ENTRE O RIO
Para
Eduardo Aray
Vou entrar
em um rio
tiro a roupa e entre e abro a sua porta
e olho dentro de sua casa
e vou-me sentar nas cadeiras negras
e nos espelhos;
quando fale escuto o que diz e o que quer
e como manda em todos e diz que vai redemoinhar
e verei quando suas patas comecem a despedaçar a ladeira
Tomarei água de seu coração e beberei seu pescoço
e farei gargarejos e cuspirei dentro
e nos olhos colocarei pedras e retirarei os diamantes
e os pedaços de outro
e nos olhos porei uns gatos
e verei que vestido usa e como faz para correr
e se está dormindo escarvarei a ver que sonha.
Eu vi o que come o rio e vi sua mesa
e tinha pratos como goiabas podres e gado morto e casas
todas as semeaduras que levou
e um fio verde, bem verde, como um anjo.
Estive sentado a ver um grande campo que estava embaixo
e ali cantam todos e punham-se arroxeados
até que se ouviu uma voz fortíssima
e saíram igrejas e ruas das nuvens
e todos correram
e começou o rio a dizer que ia morrer.
tiro a roupa e entre e abro a sua porta
e olho dentro de sua casa
e vou-me sentar nas cadeiras negras
e nos espelhos;
quando fale escuto o que diz e o que quer
e como manda em todos e diz que vai redemoinhar
e verei quando suas patas comecem a despedaçar a ladeira
Tomarei água de seu coração e beberei seu pescoço
e farei gargarejos e cuspirei dentro
e nos olhos colocarei pedras e retirarei os diamantes
e os pedaços de outro
e nos olhos porei uns gatos
e verei que vestido usa e como faz para correr
e se está dormindo escarvarei a ver que sonha.
Eu vi o que come o rio e vi sua mesa
e tinha pratos como goiabas podres e gado morto e casas
todas as semeaduras que levou
e um fio verde, bem verde, como um anjo.
Estive sentado a ver um grande campo que estava embaixo
e ali cantam todos e punham-se arroxeados
até que se ouviu uma voz fortíssima
e saíram igrejas e ruas das nuvens
e todos correram
e começou o rio a dizer que ia morrer.
* Tradução:
Antonio Miranda
MÁSCARAS
Aqui que existimos
no limiar da mentira
que nossa
vida é impalpável
que estas
pessoas representadas pertencem
a um dono de
outra ordem.
Cumprimos integralmente
uma cena
ante o
grande público. Assim recriamos por sob os astros
e chegamos a
um acordo no espaço
saindo do encalço
dos nossas partidos.
Nosso
coração está emprestado a outros personagens
murmuramos um
sonho e nossos lábios não são responsáveis,
somos belos
ou nobres segundo as circunstâncias.
Toma-nos um delírio
incerto
e caímos nos
cenários sob uma vontade estranha.
E não temos
vida,
pois andamos
sobre rodas de um país desconhecido
cujas flores
nos interessam de maneira frívola
e cujas
mulheres nos amam em alcovas de falsidade.
Produzimos
um fogo e seu coração azul
crepita com
mais força que o nosso
enquanto
ardem a madeira à maneira de sangue.
Permitimo-nos
ser estrangeiros. Falsos.
Levar uma
emoção não sincera.
Enquanto
andamos, desterrados de nosso corpo
num interminável
passeio.* Traduzido por Pedro Fernandes
Nenhum comentário:
Postar um comentário