia o último poente<br />As proporções da clemência<br />Ungiram a enormidade<br />Como uma papoula desprendida dos
vermes<br />A poesia ilesa<br />Atingiu a aeronáutica<br />A sonda despencando<br />Os fios condutores<br />Dos caminhos cruzados<br /><o:p> <br /></o:p>O lirismo sem voz<br />Voltou sob as patas do enterro
capitalista<br />Esgotado o último disfarce<br />Quando a terra comeu para sempre a
carne do poeta<br /><o:p> <br /></o:p>Para aqueles que eram os esquecidos<br />Porque não sabiam ler<br />O pânico demorava o tempo<br />E crescia à medida que a cidade
vinha ao seu encontro<br /><o:p> <br /></o:p>Quiseram também ir no enterro
rumoroso<br />Mas voltaram calados<br />Penetraram angustiados<br />Que não fora só de doença<br /><o:p> <br /></o:p>Que não fora só de fome...<br />“Foi poeta sonhou e amou na vida”<br />Teriam eles a possibilidade<br />De aniquilar-se como o poeta?<br /><o:p> <br /></o:p>Crescia o pânico<br />Quanto mais os homens esquecidos<br />Se apoderavam do pavor<br />Os animais pasmos<br />Pastavam<br />Nem diziam pelos olhos frios<br />De outra coisa se morre<br />A câmara lenta<br />Da angústia<br />Demorava a cidade<br />A sonda metrificada<br /><o:p> <br /></o:p>Contrapunha no espaço<br />Hieróglifos<br />Contraponto de ritmos livres<br /><o:p> <br /></o:p>De outra coisa se morre<br />Diziam os surpreendidos<br />Pelos passos enormes<br /><o:p> <br /><div style="text-align: center;">•</div></o:p><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><div style="text-align: justify;">Julieta Barbara nasceu em 1908 em
Piracicaba, interior de São Paulo. Destacou-se como poeta com a publicação de
seu único livro, <i>Dia garimpo</i>, em 1939. Nas letras, Barbara Guerrini
também se dedicou à crônica escrevendo para o jornal carioca <i>A manhã</i> em
1941. Também produziu no campo das artes plásticas <span style="text-align: left;">—</span> pintura e desenho; parte desse segundo interesse aparece exposto nas composições que
acompanham seu livro. Julieta Barbara morreu em 2005.</div></span><o:p> <br /></o:p><o:p> </o:p></div>
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<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-53734991460910808572022-01-20T16:31:00.006-08:002022-01-20T16:31:52.521-08:00Um poema inédito de Mario Quintana<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEi5DkEC-eRqkGxZYEnNQp3BMLkJEMuvEcppfsU6qFM07s082AD-R4IPuL1Nj-xS6lRHlcW3miWtBjSDsGBsqSstJPMPRBg2Wii5pdIZmJWd10_4K8OYV8a22DaCSqHXhnzHGquMrYHT5xHDTtcbEDIqh_wgVUV_TCVmhxVRyXsgpVTRINZVAAEHHqg=s1920" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1667" data-original-width="1920" height="348" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEi5DkEC-eRqkGxZYEnNQp3BMLkJEMuvEcppfsU6qFM07s082AD-R4IPuL1Nj-xS6lRHlcW3miWtBjSDsGBsqSstJPMPRBg2Wii5pdIZmJWd10_4K8OYV8a22DaCSqHXhnzHGquMrYHT5xHDTtcbEDIqh_wgVUV_TCVmhxVRyXsgpVTRINZVAAEHHqg=w400-h348" width="400" /></a></div><br /><p></p><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><b>CANÇÃO DO PRIMEIRO ANO*<br /></b></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Pelas estradas antigas<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">As horas vêm a cantar.<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">As horas são raparigas,<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Entram na praça a dançar.<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">As horas são raparigas...<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">E a doce algazarra sua<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">De rua em rua se ouvia.<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">De casa em casa, na rua,<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Uma janela se abria.<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">As horas são raparigas<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Lindas de ouvir e de olhar.<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">As horas cantam cantigas<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">E eu vivo só de momentos,<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Sou como as nuvens do céu...<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Prendi a rosa dos ventos<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Na fita do meu chapéu.<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Uma por uma, as janelas<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Se abriram de par em par.<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">As horas são raparigas...<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Passam na rua a dançar.<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Janela de minha vida<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Aberta de par em par!<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">As horas cantam cantigas<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">E, de novo, sem lembrança<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Das outras vezes perdidas,<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Atiro a rosa do sonho<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Em tuas mãos distraídas...<br /></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Porto Alegre, 1/1/41</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">•<o:p></o:p></div><br /><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">Mário Quintana nasceu a 30 de julho de 1906, em Alegrete, Rio Grande do Sul. Leitor exímio, foi autor de mais de uma centena de traduções, incluindo Honoré de Balzac, Marcel Proust, Virginia Woolf e Graham Greene. Figurou em vários jornais do seu tempo como colunista de cultura. Sua atividade com a literatura inclui a escrita de livros para crianças e de poesia, gênero no qual ficou reconhecido pela publicação de vasta obra, das quais se destacam títulos como: <i>A rua dos cataventos</i> (1940), <i>Caderno H</i> (1973), <i>A vaca e o hipogrifo </i>(1977) e <i>Baú de</i> <i>espantos</i> (1986). Morreu a 5 de maio de 1994, em Porto Alegre. </div></div></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">* </span>“Canção do primeiro ano” foi
descoberto por George Augusto, livreiro de Porto Alegre. O manuscrito estava
dentro de um livro do poeta adquirido de uma coleção particular (Fonte: G1)</div><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-83911208233913584782022-01-04T13:48:00.002-08:002022-01-23T14:07:09.279-08:00Dois poemas de Boris Rýji<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjJ8qePk08bpC8FsN53K7QmfPceuXBBs9hwMZvsHkoBSG8h-_qgNgoDikout1M5uktdDOauWHRkiI7Qp1b8zNAKWlv7SJNibFjI-7H807gmp-HIDAZqos6bosLQDqvaM_CTtjYGLjaYITKiJdN_zB1Ia_RrUFQBVpj23csYGYZhDwy5-Co5nT643jY=s960" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="783" data-original-width="960" height="326" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjJ8qePk08bpC8FsN53K7QmfPceuXBBs9hwMZvsHkoBSG8h-_qgNgoDikout1M5uktdDOauWHRkiI7Qp1b8zNAKWlv7SJNibFjI-7H807gmp-HIDAZqos6bosLQDqvaM_CTtjYGLjaYITKiJdN_zB1Ia_RrUFQBVpj23csYGYZhDwy5-Co5nT643jY=w400-h326" width="400" /></a></div><br /><p></p><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b>POR UMA PATACA, CIGANA,
ADIVINHA<br /></b><o:p> <br /></o:p>– Por uma pataca, cigana,
adivinha,<br /> Do que vou morrer, vai a fundo.<br /> Responde a cigana o seguinte, não
vive<br /> quem é como tu neste mundo.<br /> <o:p> <br /></o:p>O filho vira outro, outra vira a
mulher<br /> se torna inimigo o amigo.<br /> Que vai te matar? Esta culpa.
Porém<br /> cuide da sua culpa consigo.<br /> <o:p> <br /></o:p>Ante quem a culpa? Ante o estar
vivo<br /> E sorri, nos olhos encara.<br /> A gangue na feira ressoa o motivo,<br />
os céus vão ficando mais claros.<br /> <o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>VAI OBTER UM EUROPEIZADO TOQUE</b></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b><br style="mso-special-character: line-break;" /></b>Vai obter um europeizado toque<br />
a voz do transasiático poeta<br />
esquecerei a fantástica Sverdlovsk<br />
o pátio escolar de Vtorchermet</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br />
Mas onde quer que duro e frio eu caia<br />
na fogosa Paris, úmida Londres,<br />
enterrem minhas cinzas miseráveis<br />
num cemitério de Sverdlovsk sem nome.</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br />Nem é no plano do que é belo e
falso,<br />
mas pose artística e espalhafatosa,<br />
porque é lá que estão os meus chegados<br />
e os seus perfis em mármore e em rosas.<br />
<br />
‘tão nos vitríolos de neve azuis<br />
os que trupicaram, os ruins de nota,<br />
com cobre em tartarugas como os<br />
primeiros soldados da Perestroika.</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br />Que a chaminé de Vtorchermet
apite,<br />
que a Plastpolimer assobie largo.<br />
Uma mulher, que não estava comigo,<br />
vai abrir o álbum e fumar com garbo.</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br />Ela abrirá o álbum azul no qual o<br />
futuro nossas faces acalenta,<br />
onde éramos vivos, no azul do álbum.<br />
Ralé local: bandidos e poetas.<br /><o:p> <br /><div style="text-align: center;">•</div></o:p><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><div style="text-align: justify;">Boris Rýji nasceu em 1974 na
cidade de Chelyabinsk, Rússia. Ainda na sua infância muda-se com a família para Sverdlovsk
(atual Ecaterimburgo, desde o fim da União Soviética). Formado em Geologia na
Universidade dos Urais, sua dedicação à poesia o fez, desde cedo, reconhecido
entre os mais importantes nomes da sua geração aquando recebe o prêmio Antibook.
