HELENA
A primeira
gota de chuva assassinou o verão.
Molharam-se
as palavras que engendraram claridades de estrelas.
Todas as
palavras unicamente dedicadas a Ti!
Onde
deixaremos os olhos se os últimos olhares se perderam nas nuvens,
E estamos – como
se a névoa passasse entre nós –
Terrivelmente
sós, rodeados por tuas imagens mortas.
Contra o cristal velamos o novo sofrimento.
Não é a morte que nos renderá posto que Tu existes,
Posto que existe noutro lugar um vento para viver-te
eternamente,
Para vestir-te de perto como te vestes distante nossa
esperança.
Visto que existe noutro lugar
Uma verde planície que se estende de teu sorriso ao
sol,
Dizendo-lhe em confiança que voltaremos a nos encontrar.
Mas uma pequena gota de chuva outonal,
Um confuso sentimento,
O aroma de terra úmida em nossas almas que tanto se
separam.
Embora não esteja tua mão em nossas mãos,
Embora não esteja nosso sangue nas veias de teus
sonhos,
A luz no céu imaculado
E a música invisível dentro de nós, oh, melancólica
Passageira de quanto nos retém ainda no mundo.
É úmido o ar, a hora do outono, a separação,
O apoio amargo do cotovelo na lembrança
Que aparece quando a noite nos separa da luz,
Pela janela retangular que olha a tristeza,
Que não vê nada,
Porque se fez música invisível, chama na chaminé,
Acerto o grande relógio na parede.
Porque se fez
Poema verso a verso, exalação paralela à chuva, às
lágrimas, às palavras.
Palavras não como as outras mas unicamente dedicadas a
Ti.
* Tradução de Pedro Fernandes de O. Neto
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