Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
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Alexandre O’Neill nasceu em Lisboa a 19 de dezembro de 1924, cidade onde passou toda a vida até o dia 21 de agosto de 1986. Colaborou largamente com a imprensa portuguesa, destacando-se suas colunas no Diário de Lisboa, em A Capital e no Jornal de Letras. Sua estreia acontece ainda em 1948 com A ampola miraculosa. Fortemente marcado pelas expressões do surrealismo se fez um dos importantes nomes dessa vanguarda em Portugal. Publicou ainda obras como No reino da Dinamarca (1958), Poemas com endereço (1962), Feira cabisbaixa (1965), A saca de orelhas (1979), entre outras. Escreveu prosa, da qual se destaca Uma coisa em forma de assim (1980); traduziu autores como Maiakóvski, Bertolt Brecht, Alfred Jarry; e compôs roteiros para o cinema e a televisão.
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