Só tu
Dos lábios que me beijaram,
Dos braços que me abraçaram
Já não me lembro, nem sei...
São tantas as que me amaram!
São tantas as que eu amei!
Mas tu - que rude
contraste!
Tu, que jamais me beijaste,
Tu, que jamais abracei,
Só tu, nestalma, ficaste,
De todas as que eu amei.
Tu, que jamais me beijaste,
Tu, que jamais abracei,
Só tu, nestalma, ficaste,
De todas as que eu amei.
Sinh'Ana
Sinh'Ana é uma velhota quitandeira,
Comadre e amiga desta vila inteira,
Rica nos anos, rija na saúde
Que vive toscamente ao pé da estrada,
Numa casinha, simples e barreada,
Dum pitoresco delicioso e rude.
Ah! Quanta vez, nessas manhãs vermelhas,
Cheias de aromas, de canções, de abelhas,
Nós dois, numa travessa caminhada,
Não vínhamos ali — que bom passeio! —
Ver a frescura, a paz, o casto asseio,
Da humilde casinhola ao pé da estrada!
E quanta vez também (que ação profana!)
Doirávamos a toca de Sinh'Ana,
Com beijos e carícias romanescas,
Enquanto a velha, a cândida velhinha,
Voltando ingenuamente da cozinha,
Trazia um prato de broinhas frescas...
A vila
Lembro-me bem dessa
vilota rude,
Onde eu me fui, sem gosto e sem saúde,
Buscar um poiso para os meus cansaços.
Que terra triste! Triste e sertaneja:
A escola, a hospedaria, a antiga igreja,
E a capelinha do Senhor dos Passos...
Onde eu me fui, sem gosto e sem saúde,
Buscar um poiso para os meus cansaços.
Que terra triste! Triste e sertaneja:
A escola, a hospedaria, a antiga igreja,
E a capelinha do Senhor dos Passos...
Na esquina, em frente à
Câmara, o barbeiro.
Logo depois, num colossal letreiro,
A "Loja Popular" do velho Lopes.
E é bem no largo da Matriz que fica
A sempiterna, a clássica botica,
Com seus reclames de óleos e xaropes...
Logo depois, num colossal letreiro,
A "Loja Popular" do velho Lopes.
E é bem no largo da Matriz que fica
A sempiterna, a clássica botica,
Com seus reclames de óleos e xaropes...
Ah! Foi aí, nesse ermo de
tristeza,
Nessa terreola fúnebre e burguesa,
Tão sem encantos, tão descolorida,
Que eu fui viver, com lágrimas e flores,
No mais cruel amor dos meus amores,
A página melhor da minha vida!
Nessa terreola fúnebre e burguesa,
Tão sem encantos, tão descolorida,
Que eu fui viver, com lágrimas e flores,
No mais cruel amor dos meus amores,
A página melhor da minha vida!
De Alma cabocla
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