Com o seu livro <i>Opravdaniye zhizni</i> ainda recebe, postumamente o prêmio
Palmira do Norte (São Petersburgo), um dos mais cobiçados entre os poetas. Rýji morreu a 7 maio
de 2001.</div></span><o:p> <br /></o:p>* Traduções Astier Basilio com
consultoria de Rafael Frate. Os poemas estão publicados na edição 253, janeiro
de 2022, da revista <i>Continente</i>, p.79.</div><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><b>
<!--[if !supportLineBreakNewLine]-->
<!--[endif]--><o:p></o:p></b></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-24086245378943549092021-12-21T17:52:00.003-08:002022-12-07T17:53:55.572-08:00Três poemas de Eunice Arruda<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="1601" data-original-width="2400" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDo8VC3NCi1VdWoirJ9CDvUZ3p7hh8v8Yxn9EKO4--ZwZvuWsb2RXXk0qDigslswAGxxFK6pyjGqp17ZQuHqrwSAwod6wyNBPRRfZmCxZRy-KcGse-7Tyyn727ziGcrGP8TatID2KNOWHsOcvzUlKa99uaW3Ny0KEbjcjPp7v0orC-Ih_8GTQVjOg/w400-h266/Eunice%20Arruda.jpg" width="400" /></div><br /><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /><span style="mso-fareast-language: PT-BR;"><b><br /></b></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="mso-fareast-language: PT-BR;"><b>OLHE<br /></b> </span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">O mundo é escrito<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">a portas<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">fechadas<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">Pequenas aranhas sobem<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">por um fio quase<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">invisível<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">As coisas ardentes<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">não dizem o<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">nome<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><b><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">SUBJETIVA II</span></b></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b><span style="mso-fareast-language: PT-BR;"><br /></span></b><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">
Ainda ontem plantei flores na tarde<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">para poder dormir<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">mas não quero vê-las<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">orvalhadas ou murchas<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">Tenho dó das mãos que sabem<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">florir canteiros e<br /> </span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">cobrir-se de<br /> </span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">outono<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;"><b>GABRIEL</b></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="mso-fareast-language: PT-BR;"><br style="mso-special-character: line-break;" /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">Cuidando da imortalidade<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">um poeta esquece a<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">vida<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">Come o pão<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>amanhã<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">Cerzindo as roupas claras<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">se veste de luto<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">pela casa<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">pobre cuidando: um poeta<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">De sonhos é que é<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">corrompido<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">um dia será lido<br /></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p> <br /><div style="text-align: center;">•</div></o:p></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-language: PT-BR;"><div style="text-align: justify;">Eunice Arruda nasceu em Santa Rita do Passa Quatro, em 1939. Formada em
Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, mesma
instituição onde se especializou em Comunicação e Semiótica, sua estreia na
literatura acontece em 1960 com <i>É tempo de noite</i>. Depois deste livro veio
mais de uma dezena de títulos, tais como <i>Gabriel</i> (1990) e <i>Debaixo do
sol</i> (2010). Toda sua obra poética foi reunida em <i>Visível ao destino</i>
(2019). Eunice Arruda morreu em São Paulo, em 2017.</div></span><span style="mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><o:p> </o:p></div>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="mso-fareast-language: PT-BR;">
<!--[if !supportLineBreakNewLine]-->
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></p>
Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-11106447785906921332021-12-14T15:24:00.004-08:002022-03-16T16:30:53.892-07:00Três poemas de César Vallejo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhD-XZ_ZDiuA-m6hmDPqxKKIv0OyL6p9NrScAtjw5eCSdmRw7AR8qTX1DuWUSaE_LV68685fXXrMZuZGj-ZSHlBH37zgCLikZ2NVkxK7yZ5yHN3xvudhAWF2uvZWEw3N-Doie-JCKq1eP3X3gpBR32Xbw2p6qBj0S_30YSDr2H_FLA2WmvOoeNZHCs=s789" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="571" data-original-width="789" height="290" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhD-XZ_ZDiuA-m6hmDPqxKKIv0OyL6p9NrScAtjw5eCSdmRw7AR8qTX1DuWUSaE_LV68685fXXrMZuZGj-ZSHlBH37zgCLikZ2NVkxK7yZ5yHN3xvudhAWF2uvZWEw3N-Doie-JCKq1eP3X3gpBR32Xbw2p6qBj0S_30YSDr2H_FLA2WmvOoeNZHCs=w400-h290" width="400" /></a></div><br /><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /><b>ÁGAPE<br /></b><o:p> <br /></o:p>Hoje ninguém veio perguntar alguma
coisa;<br />nem nesta tarde ninguém me pediu
nada.<br /><o:p> <br /></o:p>Não vi sequer uma flor de
cemitério<br />em tão alegre procissão de luzes.<br />Perdoa-me Senhor: morri tão pouco!<br /><o:p> <br /></o:p>Nesta tarde todos, todos passam<br />sem nada me perguntar nem pedir
nada.<br /><o:p> <br /></o:p>E não sei o que esquecem e que
fica<br />em minhas mãos tão mal, qual coisa
alheia.<br /><o:p> <br /></o:p>Saí até à porta,<br />tenho vontade de gritar a todos:<br />Se alguma coisa lhes falta, ela
está aqui!<br /><o:p> <br /></o:p>Porque em todas as tardes desta
vida,<br />não sei que portas nos atiram na
cara<br />e algo estranho se apodera da
minha alma.<br /><o:p> <br /></o:p>Não veio ninguém hoje;<br />e que pouco hoje nesta tarde
morri!<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>XLIV<br /></b><o:p> <br /></o:p>Este piano viaja para dentro,<br />viaja saltando alegremente.<br />Medita depois num repouso ferrado,<br />cravado com dez horizontes.<br /><o:p> <br /></o:p>Avança. Sob túneis, arrasta-se,<br />mais adiante, sob túneis de dor,<br />sob vértebras que naturalmente
fogem.<br /><o:p> <br /></o:p>Outras vezes as suas trompas
movem-se,<br />lentas ásias amarelas de viver,<br />movem-se como eclipse,<br />e catam em si pesadelos de
insectos,<br />mortas já para o trovão,
mensageiro dos génesis.<br /><o:p> <br /></o:p>Piano escuro, a quem espias tu<br />com a tua surdez que me ouve,<br />com a tua mudez que me ensurdece?<br /><o:p> <br /></o:p>Oh misteriosa pulsação.<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>LXI</b></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b><br /></b>
Esta noite desço do cavalo,<br />diante da porta da minha casa,
onde<br />me despedi com o cantar do galo.<br />Está fechada, ninguém me responde.<br /><o:p> <br /></o:p>O banco em que a mamã alumiou<br />meu irmão mais velho, para ele
selar<br />cavalos que eu já montara em pelo,<br />menino rude, por ruas e valados.<br />O banco em que deixei murchar ao
sol<br />minha angustiada infância… E o
luto<br />que emoldura esta porta?<br /><o:p> <br /></o:p>Deus, na paz forasteira,<br />espirra, o bruto, como a chamar também;<br />fareja, batendo no empedrado. Depois,
duvida, relincha<br />sacode a viva orelha.<br /><o:p> <br /></o:p>O papá há-de estar acordado a rezar,<br />talvez pense que se fez tarde para
mim.<br />Minhas irmãs, cantarolando as
ilusões<br />singelas, buliçosas,<br />a trabalhar para a festa que aí
vem,<br />não falta quase nada.<br />Espero, espero, o coração<br />um ovo em seu momento, que se
fecha.<br /><o:p> <br /></o:p>Numerosa família que deixamos<br />há pouco, ninguém hoje em vigília,
e nem uma vela<br />pôs no altar para que voltássemos.<br />Chamo de novo, e nada.<br />Calamo-nos, rompemos em soluços e
o cavalo<br />relincha, relincha mais ainda.<br /><o:p> <br /></o:p>Todos estão a dormir para sempre,<br />e antes assim, que finalmente<br />meu cavalo põe-se a cabecear,
cansado,<br /> e, entre sonhos, a cada vénia, diz<br />que está bem, que está tudo muito
bem.<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /><div style="text-align: center;">•</div></o:p><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><div style="text-align: justify;">César Vallejo nasceu em Santiago
de Chuco, a 16 de março de 1892. Integrado às vanguardas do século XX, é
considerado um dos mais importantes poetas hispano-americanos. O peruano começa
sua vida literária com <i>Los heraldos negros</i> (1918) e na poesia publica
ainda <i>Trilce</i> (1922) e <i>Poemas humanos</i> (1939). Também escreveu
romance, conto, crônica, ensaio e teatro. Morreu em Paris no dia 15 de abril de
1938. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;">* Traduções de José Bento</span></div></span></div><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
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<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-49020828555928966012021-12-07T15:17:00.004-08:002022-03-03T15:44:15.357-08:00Cinco poemas de Bruno de Menezes<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiawTqFN36BryhSu7rFNuqatyrUOke7N01KRxyVm-Kd6ZlJd8gTIUvj-ccJPMyThidQmeXg2JhA8Sl4eH8gDh4Q5OrA5-UQa68eY0D2AahaxYq6FTFRq3L6HaGI-tSlb1eyLKaQ4N4ss7aAxHZWJi6_MU70FC-EZFvao4vfTSKRvc-X4Pd0_oh5wdA=s400" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="266" data-original-width="400" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiawTqFN36BryhSu7rFNuqatyrUOke7N01KRxyVm-Kd6ZlJd8gTIUvj-ccJPMyThidQmeXg2JhA8Sl4eH8gDh4Q5OrA5-UQa68eY0D2AahaxYq6FTFRq3L6HaGI-tSlb1eyLKaQ4N4ss7aAxHZWJi6_MU70FC-EZFvao4vfTSKRvc-X4Pd0_oh5wdA=w400-h266" width="400" /></a></div><br /> </div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /><b>VISÃO AÉREA<br /> </b><b><o:p> <br /></o:p></b>Loura e magra.<br />Um tanto<br />de felina, outro tanto<br />de ofídica.<br />Um perfil de estatueta de Tanagra,<br />como dizem os poetas.<br />Mas eu achei-a fluídica,<br />imponderável, quase etérea.<br />Talvez, para os estetas,<br />fosse a visão aérea...<br /><o:p> <br /></o:p>De onde vinha? Não sei.<br />O caso é que sorria, andava em
passos leves,<br />com um chapéu de <i>organdy<br /></i>talhado em rosa branca.<br />De onde vinha? Não sei.<br />Eu apenas a olhei<br />uns três minutos breves.<br /><o:p> <br /></o:p>Se bem que o seu chapéu fosse uma
rosa branca,<br />o vestido com que a vi,<br /><i>chic</i>, em verdade,<br />dava-lhe um ar de bebê<br />que ainda vestisse bibe...<br /><o:p> <br /></o:p>E ela que vinha a pé,<br />— vitrina humana que o rigor da
moda exibe —<br />com o vestido que a vi,<br />julguei que ela ficava<br />dependurada contra as leis da
gravidade...<br /><o:p> <br /></o:p>Fechei os olhos... Loura e magra,
ela passava...<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>ESCOLA DOS SAPOS<br /> </b><o:p> <br /></o:p>Do charco à beira fica o colégio
dos sapos.<br />As aulas são noturnas e o período letivo<br />é quando o inverno facilita aos
alunos sair.<br /><o:p> <br /></o:p>Ah! Que alegria quando chove e a
