terça-feira, 18 de agosto de 2020

Dois poemas de Pierre Jean Jouve

 


MUNDO SENSÍVEL
 
A alma é só acima do mundo azul
Da terra bela e animal, sem espaço.
 
Um dia a terra em movimento
Com os tons, as brisas, o cheiro do sexo e as estações
E os risos que como as palavras não retornam mais
 
E as árvores cuja copa é majestosa
E no calor imenso os esforços
Do passageiro ou viajante,
 
Nada são à alma obscura e que se move
Para um outro poder e a um outro toque
De adoração
 
No interior de seu impulso cego;
mas de outros dias
Tudo é um, e uno no uno, e tudo no uno
E uno em Deus
E Deus presente no tronco d’árvore morto.
 
 
A VIRGINDADE REVINDA
 
Seu seio se desenvolveu nesses últimos tempos
Seu corpo foi novo a meus olhos, sua alma partiu
como louca nas nuvens
Seu torso com seus pesos não estará fadado
Ao amor do homem e da mulher
Não se reergueram seus desejos de suas infâncias
Via Láctea ela não está deitada na noite sem vento?
Reconheci-a segura, sua nudez inteira
E que sua alma estava igual a suas mãos e que a água
corria sobre ela para lavá-la,
E que os cheiros subiam e que a luz se calava.
Uma voz me assegurou de sua inteira virgindade
Enfim de sua doçura ela estava encantada.


Pierre Jean Jouve nasceu a 11 de outubro de 1887 em Arras, ao norte de França. Autor de uma poesia fortemente influenciada pelas obras de Charles Baudelaire, Gérard de Nerval e Stéphane Mallarmé, se tornou um dos nomes mais influentes da poesia francesa do século XX. Jouve morreu no dia 8 de janeiro de 1976, em Paris.

* Traduções de Pablo Simpson.

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