Por Pedro Fernandes
A edição que agora se publica é resultado de um produtivo
encontro virtual. A afirmação é não apenas uma constatação e nem tampouco uma
ironia. Poderia até ser uma ironia, dado que esta publicação surgiu e é em meio
virtual e logo por essa via nasceu esse encontro – talvez por ser uma situação
virtual as coisas estejam sempre mais propícias a acontecer dessa maneira e não
de outra. E não é apenas uma constatação porque isso é uma afirmativa que tem
um caráter anunciativo. Quando digo ser produto de um encontro virtual, o
leitor pedirá que sejam especificadas as partes encontradas: uma, é evidente, é
o próprio periódico e seu editor-fundador, a outra, foi a que descobriu no periódico
e no editor uma possibilidade de investir parte de seu trabalho e poder ampliar
as possibilidades, as fronteiras e os lugares da proposta que, depois desse
enigmático número 7, chega aos seus bem vividos três anos: estamos a sair das
fraldas, é verdade, mas quem já nos acompanha desde o princípio, terá percebido
que temos buscado nos aperfeiçoar, de modo a oferecer novos territórios da arte
poética e colocá-los sempre em diálogo, como se tivéssemos sempre imbuídos do
intuito de dizer “olhem, aqui estamos”.
O encontro foi com o professor, poeta e crítico Cesar Kiraly
sobre quem tivemos já oportunidade de conversar a respeito. Foi dele, por
exemplo, a ideia de, depois do centenário de nascimento de Lúcio Cardoso,
oferecer aos leitores uma edição em homenagem ao escritor mineiro. E sabendo da
potencialidade poética de Lúcio – e de certo modo já também interessado no
escritor – logo acatei a ideia e juntos passamos a dar molde a ela. Feita a
parceria, este caderno-revista 7 foi sendo desenhado passo a passo pelos canais
virtuais: e-mails e mensagens do Facebook que o digam. (Pena eu tenho é de como
registrar isso para um futuro distante.) Para não ficar com a culpa de que
desperdiço palavras, quero dizer novamente, embora de outra maneira, o que
escrevi há alguns dias em minha página pessoal no Facebook sobre a minha
satisfação em poder dispor on-line mais uma edição deste periódico e ao lado de
Cesar. As novidades que os leitores encontrarão ao longo das quase 200 páginas
são produtos do trabalho dele e dos que se dispuseram a remeter materiais ou
que aceitaram o convite para produzi-los tendo em vistas esta edição.
Sobre Lúcio Cardoso se publicam três ensaios que, ao invés
de cobrir apenas o lugar do poeta, que expor uma cartografia da sua escrita:
assim, Marília Rothier Cardoso pensa, em linhas gerais sobre esse lugar da
escrita cardosiana, Ordieli Costa dos Santos pensa sobre determinados temas
recorrentes na produção novelística do escritor, gênero pelo qual ficou mais
conhecido com textos como Crônica da casa
assassinada, e Ésio Macedo Ribeiro, pensa sobre o trabalho poético de
Lúcio. E aqui é necessário sublinhar o papel do professor. Ésio é hoje uma das
maiores autoridades no Brasil quando o assunto é Lúcio Cardoso, graças ao
intenso e extenso trabalho de organização do catatau Poesia Completa, livro que compila os poemas já editados em livro
de Lúcio e apresenta uma quantidade ainda maior de inéditos. Não apenas sobre
esse processo de edição que Ésio tão bem comenta no seu texto publicado nesta
edição, como ainda nos cedeu uma leva de fac-símiles de inéditos de Lúcio
Cardoso.
Depois, é necessário registrar o empenho dos que enviaram material
para seleção e publicação. São doze os poetas ora publicados: Rosana Banharoli,
Leonardo Chioda, Lara Amaral, Grabriel Resende Santos, Alexandra Vieira de
Almeida, Jairo Macedo, Homero Gomes, Thiago Souza, Mariano Tavares, Mario
Filipe Cavalcanti, Casé Lontra Marques e Ana Romano.
Outra novidade dessa edição é que ela terá uma pitada do work in progress: adiante sairá um
encarte com um ensaio belíssimo de Cesar Kiraly. Já faço o comunicado agora
para deixar o leitor à espreita.
Só me resta é desejar uma rica leitura.
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