escola aquática funciona!<br />Aos grulhos que são ralhos as mães
batráquias vendo a chuva<br />correm com a saparia infantil para
a escola.<br /><o:p> <br /></o:p>O método é à moda e ao tempo do “Estudante
alsaciano”:<br />— lições bem decoradas ditas em
rasgos de regougos.<br />Um velho sapo idealista professor
de matemática,<br />que vive amando a Lua entre as ninfeias
pelo charco,<br />pergunta em rouca sabatina<br />a tabuada aos estudantes.<br />E eles respondem como em coro:<br /><o:p> <br /></o:p><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>8
+ 8 = 18<br /><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>8
+ 8 = 18<br /><o:p> <br /></o:p>… enquanto o mestre sonhador,<br />de olhos perdidos nas estrelas<br />ruge em meio ao silêncio<br />alheio à aula e aos seus discípulos:<br /><o:p> <br /></o:p><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>stá
errado!<br /><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Stá
errado!<br /><o:p> <br /></o:p>E em torno a saparia adulta vaia
os sapinhos madraços.<br /><o:p> <br /></o:p><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Deu
rata…<br /><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>DEU
RATA…<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>MÃE PRETA<br /></b><o:p> <br /></o:p>No acalanto africano de tuas cantigas,<br />nos suspiros gementes das
guitarras,<br />veio o doce langor<br />de nossa voz,<br />a quentura carinhosa de nosso
sangue.<br /><o:p> <br /></o:p>És Mãe Preta uma velha reminiscência<br />das cubatas, das senzalas,<br />com ventres fecundos padreando
escravos.<br /><o:p> <br /></o:p>Mãe do Brasil? Mãe dos nossos
brancos?<br /><o:p> <br /></o:p>És, Mãe Preta, um céu noturno sem
lua,<br /> mas todo chicoteado de estrelas.<br />Teu leite que desenhou o Cruzeiro,<br />escorreu num jato grosso,<br />formando a estrada de São Tiago…<br /><o:p> <br /></o:p>Tu, que nas Gerais desforraste o
servilismo,<br />tatuando-te com pedras preciosas,<br />que deste festas de esmagar!<br />Tu, que criaste os filhos dos
Senhores,<br />embalaste os que eram da Marquesa
de Santos,<br />os bastardos do Primeiro Imperador<br />e até futuros Inconfidentes!<br /><o:p> <br /></o:p>Quem mais teu leite amamentou, Mãe
Preta?<br /><o:p> <br /></o:p>Luiz Gama? Patrocínio? Marcílio
Dias?<br />A tua seiva maravilhosa<br />sempre transfundiu o ardor cívico,
o talento vivo,<br />o arrojo máximo!<br /><o:p> <br /></o:p>Dos teus seios, Mãe Preta, teria
brotado o luar?<br />Foste tu que na Bahia alimentaste
o gênio poético<br />de Castro Alves? No Maranhão a
glória de Gonçalves Dias?<br />Terias ungido a dor de Cruz e
Souza?<br /><o:p> <br /></o:p>Foste e ainda és tudo no Brasil,
Mãe Preta!<br /><o:p> <br /></o:p>Gostosa, contando a história do
Saci,<br />ninando murucu-tu-tu<br />para os teus bisnetos de hoje…<br /><o:p> <br /></o:p>Continuas a ser a mesma virgem de
Luanda,<br />cantando e sapateando no batuque,<br />correndo o frasco na macumba,<br />quando chega Ogum, no seu cavalo
de vento,<br />varando pelos quilombos.<br /><o:p> <br /></o:p>Quanto Sinhô e Sinhá-Moça<br />chupou teu sangue, Mãe Preta?<br /><o:p> <br /></o:p>Agora, como ontem, és a festeira
do Divino,<br />a Maria Tereza dos quitutes com
pimenta e com dendê.<br />És, finalmente, a procriadora cor
da noite,<br />que desde o nascimento do Brasil<br />te fizeste “Mãe de leite”…<br /><o:p> <br /></o:p>Abençoa-nos, pois, aqueles que não
se envergonham de Ti,<br />que sugamos com avidez teus seios
fartos<br />— bebendo a vida! —<br />Que nos honramos com o teu amor!<br /><o:p> <br /></o:p>TUA BENÇÃO, MÃE PRETA!<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>NA SOLIDÃO DA NOITE TROPICAL<br /></b><b><o:p> <br /></o:p></b>A alma da solidão está orando…<br />É a Páscoa do Silêncio,<br />com a hóstia da Lua Etérea…<br />Velhas, anosas mangueiras,<br />aconchegadas, taciturnas,<br />rezam sob o véu místico do luar…<br /><o:p> <br /></o:p>Ao pulsar irregular do coração,<br />o poeta, que partiu célere,<br />para o desejo aventureiro,<br />retorna, passos tardos,<br />em tédio e arrependimentos.<br /><o:p> <br /></o:p>Na solidão da Noite tropical<br />que se irmana à alma do Poeta,<br />a Cidade dorme, confeitada de
luar…<br /><o:p> <br /></o:p>Desdenhando os prédios orgulhosos,<br />que escalam o espaço,<br />absorto na majestade da amplidão,<br />caminha o Poeta pelas antigas avenidas,<br />procura a sombra luarina<br />dos jardins sem idílios,<br />transformados em parques
urbanísticos.<br /><o:p> <br /></o:p>O Poeta segue… E em passos pensativos<br />procura os subúrbios proletários,<br />onde as humildes palhoças<br />têm apenas o pão da Lua Cheia…<br />Quando regressa,<br />traz a Mensagem da pobreza
conformada…<br /><o:p> <br /></o:p>O vago vulto de um vigilante noturno<br />deambula insone, fumando um triste
cigarro,<br />e apita nervosamente.<br />Na Praça histórica,<br />abandonada, silente,<br />ante o céu azúleo e luminoso,<br />um chafariz vazio,<br />na impassível frialdade do mármore,<br />evoca o patriarcalismo colonial,<br />quando a Cidade nascia.<br /><o:p> <br /></o:p>Nos largos bancos lajeados,<br />onde os líricos namorados<br />se iludem mutuamente,<br /> jazem corpos abandonados<br />que ressonam rascantemente.<br /><o:p> <br /></o:p>Continuando a Via-crúcis da Cidade,<br />o Poeta prossegue,<br />enquanto as Horas alongam a Noite<br />e o casario burguês fechou as pálpebras,<br />para o falso e rico amor…<br /><o:p> <br /></o:p>Mergulhando na quietude serena,<br />faz-lhe bem o sossego da Cidade,<br />na imensidão maior da Noite
branca,<br />em que o Poeta se recolhe<br />para cismar e esquecer…<br /> <o:p> <br /></o:p>Esquecer ou recordar,<br />Bem-amadas como a Lua romântica,<br />inspiradoras e incompreendidas…<br /> <o:p> <br /></o:p>No imenso silêncio friorento,<br />um sino acorda a madrugada.<br />Peregrinando, sonambulando,<br />o Poeta surpreende nos portais<br />amores que não têm leito para o
prazer…<br /><o:p> <br /></o:p>E vai passando… vai sonhando,<br />integrado na solidão reminiscente,<br />que é a Verônica da Cidade,<br />no seu cotidiano despertar.<br /><o:p> <br /></o:p>Rumores matinais<br />escorraçam o Silêncio,<br />quando alvora a voz do sino,<br />como sentinela perdida…<br /><o:p> <br /></o:p>O Poeta também desperta<br />dos remotos sonhos adolescentes…<br /><o:p> <br /></o:p>A Cidade amanhece,<br />na trepidação dos ruídos nevrosantes…<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>IARA<br /></b><o:p> <br /></o:p>Pôr-do-sol sobre as águas.<br />Asas que se recolhem.<br />Ocaso em mutações arcoirisadas.<br />Duas verdes pupilas, fúlguras, redondas,<br />à flor das águas bolem<br />e espiam por trás das árvores
paradas…<br /><o:p> <br /></o:p>O silêncio é um êxtase na mata.<br />Corta o rio dormente<br />trêmula retração que as pupilas
retrata.<br />É quando a Iara vem, trazendo no
olhar fulvescente,<br />sortilégios de sono, amores de
sonho e de lenda,<br />do fundo abismal do rio…<br /><o:p> <br /></o:p>Rompe com seus seios virgens a
renda<br />flórea e tênue das águas… Emerge o
corpo frio.<br /><o:p> <br /></o:p>E olha em torno… Tem malefícios no
olhar…<br /><o:p> <br /></o:p>Lento, cadenciado, um remo fere as
águas.<br />A Iara canta… Embala as saudades
lendárias…<br />O remo para de remar!…<br />Olhos verdes de Iara… Assombramentos
do Rio-Mar.<br /> <o:p> <br /><div style="text-align: center;">•</div></o:p><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><div style="text-align: justify;">Bruno de Menezes nasceu a 21 de março
de 1893, em Belém. Sua vivência e interesse pela literatura começa na juventude
quando forma com amigos o grupo “Vândalos do Apocalipse”, mais tarde, “Peixe
Frito”, do qual fez parte nomes como Dalcídio Jurandir. Um ano depois da Semana
de Arte Moderna em São Paulo, funda o que viria ser um dos primeiros veículos do
Norte do país dedicado à arte modernista, a revista <i>Belém Nova</i>. <i>Batuques</i>,
seu quarto livro o integra entre os primeiros poetas que tematizaram a cultura
afro-brasileira. Além desse título publicado em 1931, escreveu ainda no mesmo gênero
<i>Crucifixo</i> (1920), <i>Bailando no lunar</i> (1924), <i>Poesia</i> (1931),
<i>Lua sonâmbula</i> (1953) e <i>Onze sonetos</i> (1960), dentre outros. Escreveu
ainda prosa (textos sobre folclore e cultura popular, novela e romance). Morreu
em Manaus a 2 de julho de 1963.</div></span><o:p> </o:p></div>
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Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-1570479318658667942021-11-30T15:33:00.002-08:002022-02-26T15:37:30.332-08:00Três poemas de Victor Hugo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="776" data-original-width="723" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhhSW3iuiSkLuQDmjsnf9S0sx0EGgPH0zNEFY5ZhxdubNI5ANgSrHnceVpmi_a_zJEHitAuo2F8_2Vm76zP3ECSgHMc-ZmOpR34YQqzQE204E0_or3-PUWJAw-dZ4azEa07Bkrl0PaMsUH3t0MRNFpUPu6CodvfL6IYlcrmBOvj7MW1yEGhplXxCWs=w373-h400" width="373" /></div><br /><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /><b>A INFÂNCIA<br /></b><o:p> <br /></o:p>O menino cantava; sua mãe, no
leito, agonizava,<br />Extenuada, a sua fronte na sombra
pendia;<br />E sobre ela, a morte numa nuvem
vagueava;<br />E eu ouvia a canção e escutava a
agonia.<br /><o:p> <br /></o:p>Tinha cinco anos o menino, e junto
à janela,<br />Um claro som de riso e de jogos se
erguia;<br />E a mãe, ao lado da criança doce e
bela<br />Que todo o dia cantava, toda a
noite tossia,<br /><o:p> <br /></o:p>A mãe sob as lajes do claustro foi
dormir;<br />E o menino voltou a cantar...<br />A dor é um fruto que Deus não faz
surgir<br />Num ramo frágil demais para
suportar.<br /><o:p> <br /></o:p><span style="font-size: x-small;">Paris, janeiro de 1835.<br /></span><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>O SULTÃO ACHMET<br /></b><o:p> <br /></o:p>À Joana, a Granadina,<br />
Sempre cantante e ladina,<br />
Disse o sultão com ardor:<br />
— Eu daria sem favor<br />
O meu reino por Medina,<br />
Medina por teu amor.<br /><o:p> <br /></o:p>— Faz-te cristão, rei sublime!<br />
Pois não é bom que se afirme<br />
O prazer ter encontrado<br />
Nos braços de um debochado.<br />
Não quero fazer um crime:<br />
Já me basta um pecado.<br /><o:p> <br /></o:p>— Com as pérolas cuja graça,<br />
Minha rainha, realça<br />
Do teu colo o branquear,<br />
Eu farei por te agradar,<br />
Se quiseres que eu faça<br />
Rosário do teu colar<br /><o:p> <br /></o:p><span style="font-size: x-small;">Outubro de 1828.<br /></span><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>UNIDADE<br /></b><o:p> <br /></o:p>Por cima do horizonte de colinas
sem cor,<br />O sol, essa flor de infinito
esplendor,<br />Se inclinava sobre a terra à hora
do poente;<br />Uma humilde margarida, no campo
florescente,<br />Sobre um muro cinzento, entre aveia
a vibrar,<br />Branca, sua cândida auréola faz
desabrochar;<br />E a pequenina flor, sobre o seu velho
muro,<br /> Fixamente olhava, no eterno azul
tão puro,<br />O grande astro que a luz imortal
envia.<br />— E eu, eu também tenho raios! —
lhe dizia.<br /> <o:p> <br /></o:p><span style="font-size: x-small;">Granville, julho de 1836.<br /></span><o:p> <br /><div style="text-align: center;">•</div></o:p><div style="text-align: justify;">Victor Hugo nasceu a 26 de fevereiro
de 1802 em Besançon. Destacado poeta, autor de mais de duas dezenas de livros
de poesia, também se tornou figura relevante na prosa (romance, ensaio) e nas
artes plásticas. Morreu no dia 22 de maio de 1885, em Paris.</div> <o:p> <br /></o:p><span style="font-size: x-small;">* Traduções de Manuela Parreira da
Silva.</span></div><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
