segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Três poemas de Álvaro Moreyra



DESTINO

Todo mundo ama porque
todo mundo sempre amou.
É só por imitação.
Todo mundo ama porque
ninguém ainda inventou,
desde a anedota de Adão,
coisa melhor para a gente
trocar por uma alegria
que vem e vai de repente
a pobre melancolia
que nunca mais deixa a gente...


MISTÉRIO

Chamam certas mulheres de infelizes.
E dizem que elas são da vida alegre...


A MANGUEIRA E O SABIÁ

O sabiá pousou em cima da mangueira e cantou,
cantou uma semana inteira.
Depois foi-se embora, nunca mais voltou.
A mangueira ficou triste mas toda cheia de
mangas.
Mangas doces, tão bonitas, a mangueira nunca
deu.
Deu agora de saudade, porque a mangueira
sofreu.
Quanta mulher sabiá!
E quanto homem mangueira!...



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Álvaro Moreyra nasceu no dia 23 de novembro de 1888, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Foi para o Rio de Janeiro em 1910, onde concluiu o curso de Direito. Depois de uma estadia na Europa encetou a carreira jornalística no Rio, tendo sido redator de publicações como Fon-FonBahia IlustradaA HoraBoa NovaIlustração BrasileiraDom CasmurroDiretrizes e Para Todos. Da sua obra, destacam-se os títulos: Degenerada, Elegia da bruma, O outro lado da vida e Cocaína. Álvaro Moreyra morreu no Rio de Janeiro no dia 12 de setembro de 1964.

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