segunda-feira, 17 de maio de 2010

Quatro poemas de Silvina Ocampo



RUBOR
 
Existe uma tristeza
de estar triste e também
existe uma vergonha
cruel de ter vergonha.
 
 
DESENHOS
 
Na água, os grilos
com seu canto desenham
formas estrelares.
 
 
ESTADO DE GRAÇA
 
Com que bondade Deus nos escutava
quando ainda não sabíamos falar.
 
 
IMITAÇÕES
 
Nunca o tordo cantou seu canto
definitivo porque canta
o canto de outros pássaros:
ele não sabe e acredita que inventa
sempre a mesma melodia,
que outro pássaro sempre imita.
 
 
Silvina Ocampo nasceu a 28 de julho de 1903 em Buenos Aires. Sua integral dedicação à literatura inicia depois do casamento com Adolfo Bioy Casares em 1940. Reconhecida mais por sua prosa breve, também escreveu poesia, publicada, em grande parte, em revistas e jornais diversos. Em 2003 organizou-se sua Poesia completa. Silvina morreu a 14 de dezembro de 1993.

* Traduções de Pedro Fernandes de Oliveira Neto.

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