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<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-62181422361240848972021-11-23T11:48:00.001-08:002022-02-10T12:11:39.862-08:00Dois poemas de Boris Pasternak<div style="text-align: left;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgi_lNXXoCOkP_2m6YIQuDVlL4ZZKPrCuZOurXzAis4JlEU3RdlMrByK8MTMqR2hRvpSH2NYCUVNB8BKcwnKOtYqOTf6RvXUn7xRlWdjiUSh3A1GMoyWyiTf-TzA_eqHJB5KsLHGGqvN0Nm_m4mKYIkimhwfrSaAezbWrrHzamsEC3NJO7wMmSI3jg=s1200" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="674" data-original-width="1200" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgi_lNXXoCOkP_2m6YIQuDVlL4ZZKPrCuZOurXzAis4JlEU3RdlMrByK8MTMqR2hRvpSH2NYCUVNB8BKcwnKOtYqOTf6RvXUn7xRlWdjiUSh3A1GMoyWyiTf-TzA_eqHJB5KsLHGGqvN0Nm_m4mKYIkimhwfrSaAezbWrrHzamsEC3NJO7wMmSI3jg=w400-h225" width="400" /></a></div><br /><b><br /></b></div><div style="text-align: left;"><b><br /></b></div><div style="text-align: left;"><b>DEFINIÇÃO DE POESIA</b></div><div style="text-align: left;"><b><br /></b></div><div style="text-align: left;">Um risco maduro de assobio.</div><div style="text-align: left;">O trincar do gelo comprido.</div><div style="text-align: left;">A noite, a folha sob o granizo.</div><div style="text-align: left;">Rouxinóis num dueto-desafio.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Um doce ervilhal abandonado.</div><div style="text-align: left;">A dor do universo numa fava.</div><div style="text-align: left;">Fígaro: das estantes e flautas - </div><div style="text-align: left;">Geada no canteiro, tomado.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Tudo o que para a noite releva</div><div style="text-align: left;">Nas funduras da casa de banho,</div><div style="text-align: left;">Trazer para o jardim uma estrela</div><div style="text-align: left;">Nas palmas úmidas, tiritando.<br /><br />Mormaço: como pranchas na água,<br />Mais raso. Céu de bétulas, turvo.<br />Se dirá que as estrelas gargalham,<br />E no entanto o universo está surdo.<br /><br />1917.<br /><br /><br /><b>POESIA</b></div><div style="text-align: left;"><b><br /></b></div><div style="text-align: left;">Poesia, minha voz enrouquece</div><div style="text-align: left;">De juras sobre ti: estertor,</div><div style="text-align: left;">Não pose melíflua de cantor.<br />Vagão de terceira no verão,<br />Pareces. Subúrbio e não refrão.<br /><br />Abafas como Iamskaia: és maio,<br />Chevardin, o reduto noturno,<br />Onde nuvens exalam seus guais<br />e se vão, cada qual por seu turno.<br /><br />E em dobro, pela trama dos trilhos - ,</div><div style="text-align: left;">Arrabaldes não são estribilhos -,</div><div style="text-align: left;">Se rojam das estações à casa,</div><div style="text-align: left;">Não cantando, formas hebetadas.<br /><br />Renovos que a chuva põe nos cachos</div><div style="text-align: left;">Até de manhã, num fio contínuo,<br />Pingam seus acrósticos do alto</div><div style="text-align: left;">Enquanto lançam bolhas de rimas.<br /><br />Poesia, quando sob a torneira</div><div style="text-align: left;">Um truísmo é um balde de folha<br />Vazio, mais o jato se despeja.<br />Eis o branco da página: jorra!</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">1922</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">•</span><o:p></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">Boris Pasternak nasceu no dia 10 de fevereiro de 1890, em Moscou. Estudou filosofia na Alemanha e no retorno à cidade natal publicou seu primeiro livro, uma coletânea de poemas intitulada <i>Gêmeo nas nuvens</i>; a este gênero dedicaria sua vida e no qual situou grande parte de sua obra. Na prosa, ficou conhecido como o autor de <i>Douto Jivago</i>, romance publicado um ano antes do Prêmio Nobel de Literatura, recebido em 1958. Morreu a 30 de maio de 1960 em Peredelkino.</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br /></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;">* Traduções de Haroldo de Campos.</span></div></div>Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-22093048598506188992021-11-16T11:00:00.005-08:002022-02-08T11:06:11.989-08:00Três poemas de José Juan Tablada<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="590" data-original-width="752" height="314" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgjGT3DQzbO9TAsEq1D9m2iI1Ociy4_Bkuzwz8xM7bfKml5jDTaJVEmOxCYXAoeyLRJ8-px8BYeJuf8hercBGPPEsEeX7y6EfD0NSdwUzZ33xNXiz428PqGUVpnTApY1SvOFh6hMqZ_nmol1tpU8L7VFDZix_YKSbminh9pOp-nxl3x_6yAhwknz1k=w400-h314" width="400" /></div><br /><p><br /></p><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b>OS OLHOS EM ALVO<br /></b><b><o:p> <br /></o:p></b>Sobre a relva esmagada,<br />sob a copa sombria<br />te reclinei desmaiada<br />quando a tarde morria.<br /><o:p> <br /></o:p>Olhei tua face ruborizada<br />que pálida se tornava,<br />e senti tua boca gelada<br />sob o ardor da minha...<br /><o:p> <br /></o:p>E antes de que agonizante<br />caísse sobre teu flanco<br />cravado meu último desejo,<br /><o:p> <br /></o:p>olhei no supremo instante<br />até teus olhos em alvo<br />descer o ouro do céu!<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>NOITE DO TRÓPICO<br /></b><b><o:p> <br /></o:p></b>Na fúnebre abóbada não brilham as
estrelas,<br />jamais enlutou o céu mais lôbrego
capuz...<br />E contudo estriado de tenebrosos
rastros<br />sob o céu de ônix o mar é todo
luz!<br /><o:p> <br /></o:p>Sobre o profundo abismo a luz é
móvel nata<br />de onde apenas um Érebo de sombras
desliza,<br />e nessa tenebrosa película de
prata<br />em pérolas se desfaz a onda que se
encrespa.<br /><o:p> <br /></o:p>Mas sobre a amurada o nauta que se
inclina<br />teme que pareça um sonho seu
rápido vislumbre<br />de incandescentes peixes e flora
submarina<br />e anêmonas de fósforo entre
árvores de<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>luz,<br /><o:p> <br /></o:p>e — de um peixe luminoso ao lívido
farol —<br />o cadáver de náufrago, que na
sombra total,<br />com os ossos tão brancos que
parecem de luz,<br /><o:p> <br /></o:p><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>é
igual<br /><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>a
uma cruz<br /><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>de
cristal!...<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>ÍNTIMA<br /></b><o:p> <br /></o:p>Já todo meu tesouro o carrego
dentro<br />ostra rugosa, carne e terra.<br /><o:p> <br /></o:p>Do porta-jóias pessoal<br />é o astro a pérola<br />que ilumina todos os mistérios.<br /><o:p> <br /></o:p>Já não saio à varanda<br />se passa pela rua<br />com sua música o batalhão;<br /><o:p> <br /></o:p>já não volto o rosto<br />se escuto às minhas costas<br />o retintim do ouro;<br /><o:p> <br /></o:p>já não sigo o perfume<br />da puta graciosa<br />que dobrou a esquina.<br /><o:p> <br /></o:p>Já todo meu tesouro<br />o carrego dentro.<br /><o:p> <br /></o:p><i>New York, 1931<br /></i><o:p> <br /><div style="text-align: center;">•</div></o:p><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><div style="text-align: justify;">José Juan Tablada nasceu a 3 de
abril de 1871, na Cidade do México. Sua vida no universo das letras começa
desde aos dezenove anos quando começou a colaborar para o jornal <i>El Universal
</i>com poemas e crônicas; sua permanência na imprensa do seu país e mais tarde
fora dele foi contínua: <i>El Mundo Ilustrado</i>, <i>Excélsior</i>, <i>Revista
Azul</i>, <i>Revista Moderna</i>, <i>La Falange</i>, entre outros. A estreia
literária acontece com o livro de poesia <i>El florilégio</i> em 1899. A atividade
como diplomata o fez morar em diversos países, como Colômbia, Venezuela, França,
Japão e Estados Unidos, onde fixa residência até sua morte a 2 de agosto de
1945.</div></span><o:p> <br /></o:p><span style="font-size: x-small;">* Traduções de Ronald Polito.</span></div>
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<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-15240810666361387702021-11-09T06:32:00.001-08:002022-01-22T06:36:34.708-08:00Três poemas de Anne Hébert<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiR0lKtMjqGPfY2kke0TRirg0H3oh9Skjy5FThnwxZahMOLNIyYlNzyjWyLK-Te3nOtLK3tbNe6RgrhYlUYmheEXxPkXdKxHOMG0qfkIZlB4UgUtzU6XKm54YyEZY1wtqjr-OuypKX56zXTJNP70YjUxNJmJGuhvcdtKQI98vvgt6jMc_18c6GjojQ=s1250" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="703" data-original-width="1250" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiR0lKtMjqGPfY2kke0TRirg0H3oh9Skjy5FThnwxZahMOLNIyYlNzyjWyLK-Te3nOtLK3tbNe6RgrhYlUYmheEXxPkXdKxHOMG0qfkIZlB4UgUtzU6XKm54YyEZY1wtqjr-OuypKX56zXTJNP70YjUxNJmJGuhvcdtKQI98vvgt6jMc_18c6GjojQ=w400-h225" width="400" /></a></div><br /><p></p><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b>AMOR<br /></b><o:p> <br /></o:p>Tu, carne da minha carne, manhã, meio-dia,
noite, todas minhas<br />horas e minhas estações reunidas,<br /><o:p> <br /></o:p>Tu, sangue do meu sangue, todas
minhas fontes, o mar e minhas<br /> lágrimas vertidas,<br /><o:p> <br /></o:p>Tu, pilares da minha casa, meus
ossos, árvore da minha vida,<br /> mastros das minhas velas e toda a
viagem ao mais profundo de mim,<br /><o:p> <br /></o:p>Tu, nervo dos meus nervos, meus
mais belos buquês de alegria,<br />todas as cores luzidias,<br /><o:p> <br /></o:p>Tu, sopro do meu sopro, ventos e procelas,
o ar livre<br />deste mundo me eleva como uma
cidade de tela,<br /><o:p> <br /></o:p>Tu, coração dos meus olhos, o mais
amplo olhar, a colheita mais rica de<br />cidades e espaços, do fundo do
horizonte renascidos.<br /><o:p> <br /></o:p>Tu, gosto do mundo, tu, aroma dos
caminhos molhados,<br />céus e marés na areia enleados,<br /><o:p> <br /></o:p>Tu, corpo do meu corpo, minha
terra, todas minhas florestas, universo<br />entornado entre meus braços,<br /><o:p> <br /></o:p>Tu, a vinha e o fruto, tu, o vinho
e a água, o pão e a mesa,<br />comunhão e conhecimento às portas
da morte,<br /><o:p> <br /></o:p>Tu, a minha vida, minha vida que
se descerra, foge num passo lépido<br />em direção à aurora, tu, o instante
e meus braços libertos,<br /><o:p> <br /></o:p>Tu, o mistério retomado, tu, meu
doce resto estranho,<br />e o coração que se lamenta em
minhas veias como uma dor.<br /><o:p> <br /></o:p><span style="font-size: x-small;">* Tradução de Núbia Hanciau.<br /></span><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>VIDA DE CASTELO<br /></b><o:p> <br /></o:p>É um castelo antigo<br />Sem mesa nem fogo<br />Poeira nem tapetes.<br /><o:p> <br /></o:p>O perverso encantamento desses
lugares<br />Está todo em seus espelhos
polidos.<br /><o:p> <br /></o:p>Aqui, o único ofício possível<br />Consiste em mirar-se dia e noite.<br /><o:p> <br /></o:p>Lança tua imagem nas fontes
rígidas<br />Tua mais rija imagem sem sombra
nem cor.<br /><o:p> <br /></o:p>Vê, esses espelhos são profundos<br />Como guarda-roupas<br />Há sempre uma morte que ali habita,
sob a viga<br />E logo logo cobre o teu reflexo<br />Gruda em ti como uma alga<br /><o:p> <br /></o:p>A ti se ajusta, franzino e nu,<br />Simulando o amor num frenesi
amargo e lento.<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>NOITE<br /></b><o:p> <br /></o:p>Noite<br />O silêncio da noite<br />Me abarca<br />Com copiosas correntes submarinhas.<br /><o:p> <br /></o:p>Repouso no fundo da água muda e
verde-mar.<br />Vislumbro o meu coração<br />Que fosforesce e se esvai<br />Como um farol.<br /><o:p> <br /></o:p>Ritmo surdo<br />Código secreto<br />Não decifro um mistério sequer.<br /><o:p> <br /></o:p>A cada lampejo<br />Fecho os olhos<br />Pela continuidade da noite<br />A perpetuidade do silêncio<br />Onde pereço.<br /><o:p> <br /></o:p><span style="font-size: x-small;">* Traduções de Maria das Graças L.
