JOELHO
Ponho um beijo
demorado
no topo do teu joelho
Desço-te a perna
arrastando
a saliva pelo meio
Onde a língua
segue o trilho
até onde vai o beijo
Não há nada
que disfarce
de ti aquilo que vejo
Em torno um mar
tão revolto
no cume o cimo do tempo
E os lençóis desalinhados
como se fosse
de vento
Volto então ao teu
joelho
entreabrindo-te as pernas
Deixando a boca
faminta
seguir o desejo nelas.
SEGREDO
Não contes
do meu
vestido
que tiro
pela cabeça
Nem que
corro os
cortinados
para uma
sombra mais espessa
Deixa que
feche o anel
em redor do
teu pescoço
Com as
minhas longas
pernas
e a sombra
do teu poço
Não contes
do meu
novelo
nem da roca
de fiar
Nem o que
faço
com eles
a fim de te
ouvir gritar
EDUCAÇÃO
SENTIMENTAL
Põe devagar
os dedos
devagar…
e
sobe devagar
até ao cimo
o suco lento
que sentes
escorregar
é o suor das
grutas
o seu vinho
Contorna o
poço
aí tens de
parar
descer,
talvez
tomar outro
caminho…
Mas põe os
dedos e sobe
devagar…
Não tenhas
medo
daquilo que
te ensino
•
Maria Teresa Horta nasceu em Lisboa, Portugal,
em 20 de maio de 1937. Formou-se em Letras pela
Universidade de Lisboa e apresentou seu primeiro trabalho em 1960, o livro de
poemas Espelho inicial. Fez parte do grupo Poesia 61, originado a partir
de uma revista de mesmo nome. No início dos anos setenta, publica o livro Novas cartas portuguesas ao lado de Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa;
a obra fez a escritora ser conhecida no mundo, dada a perseguição e a censura impostas pela ditadura portuguesa e as solidariedades de intervenção feministas que envolveu nomes como Simone de Beauvoir. Autora de vasta obra que se divide entre a prosa e a poesia.
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