quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Dois poemas de Lábios-espelhos, de Marize Castro




OLOR 

O tempo de despedida chegou.
Mas Deus me quer forte.
Estranha flor.

Mil casas dentro desta casa.
Cada uma com seu anátema.
Oráculo.
Olor.


ESTRANGEIRA

Abriga-me em suas coxas
pois perdi a rota.
Por erro, talvez.
Raro destino, quem sabe.

Fui além de mim.

Afastei-me de casa.
Confundi-me com outras.
Surpreendi-me.

Os fios que teci na sua escuridão
tornaram-me seta e luz.

Mais estrangeira do que sempre fui. 

 

Marize Castro nasceu em Natal em 1962. Entre os diversos livros publicados estão Marrons Crepons Marfins (1984), Rito (1993), poço. festim. mosaico (1996), Esperado ouro (2005) e Lábios-espelhos (2009). 


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