SEM AMOR
Viver sem
amor
É como não
ter para onde ir
Em nenhum
lugar
Encontrar
casa ou mundo
É contemplar
o não-acontecer
O lugar onde
tudo já não é
Onde tudo se
transforma
No recinto
De onde tudo
se mudou
Sem amor
andamos errantes
De nós
mesmos desconhecidos
Descobrimos
que nunca se tem ninguém
Além de nós
próprios
E nem isso
se tem
CARTA DE
AMOR INFORMÁTICO
Penetraste
no meu coração
Como um
vírus no meu computador
Vindo de
lado nenhum
Ofereces-me
agora
O vazio da
não opção
Estragaste-me
o real
Obrigaste-me
a reinventá-lo:
Para quê?
Agora estás
No meu
cemitério de textos
Já não te
posso reencaminhar
Arquivei-te
no lixo da memória
Do meu
Pentium IV
Que aliás já
vendi
Troquei-o
por um lap top
Mais leve
Mais
portátil
Mais
facilmente descartável
A vida do
meu corpo
É toda uma
lição
Fechada
folha em acto
A seu
respeito
Continuam as
perguntas
Por exemplo:
Quando é que
Adão e Eva
Primeiro se
encontraram?
Qual foi a
hora
Do fatídico
acto?
No paraíso
O tempo
despenha-se
Numa
corrente acrónica
Ah!
Apressa o
teu passo
Fortuito
acaso
A atenção ao
corpo
É um vínculo
selvático
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