quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Dois poemas de R. Roldan-Roldan



Virgens de alabastro sob o luar
sombreadas por salgueiros
semeando espasmos azulados
nas clareiras de marfim
onde vagam pelas trilhas da noite
as notas sem som do realejo
que acalentam devaneios
deslizando-os sobre a brisa até o buxal
onde o falo solitário
túrgido de espera
uivando a tristeza da companheira abrumada
pulsa
ermo
pleno
o sangue pingando nos pergaminhos da alma
murmúrios de paixão exigindo seu resgate
nos brancos da carne
nos interstícios da morte
clarões intermitentes
rubras lufadas
no silente argento


*

Sou grito
emerjo
urjo ser
rebelo-me logo existo
imobiliza-me a rapidez
imenso
mutilado nos limites do não liberto
ouço os ciclos da verdade
morrendo e renascendo dos modismos
fluxos até
a ignominia da massificação
rima dignidade com demência?
demência com inocência?
submerjo-me em não-importância
dreno o sentimento apago vasculho o silêncio
coro a cor cortando o odor da minha pele
reduzindo a essência
o nada do universo
dissipo-me
humilde
ínfimo
feto



* De Os úberes do infinito

.

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