M. do Amaral<br /></span><o:p> <br /><div style="text-align: center;">•</div></o:p><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><div style="text-align: justify;">Anne Hébert nasceu no dia 1.º de
agosto de 1916 em St. Catherine de Fossambault, Canadá. Escreveu prosa (romance,
novela, conto), teatro e poesia. Neste último gênero destacam-se títulos como <i>Les
songes en equilibre</i> (1942) e <i>Le jour n’a d’égal que la nuit</i> (1992).
Morreu no dia 22 de janeiro de 2000 em Montreal.</div></span> <o:p> </o:p></div><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
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<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
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<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
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Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-66961419805603798032021-11-02T18:43:00.001-07:002022-01-14T17:48:09.005-08:00Quatro poemas de Neide Archanjo<div style="text-align: left;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiUIbYdrNT0yHD8uMwN5DyT1KjQgPPOTlSy-LXWp-zdyU7Hr1T_ETKAgTW4EUniVeLu3hIIeNSpKGxoFGllsfobVBWCGyoLGWrYvNvMnyuIGC5xjHccsFzPgWhm6nURETDAFrUWquK36c94on2-zmM53Dm9ZMy8iIECRoJAto-iH-gbByxxpvhu7mw=s1440" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1370" data-original-width="1440" height="380" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiUIbYdrNT0yHD8uMwN5DyT1KjQgPPOTlSy-LXWp-zdyU7Hr1T_ETKAgTW4EUniVeLu3hIIeNSpKGxoFGllsfobVBWCGyoLGWrYvNvMnyuIGC5xjHccsFzPgWhm6nURETDAFrUWquK36c94on2-zmM53Dm9ZMy8iIECRoJAto-iH-gbByxxpvhu7mw=w400-h380" width="400" /></a></div><br /><b><br /></b></div><div style="text-align: left;"><b>OFF</b></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="font-weight: normal;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="font-weight: normal;">Dos teus braços<br /></span><span style="font-weight: normal;">talvez dos teus olhos<br /></span><span style="font-weight: normal;">vem esta ternura<br /></span><span style="font-weight: normal;">que minha alma<br /></span><span style="font-weight: normal;">alcança.<br /></span><span style="font-weight: normal;">Mas pouco sabes de mim.<br /></span><span style="font-weight: normal;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="font-weight: normal;">O amor nunca sabe<br /></span><span style="font-weight: normal;">e é melhor assim.<br /></span><span style="font-weight: normal;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="font-weight: normal;"><o:p><br /></o:p></span><b>DA POESIA</b></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b><br /></b><span style="font-weight: normal;">
Esculpo a página a lápis<br /></span><span style="font-weight: normal;">
e um cheiro de bosque<br /></span><span style="font-weight: normal;">
então me aparece.<br /></span><span style="font-weight: normal;">
Que a poesia é feita de romãs<br /></span><span style="font-weight: normal;">
daquilo que é eterno<br /></span><span style="font-weight: normal;">
e de tudo que apodrece.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="font-weight: normal;"><br /></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="font-weight: normal;"><br /></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b>BUCÓLICA<br /></b><o:p> <br /></o:p>Ser uma árvore<br />plena de silêncio<br />ainda que sob os ramos<br />o pássaro da infância<br />ressuscite as tardes brancas<br />a meninas e as tranças.<br /></div>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;">*</div><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;">Quando acordei a manhã já ia alta.<br />
Reencontrei meu corpo<br />
meus pensamentos de ontem<br />
e as ameixas sobre o prato azul da sala.<br />
A carne dos meus pensamentos tem a polpa<br />
destas ameixas<br />
mas falta volúpia<br />
e perfume.</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br />
O que sonho a cada dia<br />
é morder a vida.<br />
Assim</div><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">•</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Neide Archanjo nasceu em São Paulo
em 1940. Formada em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco da Universidade
de São Paulo, sua vida na literatura começa ainda no período de estudante com o
livro <i>Primeiros ofícios da memória</i> (1964). Depois do curso de Direito,
conclui o curso de Psicologia nas Faculdades Metropolitanas. A carreira
literária, no entanto, nunca esteve em segundo plano; Neide atuou em várias
frentes da promoção ao acesso à literatura enquanto publicava títulos que mereceram
a atenção de colegas e da crítica. Dos seus livros destacam-se <i>O poeta
itinerante</i> (1968), <i>Poesia na praça</i> (1970, livro que registra o
movimento por ela criado em que poetas expunham seus textos em cartazes e
faziam recitais livres na cidade de São Paulo), <i>Quixote, tango e foxtrote</i>
(1975), <i>Escavações</i> (1980), <i>As marinhas</i> (1984), <i>Tudo é sempre
agora</i> (1994), <i>Pequeno oratório do poeta para o anjo</i> (1997) e <i>Epifanias</i>
(1999), seu trabalho mais conhecido. Em 2005, o livro que reúne sua obra poética
até então, <i>Todas as horas e antes</i> recebe o Prêmio Jabuti e o Prêmio da
Academia Brasileira de Letras; antes, em 1980, recebe da Associação Paulista de
Críticos de Arte (APCA) o prêmio com <i>Escavações</i>. Neide Archanjo morreu
em 14 de janeiro de 2022.<o:p></o:p></p>Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-6027232543985686432021-10-26T12:01:00.001-07:002022-01-13T11:05:59.492-08:00Dois poemas de J. J. Slauerhoff <p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgb9wxu99hk2VNM0Mt5K42lo-mKn9Lga4I8NzYpYP8kVIY_M-RmrG5WCP46-gqefY6WawnttZb3EPIYDoX6H4TuraWdNgQPt_kyEm5m1srYgdh46_QudSXJ4OL7VK2IHXW5TZ0bbIEUNXFLbZLCIWtdDvFrb510kA3FdBBWUCkettlqriyrTuC40uA=s1200" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="813" data-original-width="1200" height="271" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgb9wxu99hk2VNM0Mt5K42lo-mKn9Lga4I8NzYpYP8kVIY_M-RmrG5WCP46-gqefY6WawnttZb3EPIYDoX6H4TuraWdNgQPt_kyEm5m1srYgdh46_QudSXJ4OL7VK2IHXW5TZ0bbIEUNXFLbZLCIWtdDvFrb510kA3FdBBWUCkettlqriyrTuC40uA=w400-h271" width="400" /></a></div><br /><p></p><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b>ANGÚSTIA</b><br /> <o:p> <br /></o:p>O mar avança pela noite dentro<br /> Rumo a tantas praias sós,
distantes;<br /> De vento e espuma é seu lamento<br /> E de sal, como lágrimas flamantes.<br />
<o:p> <br /></o:p>Assim eu sinto o mar<br />Quando ele se quebra a soluçar<br /> Contra as escarpas da terra,<br />E com as ondas minha dor suplica<br /> <o:p> <br /></o:p>A graça perdida de<br /> Outra vez perto de ti me
encontrar.<br /> Quero largar meu navio, caminhar<br /> P’las águas rumo a todo o
horizonte<br /> <o:p> <br /></o:p>Pois esteja onde estiver, eu
cismo:<br /> Tal como o luar das nuvens aparece<br />
Minha dor p’lo mundo vagueia e
entontece<br /> E seu desejo é afogar-se no abismo<br />
<o:p> <br /></o:p>Porém, de noite eu sei que<br /> O mar e eu sofremos a mesma mágoa<br /> E que no leito sem margem, feito
d’água<br /> Um único soluço nos revolve.<br /> <o:p> <br /></o:p>Assim fui buscando p’ra esquecer<br /> Que tudo perdi por uma mulher;<br /> Mas quando o mar reluz, preso do
encanto<br /> De novo me afundo, lavado em
pranto.<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>ASPIRAÇÃO<br /></b><o:p> <br /></o:p>Amanhã há-de raiar a liberdade,<br /> Esperamos nós cada dia que passa,<br /> Pra não volveremos a cair na
obscuridade,<br /> Volta — luz nossa, para sempre.<br /> <o:p> <br /></o:p>Jamais virá esse momento<br /> Tal como nenhum anjo desce à
terra,<br /> Nem a lugares onde o sofrimento<br /> Despe o azedume e enverge o
desespero.<br /> <o:p> <br /></o:p>Não face à ordem que nos guia:<br /> A felicidade espera a vez que lhe
cabe<br /> E só vem à luz um dia<br /> No quadro da realidade.<br /> <o:p> <br /></o:p>Mas eis que na estreiteza da vida,<br />
Seu reino se abre, em imenso
lugar...<br /> Por ela nos deixámos iluminar:<br /> E agora sabemos, quando anuncia:<br />“A tempo me faço chegar”.<br /><o:p> <br /><div style="text-align: center;">•</div></o:p><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><div style="text-align: justify;">Jan Jacob Slauerhoff nasceu a 15 de
setembro de 1898 em Leeuwarden. Estudou Medicina em Amsterdã, quando escreveu
seus primeiros poemas, alguns dos quais publicados em pequenos jornais de
estudantes; a tarefa se tornaria recorrente nos trabalhos seguintes, que
aparecem em revistas com <i>Het Getij</i> e depois no seu primeiro livro de
poemas, <i>Arquipélago</i>, de 1923. Inicia sua prática médica a bordo, o que lhe
permite viajar o Oriente e o Ocidente, incluindo passagens pela América Latina.
