MEU EPITÁFIO
Morta...
serei árvore
Serei
tronco, serei/ronde
E minhas
raízes
Enlaçadas às
pedras de meu berço
São as
cordas que brotam de uma lira
Enfeitei
de/olhas verdes
Apedra de
meu túmulo
Num
simbolismo
De vida
vegetal
Não morre
aquele
Que deixou
na terra
A. melodia
de seu canto
Na música de
seu verso.
CONSIDERAÇÕES
DE ANINHA
Melhor do
que a criatura,
fez o criador a criação.
A criatura é limitada.
O tempo, o espaço,
normas e costumes.
Erros e acertos.
A criação é ilimitada.
Excede o tempo e o meio.
Projeta-se no Cosmos
fez o criador a criação.
A criatura é limitada.
O tempo, o espaço,
normas e costumes.
Erros e acertos.
A criação é ilimitada.
Excede o tempo e o meio.
Projeta-se no Cosmos
ANINHA E
SUAS PEDRAS
Não te
deixes destruir…
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua
vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua
vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é
para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.
•
Cora Coralina nasceu na cidade de Goiás, antiga Villa Boa de Goyaz no dia 20 de agosto de 1889. Poeta e contista brasileira de prestígio, tornou-se um dos marcos da
literatura brasileira. Iniciou sua carreira literária aos 14 anos
com o conto “Tragédia na roça” publicado no Anuário Histórico e Geográfico do
Estado de Goiás. Casou-se com o advogado Cantídio Tolentino de Figueiredo Brêtas e teve
seis filhos. O casamento a afastou de Goiás por 45 anos. Ao voltar às suas
origens, viúva, Cora Coralina iniciou uma nova atividade, a de doceira. Além de fazer seus doces, nas horas vagas ou entre panelas e fogão,
Aninha, como também era chamada, escreveu a maioria de seus versos. Publicou o seu primeiro livro aos 76 anos de idade e despontou na
literatura brasileira como uma de suas maiores expressões na poesia moderna. Em
1982 – mesmo tendo estudado somente até o equivalente ao 2º ano do Ensino
Fundamental – Cora Coralina recebeu o título de doutora Honoris Causa pela
Universidade Federal de Goiás e o Prêmio Intelectual do Ano, sendo, então, a
primeira mulher a receber o troféu Juca Pato. No ano seguinte foi reconhecida
como Símbolo Brasileiro do Ano Internacional da Mulher Trabalhadora pela FAO.
Morreu em Goiânia em 10 de abril de 1985.
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