DE RELANCE
Semeio com
minhas mãos,
Planto com
os meus rins;
É muda a chuva
fina.
Numa estrada
estreita,
Escrevo o
meu segredo.
Não é meia
noite quem quer
O eco é meu
vizinho,
A bruma, a
minha sequência.
FASTOS
O Verão cantava sobre a sua rocha preferida
quando tu me apareceste,
o Verão cantava afastado de nós
que éramos silêncio,
simpatia, liberdade triste,
mar
mais ainda do que o mar,
cuja enorme comporta azul
brincava aos nossos pés.
O Verão cantava
e o teu coração nadava longe dele.
Eu beijava a tua coragem,
entendia a tua perturbação.
Estrada através do absoluto das vagas
em direção a esses altos picos de escuma
onde navegam virtudes assassinas
para as mãos que seguram as nossas casas.
Não éramos crédulos.
Éramos rodeados.
Os anos passaram.
As tempestades morreram.
O mundo partiu.
Sofria
por sentir que era o teu coração que já não me conhecia.
Eu amava-te.
Na minha ausência de rosto e no meu vazio de felicidade.
Eu amava-te, mudando em tudo,
fiel a ti.
* Tradução
de Margarida Vale Gato
*
Nas ruas da
cidade caminha o meu amor. Pouco importa onde vai no tempo dividido. Já não é
meu amor, todos podem falar-lhe. Ele já não se recorda. Quem de facto o amou?
Procura o seu igual no voto dos olhares. O espaço que percorre é a minha fidelidade. Ele desenha a esperança e ligeiro despede-a. Ele é preponderante sem tomar parte em nada.
Vivo no seu abismo como um feliz destroço. Sem que ele o saiba, a minha solidão é o seu tesouro. No grande meridiano onde inscreve o seu curso é a minha liberdade que o escava.
Nas ruas da cidade caminha o meu amor. Pouco importa onde vai no tempo dividido. Já não é o meu amor, todos podem falar-lhe. Ele já não se recorda. Quem de facto o amou e de longe o ilumina para que ele não caia?
* Tradução de Yvette Centeno
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