AGUARDANDO SUA EXECUÇÃO
Lá, mantido
contra o muro, ao amanhecer, seus olhos
descobertos,
enquanto doze
armas são-lhe apontadas, ele com calma sente
que é jovem
e tem boa aparência, que deseja estar bem barbeado,
que o
horizonte distante, rosa pálido, se converte nele
– e, sim,
que seus genitais conservam seu próprio peso,
há algo
triste na excitação deles – aí onde
os eunucos miram,
e para onde
apontam; – se converteu já na estátua
de si mesmo?
Ele,
vendo-se lá, nu, num dia brilhante
de verão
grego, na praça, – olhando para o
que está no
alto
ele mesmo depois
os ombros da multidão, por trás
de
apressados turistas de grandes nádegas,
por trás das
três velhas falsas de chapéus pretos.
DISTANCIAMENTO
Desapareceu ao
fundo da rua
A lua havia saído
já.
Um pássaro mexeu-se
entre as árvores.
Uma história
comum, simples.
Ninguém havia
notado nada.
Entre os
dois postes,
um grande
charco de sangue.
ENUMERAÇÃO
A gente fica
na rua, olha.
Os números
sobre as portas não significam nada.
O carpinteiro
está martelando um prego sobre uma mesa larga
e estreita.
Alguém prega
uma lista de nomes no poste de telégrafo.
Um pedaço de
jornal vibra, preso nos espinhos.
As aranhas
estão debaixo das folhas de videira.
Uma mulher
sai de uma casa para entrar em outra.
A parede
amarela e úmida; se descama
Na janela do
homem morto, uma gaiola com um canário.
* Traduções de Pedro Fernandes a partir da publicação espanhola "Colección Antológica de Poesía Social"
* Traduções de Pedro Fernandes a partir da publicação espanhola "Colección Antológica de Poesía Social"
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