meu pai que não está na foto
comi distância nas pálpebras
fechadas de minha razão
pude sentir a minha Loucura
sempre sorrindo de dentadura
oro aos sãos que me querem
tateando o Horizonte dentro
daquela noite eterna
em que me deitei em mim
pra sempre quis estrelas
quem sabe irei ser um dia
aquela que adiante guiará
meu pai no mar da poesia
toda a vida em um segundo
morrendo a cada
dez minutos uma vez
o círculo se fecha
e cada vez mais
o que vai indo vai
pra nunca mais
o que fica é o futuro
uma criança na foto
por que nenhuma
mãe guardou
nossas fotos
quando adultos
o piolho
o piolho numa folha de papel é um ponto (ponto).
na cabeça é uma serra-elétrica.
a esteira é ergométrica e o piolho anda quando eu ando.
sinto falta dos piolhos da infância e corto o cabelo curto.
estou sempre em curto. Curto isso.
estes seres abjetos (objetos abjetos) têm que viver (interrogação)?
talvez seja um deles ou venha a ser já que não faço nada.
como uma empada e arroto Coca. Deus é um piolho na toca.
bandeira vermelha
o sono eterno da pedra
as falésias surfando
o mar de cicatrizes
à cata está o poeta
de alguma imagem rara
ou de alguma metáfora nua
na ressaca da prudência
alguns ficam nas pranchas
carrancas com medo
castelos de areia
crianças à milanesa
o céu maior que tudo
e à maneira do sol
espero o mar crescer
se encher de sudoeste
......................
Poemas da página oficial de Rodrigo de Souza Leão.
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