Além de poesia, escreveu romances, ensaios e teatro; interessado em literatura
portuguesa e latino-americana, traduz ao holandês autores como Eça de Queirós,
Ricardo Güiraldes e Ramón Luis Guzmán. Morreu a 5 de outubro de 1936.</div></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> <br /></span></span><span style="font-size: x-small;">*Traduções de Mila Vidal Paletti</span></div><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
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<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-49984442419876558382021-10-19T15:36:00.002-07:002022-01-05T14:54:16.512-08:00Um poema de W. D. Snodgrass<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEh40fz1E6blXDPvKeXsFDlJZ_AO-G_bweLzpoX8kTGi7c_i3fmBe1k-b-Ou_m06P-azlaKxtI8nlt6KUvBplOO4AkBWLk4V59dAyHwBPOPM7-vEC2--NrfGURAFUNiNRZ9Pb5SQEgdLY4o51WG1dxuGV2JtfpSu_F7v24Bunbh7S10aQ14bx8qMwx0=s2048" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1356" data-original-width="2048" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEh40fz1E6blXDPvKeXsFDlJZ_AO-G_bweLzpoX8kTGi7c_i3fmBe1k-b-Ou_m06P-azlaKxtI8nlt6KUvBplOO4AkBWLk4V59dAyHwBPOPM7-vEC2--NrfGURAFUNiNRZ9Pb5SQEgdLY4o51WG1dxuGV2JtfpSu_F7v24Bunbh7S10aQ14bx8qMwx0=w400-h265" width="400" /></a></div><br /><br /><b>UMA CASA TRANCADA<br /></b><o:p> <br /></o:p>Enquanto dirigíamos de volta,
cruzando a colina,<br />a casa ainda<br />perdida entre as árvores, eu sempre
pensava —<br /> um medo bobo — que poderia ter pegado<br />fogo, alguém teria invadido.<br />Como se as coisas fossem<br />muito boas aqui. Ainda, sempre a encontrávamos<br />bem segura, sã e salva.<br /><o:p> <br /></o:p>Mencionei isso, uma vez, como se
dissesse uma piada;<br />sem dúvida, falamos<br />sobre o absurdo<br />medo dos ciúmes de um deus severo<br />de nossa boa sorte. Do sítio<br />ao lado, nossos vizinhos não viram
se algum mal<br />chegara às coisas que cuidamos aqui.<br />O que devíamos temer?<br /><o:p> <br /></o:p>Talvez tivesse pensado: todas<br />essas coisas apodrecem, caem<br />— celeiros, casas, móveis.<br />Nós dois somos mais fortes do que
éramos<br />separados; crescêramos<br />juntos. Tudo o que possuímos<br />pode queimar; sabemos o que conta
— alguma dessa<br />ideia. Dizemos tanto.<br /><o:p> <br /></o:p>Vimos amigos levados a trair;<br />sentir que o amor esvaiu<br />alguma coisa que precisavam.<br />Dissemos que o amor, como uma
planta, pode se alimentar<br />do ódio que carregamos e
disfarçamos;<br />precavemo-nos. Que você pode descuidar<br />me — odiar tudo o que nós mais
amamos —<br /> nenhum dos dois pode nunca ter
adivinhado.<br /><o:p> <br /></o:p>A casa ainda está de pé, trancada,
como esteve de pé<br />intocada alguns bons<br />dois anos depois que você partiu.<br />Algumas coisas se perderam no
acordado;<br />algumas coisas se escaparam. Restou
o suficiente<br />a que eu volte às vezes. O roubo<br />e o vandalismo eram coisas nossas.<br />Talvez devêssemos ter sabido.<br /><o:p> <br /><div style="text-align: center;">•</div></o:p><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><div style="text-align: justify;">W. S. Snodgrass nasceu a 5 de
janeiro de 1926 em Wilkinsburg. Fez sua formação acadêmica na Universidade de
Iowa e uma carreira em várias instituições, como as universidades de Cornnell,
Rochester, Wayne State e Delaware. Já com o seu primeiro livro, <i>Heart’s
Needle</i>, publicado em 1959, recebeu o Prêmio Pulitzer. Sua poética é sempre
marcada pelo interesse em transformar as experiências individuais em
universais; o livro que melhor registra isso é <i>After Experience </i>(1968),
que amplia as diretrizes propostas no primeiro trabalho. Outros livros de
Snodgrass foram <i>Remains</i> (1960), <i>If Birds Build with Your Hair</i>
(1979), <i>DD Byrde Calling Jennie Wrenn</i> (1984) — suas primeiras criações
que se experimentam no verso livre —, <i>Midnight Carnival de WD </i>(1988), <i>The
Death of Cock Robin</i> (1989), <i>Each in Hiss Season</i> (1993), entre outros
títulos. Também publicou prosa (ensaio, sobretudo) e teatro. Morreu no dia 13
de janeiro de 2009, em Nova York.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;">* Tradução livre de Pedro Fernandes</span></div></span><o:p> </o:p></div><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
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Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-91814447716787230562021-10-12T15:25:00.001-07:002021-12-30T14:27:50.885-08:00Seis poemas do último livro de Lya Luft<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEj4gCbK3XpU72AsDYowahBYRThb90cvlnAFjzajfUa_7x_3KQirlQFWyI4BIA0ldPuyL6_hpy8Cq4-4YX47KPoWju2U0PHl2LuuESjgHahM-MTQCeALL7w6FDE8YombQWmkoplTgvu_ODLav1d7-iElb-a28jrwLBAG_bugE-x0Ge00KrIQvPDLWHw=s1359" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="977" data-original-width="1359" height="288" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEj4gCbK3XpU72AsDYowahBYRThb90cvlnAFjzajfUa_7x_3KQirlQFWyI4BIA0ldPuyL6_hpy8Cq4-4YX47KPoWju2U0PHl2LuuESjgHahM-MTQCeALL7w6FDE8YombQWmkoplTgvu_ODLav1d7-iElb-a28jrwLBAG_bugE-x0Ge00KrIQvPDLWHw=w400-h288" width="400" /></a></div><br /><p></p><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b>DIZENDO ADEUS<br /></b><o:p> <br /></o:p>Estou sempre dando adeus:<br />também ao desencontro e ao<br /> desencanto.<br /><o:p> <br /></o:p>Estou sempre me despedindo<br />do ponto de partida que me lança
de si,<br />do porto de chegada que nunca é<br />aqui.<br /><o:p> <br /></o:p>Estou sempre dizendo adeus:<br />até a Deus,<br />para o reencontrar em outra
esquina<br />de adeuses.<br /><o:p> <br /></o:p>Estarei sempre de partida,<br />até o momento de sermos deuses:<br />quando me fizeres dar adeus à solidão<br />e à sombra.<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>PERDER, GANHAR<br /> </b><o:p> <br /></o:p>Com as perdas, só há um jeito:<br />perdê-las.<br />Com os ganhos,<br />o proveito é saborear cada um<br />como uma fruta boa da estação.<br /><o:p> <br /></o:p>A vida, como um pensamento,<br />corre à frente dos relógios.<br />O ritmo das águas indica o roteiro<br />e me oferece um papel:<br />abrir o coração como uma vela<br />ao vento, ou pagar sempre a conta<br />já vencida.<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>TEMPORAL<br /> </b><o:p> <br /></o:p>O tempo rasteja no telhado<br />depois de se fazerem filhos e
dívidas,<br />e as dúvidas brotarem nas frestas<br />da porta.<br /><o:p> <br /></o:p>O tempo trança bordados no rosto<br />e manchas na mão,<br />mas a gente não muda: ainda chove<br />no escuro e um pássaro começa a
cantar,<br />um amigo morre antes dos quarenta
anos,<br />e nossa mãe, com quase cem, nem
está<br />nem se ausenta. <br style="mso-special-character: line-break;" />Como tudo o mais,<br />o tempo não tem explicação:<br />corrói e transfigura, expande<br />ou empobrece, conforme a escolha<br />de cada um.<br /><o:p> <br /></o:p>(Eu, com medo e susto,<br />escolho a multiplicação.)<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>TODAS AS ÁGUAS<br /></b><o:p> <br /></o:p>Quando pensei que estava tudo cumprido,<br />havia outra surpresa: mais uma
curva<br />do rio, mais riso e mais pranto.<br /><o:p> <br /></o:p>Quando calculei que tudo estava
pago,<br />anunciaram-se novas dívidas e
juros,<br />o amor e o desafio.<br /><o:p> <br /></o:p>Quando achei que estava serena,<br />os caminhos se espalmaram<br /> como dedos de espanto<br /><o:p> <br /></o:p>em cortinas aflitas. E eu espio,<br />ainda que o olhar seja grande<br />e a fresta pequena.<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>QUANDO FECHO A PORTA<br /> </b><o:p> <br /></o:p>Na parede atrás de minha mesa,<br />ombro a ombro,<br />a menina e seu pai, em dois retratos,<br />conversam sobre o que há no escuro<br />da noite, como entender o mundo,<br />e por que as montanhas eram tão
azuis.<br />
Quando apago a luz e fecho a porta,<br />eles riem baixinho desta que hoje
sou:<br />ainda tão distraída e
desassossegada,<br />cheia de encantamento, susto e
assombro.<br /><o:p> <br /></o:p>(E devem dizer, meneando as cabeças:<br />Parece que ela nunca vai mudar.)<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>O RIO DO TEMPO<br /></b><o:p> <br /></o:p>O tempo não existe,<br />nem dentro nem fora.<br />Esses peixes de opala<br />são nomes que nadam na memória:<br />são rostos, são risos, são
prantos,<br />são as horas felizes.<br /><o:p> <br /></o:p>O tempo não existe,<br />pois tudo continua aqui, e cresce<br />como se arredonda uma árvore<br />pesada de frutos que são peixes,<br />que são nomes de nomes, são rostos<br />com máscaras.<br /><o:p> <br /></o:p>O tempo não existe. Sou apenas<br />o aqui e o presente, e o atrás
disso,<br />como um rio que corre mas não
passa<br />— pois ele é sempre, em mim, agora.<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /><div style="text-align: center;">•</div></o:p><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><div style="text-align: justify;">Lya Luft nasceu em Santa Cruz do
Sul a 15 de setembro de 1938. Escreveu romance, conto, crônica e poesia. Sua estreia
na literatura começa por este último gênero:
publica em 1964 o livro <i>Canções de ninar</i> e depois <i>Flauta doce</i>, em
1972. Escreveu ainda <i>Mulher no palco</i> (1984), <i>O lado fatal</i> (1988)
e <i>Secreta mirada</i> (1997, um livro que também reúne textos em prosa). Seu último
trabalho como poeta foi com <i>Pra não dizer adeus</i> (2005). Durante sua
