O espaço não
está vazio
ele pode ser uma parede
que rompe a cabeça
rochedo que cega a picareta
diamante que nos escalpela
O espaço está vazio somente
dentro de mim e da matéria
pela qual inúmeros viajantes sem bagagem
passam depressa sem passaportes
vão adiante ou retornam
Lá no vazio também tenho
a minha órbita para sempre despegada
que será povoada quando o de ontem
colidir com o eu de amanhã
anular-se-á ou voltará no tempo
passará desapercebido pelas quanta de tudo
ele pode ser uma parede
que rompe a cabeça
rochedo que cega a picareta
diamante que nos escalpela
O espaço está vazio somente
dentro de mim e da matéria
pela qual inúmeros viajantes sem bagagem
passam depressa sem passaportes
vão adiante ou retornam
Lá no vazio também tenho
a minha órbita para sempre despegada
que será povoada quando o de ontem
colidir com o eu de amanhã
anular-se-á ou voltará no tempo
passará desapercebido pelas quanta de tudo
O ventre
na palma da mão
Lago afora a
chuva vai-se embora
feito
cavalaria fantasma – somente cascos desgastados
são
realidade, e cada um com afiada ponta bifurcada
a rasgar
cada poro da epiderme lacustre
em vez de
chagas porém brotam crostas-arrepios
Eriçou-se
esse animal e serenou
e passou a
lamber as próprias peles
com a longa
língua longos plátanos enfileirados
estirados
por ninfas com bolhas de sabão e espuma
para que na
elevação sobrenadem pedaços de madeira e restos
Farfalharam
os secos caniços fúlvido-alvos
(a lança
neles transforma-se de verdade?)
enxugando as
próprias asas – em breve germinarão
novas penugens
verde-azuladas, penas e bicos
– marrecos
que emergem, cormorões que submergem .....
A extensa
Água revolve e renova o ventre
em meio às
alvas nuvens esparramadas surgem nódoas
o
azul-escuro o brilho do sol mas sobre a palma da mão do lago
da
transparência profunda emerge até o firmamento
esmeralda
gigantesca – ovo de Páscoa em fita rubro-branca sobre o arco-íris
Ohrid,
final de Março
•
Bogumil
Diúzel nasceu em Čačak, na Sérvia, em 1939. Estudou Língua e Literatura
Inglesas na Universidade de Skopje, na Macedônia, e, mais tarde, na
Universidade de Edimburgo, na Escócia.
* Traduções
de Aleksandar Jovanović; a primeira publicada na revista Modo de usar e
a segunda nos Cadernos de Literatura em Tradução da USP (n. 17)
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