DESTINO
Todo mundo
ama porque
todo mundo
sempre amou.
É só por
imitação.
Todo mundo
ama porque
ninguém
ainda inventou,
desde a
anedota de Adão,
coisa melhor
para a gente
trocar por
uma alegria
que vem e
vai de repente
a pobre
melancolia
que nunca
mais deixa a gente...
MISTÉRIO
Chamam
certas mulheres de infelizes.
E dizem que elas são da vida alegre...
A MANGUEIRA E O SABIÁ
O sabiá
pousou em cima da mangueira e cantou,
cantou uma semana inteira.
Depois foi-se embora, nunca mais voltou.
A mangueira ficou triste mas toda cheia de
mangas.
Mangas doces, tão bonitas, a mangueira nunca
deu.
Deu agora de saudade, porque a mangueira
sofreu.
Quanta mulher sabiá!
E quanto homem mangueira!...
cantou uma semana inteira.
Depois foi-se embora, nunca mais voltou.
A mangueira ficou triste mas toda cheia de
mangas.
Mangas doces, tão bonitas, a mangueira nunca
deu.
Deu agora de saudade, porque a mangueira
sofreu.
Quanta mulher sabiá!
E quanto homem mangueira!...
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Álvaro Moreyra nasceu no dia 23 de novembro de 1888, em Porto
Alegre, Rio Grande do Sul. Foi para o Rio de Janeiro em 1910, onde concluiu o
curso de Direito. Depois de uma estadia na Europa encetou a carreira
jornalística no Rio, tendo sido redator de publicações como Fon-Fon, Bahia Ilustrada, A Hora, Boa Nova, Ilustração Brasileira, Dom Casmurro, Diretrizes e Para
Todos. Da sua obra, destacam-se os
títulos: Degenerada, Elegia da bruma, O outro lado da vida e Cocaína.
Álvaro Moreyra morreu no Rio de Janeiro no dia 12 de setembro de 1964.
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