sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Um poema de Vicente Aleixandre


ROSTO ATRÁS DO VIDRO

(Olhar do Velho)
Ou tarde ou cedo ou nunca.
Mas por trás do vidro o rosto insiste.
Junto a umas flores naturais a própria flor se mostra
sob a forma de cor, ou face, ou rosa.
Por trás do vidro a rosa é sempre rosa.
Mas sem perfume.
A juventude distante é ela própria.
Mas aqui não se ouve.

Só a luz atravessa o vidro virgem.

* Tradução de José Bento na Antologia de Vicente Aleixandre, Editorial Inova,  Porto, dezembro de 1977.