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Não vivo por mim mesmo. Sou só um
Elo do que me cerca, mas se a altura
Das montanhas enleva-me, o zum-zum
Das cidades humanas me tortura.
A criação só errou na criatura
Presa à carne, onde paro, relutante,
Buscando, libertada a alma pura,
Mesclar-me ao céu, aos montes, ao ondeante
Plaino do oceano, às estrelas, e ir adiante.
Elo do que me cerca, mas se a altura
Das montanhas enleva-me, o zum-zum
Das cidades humanas me tortura.
A criação só errou na criatura
Presa à carne, onde paro, relutante,
Buscando, libertada a alma pura,
Mesclar-me ao céu, aos montes, ao ondeante
Plaino do oceano, às estrelas, e ir adiante.
113
O mundo eu não o amei, nem ele a mim;
Não bajulei seu ar vicioso, nem dobrei
Aos seus idólatras o joelho do sim. -
Meu rosto não abriu risos ao rei
Nem repetiu ecos; a turba, eu sei,
Não me inclui entre os seus. Vivi ao lado
Deles, porém sem ser da sua grei;
E à mortalha da sua mente atado
Estaria se não me houvesse precatado.
Não bajulei seu ar vicioso, nem dobrei
Aos seus idólatras o joelho do sim. -
Meu rosto não abriu risos ao rei
Nem repetiu ecos; a turba, eu sei,
Não me inclui entre os seus. Vivi ao lado
Deles, porém sem ser da sua grei;
E à mortalha da sua mente atado
Estaria se não me houvesse precatado.
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Lord Byron nasceu no dia 22 de janeiro de 1788,
em Londres. Cedo tornou-se uma das figuras mais importantes do romantismo,
destacando-se pelos poemas narrativos A peregrinação de Childe Harold
e Don Juan, além da composição de poemas líricos curtos. Morreu a 19 de
abril de 1824, onde atualmente é Etólia-Acamânia, na Grécia.
* Tradução de Augusto de Campos
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