carreira literária recebeu vários prêmios, entre eles, o da Associação Paulista
de Críticos de Arte e o da Academia Brasileira de Letras. Lya Luft morreu no
dia 30 de dezembro de 2021 em Porto Alegre.</div></span> <span style="mso-spacerun: yes;"> <br /></span><o:p> </o:p></div>
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Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-79099573949089555702021-10-05T14:44:00.002-07:002021-12-30T13:47:49.966-08:00Três poemas de Heiner Müller <div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiDfToyCnLHkxJ-Nn4a6IYtuAzdWVcEFFhG6rcNl97FDBJW_3e1hcO_sQu0HHCH3_wYv-ckUHU6LK0_jghg_J1glAYjcIP05CnoFH-yLPJMvQ4EtkMgklo25-3HggxM7toTJcxhABZ2Cije_byyv1SvoaInQxbyoVWyHFJqHN7BqQ6Yhxe1RQryOxQ=s2500" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1856" data-original-width="2500" height="297" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiDfToyCnLHkxJ-Nn4a6IYtuAzdWVcEFFhG6rcNl97FDBJW_3e1hcO_sQu0HHCH3_wYv-ckUHU6LK0_jghg_J1glAYjcIP05CnoFH-yLPJMvQ4EtkMgklo25-3HggxM7toTJcxhABZ2Cije_byyv1SvoaInQxbyoVWyHFJqHN7BqQ6Yhxe1RQryOxQ=w400-h297" width="400" /></a></div><br /><br /><b>O PAI</b></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b><br /></b>
1<br />
Um pai morto talvez tivesse<br />
Sido um pai melhor. Melhor ainda<br />
É um pai nado-morto.<br />
Volta sempre a crescer erva sobre a fronteira.<br />
Tem de ser arrancada a erva<br />
Sempre sempre a erva que cresce sobre a fronteira.<br /><br />
2<br />
Gostava que o meu pai tivesse sido um tubarão<br />
E despedaçado quarenta pescadores de baleias<br />
(E eu aprendido a nadar no seu sangue)<br />
A minha mãe uma baleia azul o meu nome Lautréamont<br />
Falecido em Paris<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>AS IMAGENS</b></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b><br /></b>
As imagens significam tudo a princípio. São sólidas. Espaçosas.<br />
Mas os sonhos coagulam, fazem-se forma e desencanto.<br />
Já o céu não há imagem que o fixe. A nuvem vista do<br />
Avião: um vapor que nos tira a vista, o grou, um pássaro, mais<br />
nada<br />
Até o comunismo, a imagem final, sempre refrescada<br />
Porque lavada com sangue tantas vezes, o dia-a-dia<br />
Paga-lhe um salário modesto, sem brilho, cego de suor,<br />
Escombros os grandes poemas, como corpos muito tempo<br />
amados e<br />
Postos de lado agora, no caminho da espécie exigente e finita<br />
Nas entrelinhas lamentos</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br />
sobre ossos feliz o carregador de pedra</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br />
Porque o belo significa o fim provável dos terrores.<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>POEMA ANTIGO<br /></b><o:p> <br /></o:p>De noite atravessando o lago a
nado o momento<br />Que te põe em causa Já não há
outro<br />Finalmente a verdade Que tu mais
não és que uma citação<br />De um livro que não escreveste<br />Podes escrever uma vida para negar
isto na tua<br />Fita de máquina descorada O texto
lê-se à transparência</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /><o:p> <br /><div style="text-align: center;">•</div></o:p><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><div style="text-align: justify;">Heiner Müller nasceu em Eppendorf
a 9 de janeiro de 1929. Foi um dos dramaturgos mais importantes da Alemanha. Além
do teatro, escreveu poemas e em todo seu trabalho com a literatura aproxima-se
das estratégias criativas das vanguardas, com o Grupo de Viena ou nomes como o
do suíço Eugen Gomringer e Helmut Heissenbüttel. Morreu em Berlim a 30 de
dezembro de 1995.</div></span> <o:p> <br /></o:p><span style="font-size: x-small;">* Traduções de João Barrento.<br /></span> <o:p> </o:p></div>
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Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-4727881468998348362021-09-28T09:41:00.001-07:002021-12-22T08:53:02.804-08:00Dois poemas de Kenneth Rexroth <p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgH-CuspuL3GY2AccoOkD4jAVxiQSFnomtB-B2anVT_lLkCNcsqm-Zwp2GqADTwDdZ7EwEfurzqP9eDGG4kPBFYty2-NLTul7ANEY86Wp9XpCiH3Z4Z8ZYWiUM1at-nE6ewdeVrbvxfOi2ME7m8EAU-vXM9ltS4TYIV52PLotFV8vB4V3XvXl-8V1Q=s1940" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1293" data-original-width="1940" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgH-CuspuL3GY2AccoOkD4jAVxiQSFnomtB-B2anVT_lLkCNcsqm-Zwp2GqADTwDdZ7EwEfurzqP9eDGG4kPBFYty2-NLTul7ANEY86Wp9XpCiH3Z4Z8ZYWiUM1at-nE6ewdeVrbvxfOi2ME7m8EAU-vXM9ltS4TYIV52PLotFV8vB4V3XvXl-8V1Q=w400-h266" width="400" /></a></div><br /><p></p><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b>O LEÃO</b></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b><br /></b>É chamado o rei<br />dos animais. De hoje em dia<br />há tantos em jaulas<br />quantos os há lá fora delas.<br />Se te oferecerem uma coroa,
recusa.<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>O ABUTRE<br /></b><b><o:p> <br /></o:p></b>São Tomás de Aquino pensava<br />que a fêmea era lésbica<br />e o vento a emprenhava.<br />Se buscas os factos da vida,<br />os intelectuais papistas<br />podem ser muito enganadores<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /><div style="text-align: center;">•</div></o:p><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><div style="text-align: justify;">Kenneth Rexroth nasceu em South
Bend a 22 de dezembro de 1905. Considerado um dos primeiros poetas
estadunidenses a explorar na sua literatura as formas tradicionais da poesia
japonesa, Rexroth também é uma das figuras fundamentais para a Geração Beat. Morreu
a 6 de junho de 1982 em Santa Barbara.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span style="font-size: x-small;">
* Traduções de Jorge de Sena</span><br /><o:p> </o:p></div>
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Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-88704406558186414462021-09-21T16:35:00.001-07:002021-12-11T15:38:51.826-08:00Três poemas de Teófilo Dias<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEi1q-Z_QyAjUqzX6Dc6hFVkTZYfplptuhwmJAk8y8dhFFU1-lq8d0YXfKcK3-SHkJIFbjmOD6NxXbGKi1RSzMhBl3gZo_NfMNw3TAeJ1oZk6zJy--C0O0SFLTAC4HGnIBVo7h6u1t7qVGAFhKCwj_tbz-QtOWjGjp316_BNiJX86C7oeaJ9B1I4p78=s409" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="409" data-original-width="305" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEi1q-Z_QyAjUqzX6Dc6hFVkTZYfplptuhwmJAk8y8dhFFU1-lq8d0YXfKcK3-SHkJIFbjmOD6NxXbGKi1RSzMhBl3gZo_NfMNw3TAeJ1oZk6zJy--C0O0SFLTAC4HGnIBVo7h6u1t7qVGAFhKCwj_tbz-QtOWjGjp316_BNiJX86C7oeaJ9B1I4p78=w299-h400" width="299" /></a></div><br /> <p></p><p><b>A MATILHA</b></p> <br />Pendente a língua rubra, os sentidos atentos,<br />Inquieta, rastejando os vestígios sangrentos,<br />A matilha feroz persegue enfurecida,<br />Alucinadamente, a presa mal ferida.<br /> <br />Um, afitando o olhar, sonda a escura folhagem;<br />Outro consulta o vento; outro sorve a bafagem,<br />O fresco, vivo odor, cálido e penetrante,<br />Que, na rápida fuga, a vítima arquejante<br />Vai deixando no ar, pérfido e traiçoeiro;<br />Todos, num turbilhão fantástico, ligeiro,<br />Ora, em vórtice, aqui se agrupam, rodam, giram,<br />E, cheios de furor frenético, respiram,<br />Ora, cegos de raiva, afastados, dispersos,<br />Arrojam-se a correr. Vão por trilhos diversos,<br />Esbraseando o olhar, dilatando as narinas.<br />Transpõem num momento os vales e as colinas,<br />Sobem aos alcantis, descem pelas encostas,<br />Recruzam-se febris em direções opostas,<br />‘Té que da presa, enfim, nos músculos cansados,<br />Cravam com avidez os dentes afiados.<br /> <br />Não de outro modo, assim meus sôfregos desejos,<br />Em mantilha voraz de alucinados beijos,<br />Percorrem-te o primor às langorosas linhas,<br />As curvas juvenis, onde a volúpia aninhas,<br />Frescas ondulações de formas florescentes<br />Que o teu contorno imprime às roupas eloquentes:<br />O dorso aveludado, elétrico, felino,<br />Que poreja um vapor aromático e fino;<br />O cabelo revolto em anéis perfumados,<br />Em fofos turbilhões, elásticos, pesados;<br /> <br />As fibrilas sutis dos lindos braços brancos,<br />Feitos para apertar em nervosos arrancos;<br />A exata correção das azuladas veias,<br />Que palpitam, de fogo entumecidas, cheias,<br />— Tudo a matilha audaz perlustra, corre, aspira,<br />Sonda, esquadrinha, explora, e anelante respira,<br />Até que, finalmente, embriagada, louca,<br />Vai encontrar a presa, — o gozo — em tua boca.<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>O SINO<br /></b> <br />É doce, e ao mesmo tempo amargo, noite afora,<br />Pelo inverno, escutar junto ao fogo, que fuma,<br />O lento desfilar das lembranças de outrora,<br />Dos sinos ao tanger, que sonoriza a bruma.<br /> <br />Bem haja o sino, pois, de sonorosa goela,<br />Que, apesar da velhice, alerta, vigoroso,<br />Alteia fielmente o grito religioso<br />Qual velho militar, que sob a tenda vela.<br /> <br />Minh’alma é um sino velho e fendido. Sombrio,<br />Se tenta encher com o dobre o ar das noites frio,<br />Muita vez lhe agoniza a fraca, surda voz,<br /> <br />Como o extremo estertor do soldado esquecido<br />Sob um lago de sangue, entre mortos, ferido,<br />E que, imóvel, expira, em rude esforço atroz!<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p><b>SONETO DE UMA MOÇA POBRE<br /></b> <br />Eu bem sei que tu és o altivo bardo<br />Por quem bate meu seio comovido,<br />O nobre cavalheiro, por quem ardo,<br />Rico de amor, mas de ouro desprovido.