segunda-feira, 20 de maio de 2019

Dois poemas de Carl Jóhan Jensen




SEI

Sei
que o meu amor
não é uma luz
capaz de clarear
a sombria falta de sentido
do mundo

Sei
que o meu amor
às vezes pesa
– e me oprime
pois carrega
o vazio pela vida afora

– Mas também sei
que o meu amor é
a batida do coração
golpeando no meu peito

e sei
que se o meu amor
ao menos foi capaz de pôr
um sorriso nos teus lábios
então ele não é em vão.


ESCRITO

clareia o dia
o arbusto da presença
cutuca a janela

desescrevo-me

tal multidão nada possui
trevos e o repelão
cuidadoso das algas

o molde d’água ensaboada,
profundo
firma-se no tempo,
frio

o idioma sangra

desescrito



Carl Jóhan Jensen nasceu a 2 de dezembro de 1957 em Tórshavn. Recebeu o Prêmio Faroês de Literatura em seu país por três vezes.

* Tradução de Luciano Dutra.

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