MONÓDIA
Tê-lo
conhecido, tê-lo amado
Após longa
solidão;
E depois
dele ser apartado em vida,
E sem culpa
alguma de um de nós;
E agora
perante o selo da morte —
Apazigua-me,
dá-me alguma paz, canção minha!
Em montes
invernosos seu talude solitário
Lençóis
brancos de neve cobrem,
E sem lar,
ali, o tentilhão branco paira
Sob a
funérea sombra do abeto:
Vítrea
agora, pois de gelo coberta, a vinha claustral
Que escondeu
a mais tímida uva.
O ICEBERGUE
(um sonho)
Vi um barco
de porte marcial
(De flâmulas ao vento, engalanado)
Como por mera loucura dirigindo-se
Contra um impassível icebergue,
Sem o perturbar, embora o enfatuado barco se afundasse.
O impacto imensos cubos de gelo cair fez,
Soturnos, toneladas esmagando o convés;
Foi essa avalanche, apenas essa –
Nenhum outro movimento, o naufrágio apenas.
(De flâmulas ao vento, engalanado)
Como por mera loucura dirigindo-se
Contra um impassível icebergue,
Sem o perturbar, embora o enfatuado barco se afundasse.
O impacto imensos cubos de gelo cair fez,
Soturnos, toneladas esmagando o convés;
Foi essa avalanche, apenas essa –
Nenhum outro movimento, o naufrágio apenas.
Ao longo das
escarpas de pálidos cumes,
Nem um ínfimo, frágil raio de luz,
Um prisma sobre os solitários desfiladeiros de verde espelhados,
Vacilou; ou rendas de fino recorte,
Nem ínfimos pendentes em grutas ou minas
Se agitaram quando o perplexo barco se afundou.
Nem as solitárias nuvens de gaivotas, descrevendo
Círculos em torno de um distante cume coberto de neve;
Mas as aves mais próximas, as massas de gelo deslizando
E as praias de cristais, tão pouco se agitaram.
Tremor algum agitou a base
Do feixe de frágeis agulhas de gelo;
Torres escavadas pelas vagas – rochedos
Suspensos, instáveis – imóveis persistiram.
Gaivotas, dormitando lustrosas em escorregadios recifes
Não escorregaram quando, impelido em diante
Pela força da sua própria inércia,
O impetuoso barco, perplexo, se afundou.
Nem um ínfimo, frágil raio de luz,
Um prisma sobre os solitários desfiladeiros de verde espelhados,
Vacilou; ou rendas de fino recorte,
Nem ínfimos pendentes em grutas ou minas
Se agitaram quando o perplexo barco se afundou.
Nem as solitárias nuvens de gaivotas, descrevendo
Círculos em torno de um distante cume coberto de neve;
Mas as aves mais próximas, as massas de gelo deslizando
E as praias de cristais, tão pouco se agitaram.
Tremor algum agitou a base
Do feixe de frágeis agulhas de gelo;
Torres escavadas pelas vagas – rochedos
Suspensos, instáveis – imóveis persistiram.
Gaivotas, dormitando lustrosas em escorregadios recifes
Não escorregaram quando, impelido em diante
Pela força da sua própria inércia,
O impetuoso barco, perplexo, se afundou.
Insensível
icebergue (pensei), tão frio, tão vasto,
De mortais névoas envolto;
Exalando ainda tua respiração húmida e fria –
À deriva dissolvendo, suscitando a morte;
Embora desajeitado, pesado –
Um marinheiro desajeitado, indolente,
Pesaroso, contigo colide e afunda-se,
Sondando as profundezas do teu precipício,
Nem agita o viscoso verme que, indolente,
Percorre a funérea indiferença de tuas paredes.
De mortais névoas envolto;
Exalando ainda tua respiração húmida e fria –
À deriva dissolvendo, suscitando a morte;
Embora desajeitado, pesado –
Um marinheiro desajeitado, indolente,
Pesaroso, contigo colide e afunda-se,
Sondando as profundezas do teu precipício,
Nem agita o viscoso verme que, indolente,
Percorre a funérea indiferença de tuas paredes.
•
Herman
Melville nasceu em 1º de agosto de 1819 em Nova York. Contista, romancista, ensaísta e poeta, com mais de 30 obras
publicadas, dentre elas, Moby Dick, talvez seu mais famoso texto. Melville morreu em 28 de setembro de 1891 na sua cidade natal.
* Traduções de Mário Avelar
Nenhum comentário:
Postar um comentário