UM ARTIGO DE COURO
a plana cama
do cara da marmita
agita
coma a cama
como arroz e repolho frito.
o encontro trama
um afeto
mas ele pensa
repensa (às 5 da manhã
na banca
o cartaz nu
da nua mulher)
repensa com gana
(às 18:30 hs
na americana
os seios a ceia
as mulheres a grana
em baixo de sua luva
o suor com ares de orgasmo
apenas Joana
a plana cama
dura
cura
o dia de tanto faz
o dia normal
anormal igual
desigual o dia dia
sem mudança
mesmo dança
não cansa
tudo tanto faz
a plana cama
aos poucos desfaz
as rugas, filhos e flores.
ré REI rainha
olha firme
nas partes do
Rei
olhos do Rei
com as dobras
flagas
E os mesmos números pela conta
nos mesmos dias
Olha firme
nas partes do
Rei
Observa o pé
a calça
firme
cuidado
firme
Observá o ré
Rei
SONETO DESATAVIADO
Figuras no mundo, sozinhas
entristecem os seus olhares perdidos
com a mesma solidão
dum canto espremido de angústia.
Num canto, o medo
noutro, desconsolos
de um tempo sem rumo
num tempo sem fim.
Se contorce de fome o homem
sôfrego, feroz a ânsia
o perturba, E geme surrado.
Atira-se com força e loucura
no grito maior - liberdade contra a morte.
Insano, dobra os joelhos e chora.
* Na coluna "Painel das Letras", no jornal "Folha de São Paulo",
Raquel Cozer faz o divertido registro sobre o passado como poeta do novo
ministro Luiz Edson Fachin. "Enquanto cursava Direito na Universidade
Federal do Paraná, no final dos anos 1970, ele frequentava os mesmos círculos
literários de Paulo Leminski e Alice Ruiz, e chegou a publicar um livro,
"Abaixo-Assinado", com o amigo João Bosquo", registra a
colunista que foi resgatar o lado menos conhecido dessa verve através do
jornalista João da Penha, que na época foi um dos editores do suplemento
literário do jornal carioca "Tribuna da Imprensa". "Tenho a impressão de que, se ele não
tivesse escrito poesia, a literatura brasileira não iria se ressentir",
brinca o jornalista.
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