segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
Três poemas de Nina Rizzi
cantata ao namorado
não enlace tua ideia à minha
desabite o nome e fúria
suzanne déchevaux-dumesnil
em um só tempo de árvores maduras
para o alto com as mãos:
a noite está tão fria lá fora e o silêncio pesa
vem, cola tua mão na minha
até que seja invisível ao mundo
como às tardes nouvelle vague
oferece ao largo tua ausência
em detrimento de mim - insula
e o seu duplo - epistolares
e fiquemos pois amassados
e esquecidos - em nossa sta. maría
calados como quem gane
te amar, assombro
água e sal são meus olhos.
deserto é te esperar.
aurora sobre o rio angicos
há em meus olhos a beleza mais colorida.
tão inesquecível quanto o crepúsculo
da memória ganhada, me ergo, arregalada.
e já não há nada dorido em meus olhos
se pareço chorar fácil, é verdade
diante do que de fato importa
o sol, amarelo e vagaroso
rasgando mil nuvens de paz
sangrando o rio e meu peito
estio, alvoroço.
* Poemas de A duração do deserto.
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