Foi-se o
dourado dos dias,
Cor marrom e
azul da tarde:
Doces
flautas vãs do pastor
Cor marrom e
azul da tarde
Foi-se o
dourado dos dias.
(1912)
MEU CORAÇÃO
AO CREPÚSCULO
No
crepúsculo ouve-se o grito dos morcegos.
Dois cavalos
saltam no gramado.
O ácer
vermelho sussurra.
Ao andarilho
surge no caminho a pequena taberna.
Maravilhoso
o sabor de vinho novo e nozes.
Maravilhoso:
cambalear bêbado na floresta crepuscular.
Pelos galhos
negros ressoam sinos aflitos.
No rosto
pinga orvalho.
(1912)
CANÇÃO DAS
HORAS
Com olhos
escuros contemplam-se os amantes,
Louros,
resplandecentes. Em imóvel treva
Entrelaçam-se
lânguidos os ávidos braços.
A boca dos
abençoados despedaçou-se. Os olhos redondos
Espelham o
escuro ouro da tarde primaveril,
Fronteira e
negror da floresta, temores vespertinos no verde;
Talvez
indizível voo de pássaro, o atalho
Do
não-nascido ao longo de sombrios lugarejos, de solitários verões,
E do azul em
ruínas surge às vezes um corpo sem vida.
No campo
rumoreja discreto o trigo amarelo.
Dura é a
vida; o camponês maneja o ferro da foice,
O
carpinteiro encaixa grandes vigas.
A folhagem
no outono colore-se purpúrea; o espírito monástico
Percorre
dias serenos; maduras as uvas
E festivo o
ar em vastos pátios.
Mais doce o
odor de frutos amarelados; discreto o riso
Do
satisfeito, música e dança em tabernas de sombras;
No jardim
crepuscular, passo e silêncio do menino morto.
(1913)
•
Georg Trakl nasceu a 3 de fevereiro de 1887, em
Salzburgo. Sua obra o coloca entre os principais nomes da poesia expressionista.
Morreu a 3 de novembro de 1914, na Cracóvia.
* Traduções de Cláudia Cavalcanti
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