sexta-feira, 4 de março de 2011

Dois poemas de Age de Carvalho



DO TANTO

investido em sangue,
do tanto
de destino que em ti
verti,
por ti
vindo até aqui, cruzando
o nome e o samo
do velho carvalho —
em ti, Estirpe,
a caminho,
sob ramo e raiz, re-
semantizado:
a pé,
alado,
em lombo, boleia, dorso
de trens, trans,
viajando através da carne.


"E DEPOIS DISTO NOSSO EXÍLIO"

a Mirek Konopka, in memoriam

"Veio Cristo, o tigre"
logo cedo pela manhã
no lombo do verso encourado,
quando de ti
chegava a notícia
da ida adiada para antes-do-Ontem,
tua partida e exílio
para depois-de-todo-amanhã,
na névoa.

Pensava:
Ele está em ti,
dele carneiro e servo, sedado de verdade.
Ele está em ti,
todo espalhado no pâncreas cintilante-minado.
Ele está em ti,
assim como, queremos crer,

naquele ramo de sânscrito
transcrito na pétala
rósea-declinada,

de significado chão,
ao pé da cerejeira jovem
em floração.



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