INICIAÇÃO
São as horas
paradas
Cada uma do
ano atalho
Em hera
entrelaçadas
Cobertas de
esplêndido orvalho.
É a fala
infantil
Que sua voz
na flauta ensaia
A réplica
sutil
Coro de mata
e vento e praia.
É a primeira
pena
Pois o sonho
em palavras mente
E a longe
altiva rena
Confinada tomba
demente.
É o inicial
mosto
E saudade é
só submissão
O Maldito
indisposto
Que inspira
comiseração.
É ainda a
Camena
Que hesita
pálida e se insurge
Com os seus sons
acena
E assusta-se
com o que surge...
Tal qual uva
azedia
Que lenta
perfuma e colora
Da folhagem
sombria
Se alça a
cotovia na aurora.
SENHOR DA
ILHA
Pescadores
contam que ao sul
Numa ilha
rica em canela e azeite
E preciosas
pedras cintilantes na areia
Havia uma
ave que ao sol podia
Desfolhar as
copas de árvores gigantes
Quando alçava
as asas
Com as cores
dos humores dos caracóis de Tyrer
Mergulhava em
impressionante voo
Assemelhando-se
a uma escura nuvem.
De dia
embrenhava-se na mata
Ressurgia na
praia ao anoitecer
Na brisa
fria recendendo sal e alga
Seu canto
suave seduzia golfinhos
E os
conduzia para o mar que luzia
Coberto de
penas douradas.
Assim viveu
desde os primórdios
Apenas náufragos
a viram.
Quanto no
horizonte surgiram
As velas da
primeira armada
Alçou-se aos
céus numa revoada
A todo o
éden deu adeus aflita
E debatendo
as imensas asas
Sucumbiu com
o chiado abafado da dor infinita.
*
A palavra
ilude e some
Só a canção
a alma anima
Se ainda não
sinto a rima
Que essa
falta não assome.
Como as
crianças distantes
Deixa-me
livre cantar
Nos salões não
quero estar
Nesse mundo
dos gigantes.
Zombes desse
meu despeito!
Um dia
confessarei
Que em meus
sonhos te abracei
E já
trago-te no peito.
CANÇÃO DO
ANÃO
I
Pequenas
aves piam
Pequenas flores
ciam
Seus sinos
ciciam.
No prado
estrelado
Pasta pequeno
gato
De pelo delicado.
Pequeninos
se inclinam
E no giro se
alucinam –
O anão já
atinam?
II
De meu
palácio eu chego
Para a dança
infantil
Irá alguém
gentil
Conceder-me
aconchego?
Deixai que
me antecipe
Do trono
compartilho
Sou o infalível
filho
Dos anões o príncipe.
* Tradução
de Eduardo de Campos Valares
Bela traducão , obrigado .
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