<br /> <br />Eu, cautelosa e tímida, se guardo<br />Um recato composto e recolhido,<br />Se com aspecto frio te acobardo<br />O amor afouto, em chamas convertido,<br /> <br />Não é porque não pulse-me apressado<br />O sangue à minha mão, presa na tua,<br />Quando me sinto trêmula a teu lado;<br /> <br />É que me lembro que, a esperar da lua<br />O manto para roupa do noivado,<br />Morrerei de pudor, casando... nua.<br /><o:p> <br /><div style="text-align: center;">•</div></o:p><div style="text-align: justify;">Teófilo Dias nasceu em Caxias, Maranhão, a 8 de novembro de 1854. Foi morar no Rio de Janeiro em 1875, de onde parte para concluir seus estudos na Faculdade de Direito de São Paulo. Sua obra está reunida em livros como <i>Flores e amores</i> (1874), <i>Cantos tropicais</i> (1878), <i>Fanfarras</i> (1882), <i>Lira dos verdes anos</i> (1878) e <i>A comédia dos deuses</i> (1888). Morreu em São Paulo, a 29 de março de 1889.</div>Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5123693105510854729.post-61556463549127118012021-09-14T11:52:00.004-07:002021-09-14T19:09:41.977-07:00Oito poemas de Dante Alighieri<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcry7vHnwHUhcqPIEx4_c2IFXLfRrsYGsS99kEWI5Q_DRN-ndqfi9p20oFPUy4TwDuOKDDg084BJV2YFYdv8imOcCJkeOlUnNzJLp7WdqOtkFw8xKhN0-0-oeIp-mMxPxPm0NQy1pB-Fg/s790/91rp5-XQxgL.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="736" data-original-width="790" height="373" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcry7vHnwHUhcqPIEx4_c2IFXLfRrsYGsS99kEWI5Q_DRN-ndqfi9p20oFPUy4TwDuOKDDg084BJV2YFYdv8imOcCJkeOlUnNzJLp7WdqOtkFw8xKhN0-0-oeIp-mMxPxPm0NQy1pB-Fg/w400-h373/91rp5-XQxgL.jpg" width="400" /></a></div><br /><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br />A toda a alma prisioneira, a todo
o coração gentil,<br />até aos quais correndo vá o meu
lamento<br />(e que diga cada um aquilo que
sente)<br />saúde em seu Senhor, ou seja o
Amor.<br /><o:p> </o:p>Quase se tinha atingido a hora<br />em que a luz estelar mais viva nos
parece,<br />quando de súbito o Amor se me
mostrou,<br />e de tal forma que lembrá-lo me
horroriza.<br /><o:p> </o:p>Alegre me parecia, tendo<br />numa das mãos meu coração, e nos
braços,<br />envolta num cendal, minha dama,
adormecida.<br /><o:p> </o:p>Despertou-a; e desse coração, que
ardia,<br />ela comia, receosa, humildemente.<br />Vi-o depois afastar-se soluçando.<br /><o:p> </o:p></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p><br /></o:p>*<br />
Ó vós que no caminho do Amor passais,<br />dizei se há dor igual à minha,
grave;<br />peço, apenas, que me ouçais,<br />e que, depois, imagineis<br />que sou de todo o sofrimento albergue
e chave.<o:p><br /></o:p>Deu-me Amor por sua fidalguia,<br />que não por virtude que não tenho,<br />uma vida tão doce e tão suave<br />que amiúde a gente atrás de mim
dizia:<br />“Deus, porque estranha dignidade<br />tem este assim alegre o coração?”<br />Perdi, ora, toda a confiança<br />que do amoroso tesouro dimanava;<br />pelo que tão pobre fico<br />que até para falar careço de
valor.<br />Assim, fazendo como aqueles<br />que por vergonha ocultam seu
tormento,<br />por fora sou contentamento,<br />ao passo que por dentro me consumo
e choro.<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p>*<br />Chorai amantes, pois que chora o
Amor,<br />ouvindo a causa que a este faz
chorar.<br />Sente-se Amor trazido à Piedade pelas
damas<br />que pelos olhos vertem luto amaro;<br />a morte vil, em coração gentil,<br />fez obra cruel, devastadora,<br />destruindo o que no mundo é de
louvar<br />em mulher bela, de honra tão
dotada.<br />E ao Amor foi isto tão horrível<br />que o vi em lamentos verdadeiros<br />debruçado na imagem que morrera;<br />amiúde olhava o céu<br />onde já estava<br />aquela que fora tão formosa.<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p>*<br />Morte vil, à piedade avessa,<br />perene mãe da dor,<br />pesado juízo inelutável,<br />pois que motivo deste ao pobre coração<br />para que siga cuidadoso,<br />de te vituperar a língua se me
cansa.<br />E se da graça te vou fazer mendiga,<br />convém que diga<br />o teu errar sempre ominoso,<br />não porque à gente esteja oculta,<br />mas por cruciante ser<br />a quem de amor à tua vinda se
nutria.<br />Da vida já partiu a cortesia<br />e quanto nessa dama era virtude:<br />na leda juventude<br />morta foi a amorosa formosura.<br />Jamais encontrarei uma outra dama<br />que por graças semelhantes se
celebre.<br />Quem não mereça a salvação<br />não espere, nunca, recobrar-lhe a
companhia.<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p>*<br />Indo a cavalo, outro dia, num
caminho,<br />desgostoso do andar que aborrecia,<br />o Amor achei no meio da via<br />com ligeira veste de romeiro.<br />Figurava-se-me no rosto bem
mesquinho<br />qual se houvesse perdido senhoria;<br />e suspirando cuidadoso vinha,<br />para não ver a gente, de cabeça
baixa.<br />Quando me viu, chamou-me pelo nome,<br />
e disse: “Venho de remota parte<br />onde por vontade minha tinhas o coração;<br />e trago-o a servir deleite novo”.<br />Senti, então, depois de tal
notícia,<br />que se fora, e não me lembro como.<br /><o:p> </o:p></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p><br /></o:p>*<br />Quero, balada, que o Amor
encontres,<br /> e em sua companhia vás até a minha
amada,<br /> para que da razão minha — a qual
tu cantas —,<br /> com ela fale o meu senhor.<br /> Corres tu, balada, tão gentil,<br /> que mesmo só<br /> podias ir a qualquer parte;<br /> se queres andar segura, todavia,<br /> o Amor busca primeiro,<br /> que sem de talvez não seja bom
seguir;<br /> a que haverá de ouvir-te se,<br /> como creio, está comigo descontente,<br />
não fosses tu do Amor acompanhada,<br />
fácil seria que mal te recebesse.<br /> Com terno som, porque estarás com
ele,<br /> começa deste modo,<br /> se a sua piedade to concede:<br /> “Senhora, aquele que a vós me envia,<br />se aqui não sou desagradável,
quer,<br /> quando o desculpes, que me ouçais.<br />
Amor foi quem, pela vossa
formosura,<br /> olhar o fez outras mulheres.<br /> Mas se Amor o fez olhar a outras<br /> pensai que lhe o peito não mudou.”<br />
Diz-lhe: “Senhora, o peito seu
manteve<br />uma tão firme fé,<br /> que só em vos servir emprega o
pensamento:<br /> cedo foi vosso, jamais pode mudar.”<br />
Se ela te não crer,<br /> diz-lhe que ao Amor pergunte,<br /> e este lhe dirá toda a verdade:<br /> dirige-lhe, no fim, súplica
humilde,<br /> e se perdoar lhe desagrada,<br /> que me ordene, então, que morra,<br /> para ver obedecer quem bem a
serve.<br /> E fala aquele, de toda a piedade
chave,<br /> antes que parta, pois saberá dizer
quanto me<br /> assiste:<br /> “Por graça do meu suave som<br />luta ora aqui<br />e em favor do servo teu pondera;<br />e se ela por teus rogos lhe
perdoa,<br />faz que lho diga a paz dum rosto
belo.”<br />Gentil balada minha, quando
queiras,<br />deixa a luta se a honra não ganhares.<br /><o:p> </o:p></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p><br /></o:p>*<br />Todos os pensamentos meus falam de
Amor;<br /> e tem urna tão grande variedade<br /> que um me leva a desejar o seu
poder,<br /> por outro se me mostra o seu valor,<br /> outro, esperando, docemente, me
conforta,<br /> outro chorar me faz bastantes
vezes;<br /> só em querer piedade se
harmonizam,<br /> tremendo com o medo que me vai no
peito.<br /> Não sei, então, a que lugar me
volte;<br /> quero falar, e não sei bem que
diga:<br /> assim me encontro em amoroso
error!<br /> Se com todos me componho,<br /> chamar me convém minha inimiga,<br /> a Piedade, sim, que me defenda.<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /></o:p>*<br />Com as outras damas, do olhar meu,<br />
e não cuidais, senhora, que a razão<br />
de que noutro me transforme<br /> a vista seja da beleza vossa.<br /> Se a soubésseis, não poderia a
Piedade<br /> manter mais contra mim a prova
repetida,<br />pois que Amor, quando tão perro a
vós me<br /> encontra,<br /> ganha afoiteza e tanta segurança,<br /> que ataca os meus espíritos
medrosos,<br /> e a uns deixando morros, outros
feridos,<br /> só me consente que vos veja:<br /> por isso todo me transformo,<br /> mas não tanto que não sinta
fundamente<br /> o mal da zombaria dolorosa.<br /><o:p> <br /><div style="text-align: center;">•</div></o:p><div style="text-align: justify;">Dante Alighieri nasceu em
Florença, entre 21 de maio e 20 de junho de 1265 d. C. e morreu exilado em
Ravena, no dia 13 ou 14 de setembro de 1321 d. C. Importante nome da cena
política florentina, é considerado o primeiro e maior nome da literatura italiana.
Seu trabalho maior, <i>La Divina Commedia</i> ou simplesmente <i>Commedia</i>,
é considerado marco essencial da fundação da literatura ocidental. Escreveu
também um texto que mistura formas literárias diversas, como<i> La</i> <i>Vita Nuova</i> (dedicado
ao seu amor por Beatriz e de onde saíram os poemas aqui publicados), <i>Le Rime</i>, que reúne parte do seu <i>canzoniere</i>
e textos de intervenção crítico-filosófica, como <i>Il Convivio </i>e de <i>De
Monarchia</i>.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;">* Traduções de Carlos Eduardo Soveral.</span></div></div><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
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