SONETO XIV
Ama-me por amor do amor somente
Não digas: "Amo-a pelo seu olhar,
O seu sorriso, o modo de falar
Honesto e brando. Amo-a porque se sente
Minh'alma em comunhão constantemente
Com a sua." Porque pode mudar
Isso tudo, em si mesmo, ao perpassar
Do tempo, ou para ti unicamente.
Nem me ames pelo pranto que a bondade
De tuas mãos enxuga, pois se em mim
Secar, por teu conforto, esta vontade
De chorar, teu amor pode ter fim!
Ama-me por amor do amor, e assim
Me hás de querer por toda a eternidade.
Ama-me por amor do amor somente
Não digas: "Amo-a pelo seu olhar,
O seu sorriso, o modo de falar
Honesto e brando. Amo-a porque se sente
Minh'alma em comunhão constantemente
Com a sua." Porque pode mudar
Isso tudo, em si mesmo, ao perpassar
Do tempo, ou para ti unicamente.
Nem me ames pelo pranto que a bondade
De tuas mãos enxuga, pois se em mim
Secar, por teu conforto, esta vontade
De chorar, teu amor pode ter fim!
Ama-me por amor do amor, e assim
Me hás de querer por toda a eternidade.
SONETO I
Amo-te
quanto em largo, alto e profundo
Minh’ alma alcança quando, transportada,
Sente, alongando os olhos deste mundo,
Os fins do Ser, a Graça entressonhada.
Minh’ alma alcança quando, transportada,
Sente, alongando os olhos deste mundo,
Os fins do Ser, a Graça entressonhada.
Amo-te em
cada dia, hora e segundo:
À luz do sol, na noite sossegada.
E é tão pura a paixão de que me inundo
Quanto o pudor dos que não pedem nada.
À luz do sol, na noite sossegada.
E é tão pura a paixão de que me inundo
Quanto o pudor dos que não pedem nada.
Amo-te com o
doer das velhas penas;
Com sorrisos, lágrimas de prece,
E a fé da minha infância, ingênua e forte.
Com sorrisos, lágrimas de prece,
E a fé da minha infância, ingênua e forte.
Amo-te até
nas coisas mais pequenas.
Por toda a vida. E, assim Deus o quisesse,
Ainda mais te amarei depois da morte.
Por toda a vida. E, assim Deus o quisesse,
Ainda mais te amarei depois da morte.
SONETO
XXVIII
As minhas cartas! Todas elas frio,
Mudo e morto papel! No entanto agora
Lendo-as, entre as mãos trêmulas o fio
da vida eis que retomo hora por hora.
Nesta queria ver-me — era no estio —
Como amiga a seu lado... Nesta implora
Vir e as mãos me tomar... Tão simples! Li-o
E chorei. Nesta diz quanto me adora.
Nesta confiou: sou teu, e empalidece
A tinta no papel, tanto o apertara
Ao meu peito que todo inda estremece!
Mas uma... Ó meu amor, o que me disse
Não digo. Que bem mal me aproveitara,
Se o que então me disseste eu repetisse...
•
Elizabeth Barrett
Browning nasceu em Kelloe, Durham em 6 de março de 1806 e morreu em 29 de junho
de 1861 em Florença. Considerada um dos nomes mais importantes da poesia
inglesa na Era Vitoriana, é autora de Sonetos
da portuguesa, livro que reúne poemas românticos nos quais tematiza sua
própria história de amor com o também poeta Robert Browning. Seu livro d
estreia foi The Seraphim and Other Poems
(1838); e publicou ainda Aurora Leigh
(1856).
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