sexta-feira, 1 de abril de 2016

Quatro poemas de António Barahona



AUTO-RETRATO

Apenas um homem
com febre de versos:
minha sã imagem
nua até aos ossos.


SE NÃO FOSSE O SANTÍSSIMO PROFETA

Se não fosse o Santíssimo Profeta
Muhammad (que a paz e as bênçãos de Deus estejam com ele)
revelar o divino Livro, eu não seguia
plo caminho direito da prosódia.

Se não fosse o Santíssimo Profeta
Muhammad (que a paz e as bênçãos de Deus estejam com ele)
que iluminou a minha alma, eu não veria
o espírito nocturno à luz do dia.

Se não fosse o Santíssimo Profeta
Muhammad (que a paz e as bênçãos de Deus estejam com ele)
– Rassul* de tanta perfeitíssima dicção –
eu não aspiraria às índoles do som.


VIDA E POESIA

Quando o poeta é praticante
não diz: isto é a minha vida
e isto a minha poesia;
mas, sim, afirma
isto sou eu:
vida e poesia sem dicotomia


EPÍLOGO

Acendo um círio terminado o ciclo
da rosa rotativa ao rés do rosto:
ilumino a expressão do que, profundo,
intento, à luz rufa do crepúsculo:
apenas o diário dum recluso
em liberdade na prisão do mundo.



Do árabe, “Mensageiro”
** Poemas enviados por Pedro Belo Clara.

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