O DIVINO
Nobre seja o
homem,
Caridoso e
bom!
Pois isso
apenas
É que o
distingue
De todos os
seres
Que
conhecemos.
Glória aos
incógnitos
Mais altos
seres
Que
pressentimos!
Que o homem
se lhe iguale!
Seu exemplo
nos ensine
A crer
neles!
Pois
insensível
É a
natureza:
O sol
‘spalha luz
Sobre maus e
bons,
E ao
criminoso
Brilham como
ao santo
A luz e as
‘strelas.
Vento e
torrentes,
Trovão e
saraiva
Rugem seu
caminho
E agarram,
Velozes
passando,
Um após
outro.
Tal a sorte
às cegas
Lança mãos à
turba
E agarra os
cabelos
Do menino
inocente
Ou a fronte
calva
Do velho
culpado.
Por eternas
leis,
Grandes e de
bronze,
Temos todos
nós
De fechar os
círculos
Da nossa
existência.
Mas somente
o homem
Pode o
impossível:
Só ele
distingue,
Escolhe e
julga;
E pode ao
instante
Dar duração.
Só ele é que
pode
Premiar o
bom,
Castigar o
mau,
Curar e
salvar,
Unir com
proveito
Tudo o que
erra e divaga.
E nós
veneramos
Os Imortais
Como se
homens fossem,
Em grande
fizessem
O que em
pequeno o melhor de nós
Faz ou
deseja.
Que o homem
nobre
Seja
caridoso e bom!
Incansável
crie
O útil, o
justo,
E nos seja
exemplo
Dos seres
pressentidos.
CANTO DOS ESPÍRITOS SOBRE AS ÁGUAS
A alma do
homem
É como a água:
Do céu vem,
Ao céu sobe,
E de novo tem
Que descer à terra,
Em mudança eterna.
Corre do alto
Rochedo a pino
O veio puro,
Então em belo
Pó de ondas de névoa
Desce à rocha liza,
E acolhido de manso
Vai, tudo velando,
Em baixo murmúrio,
Lá para as profundas.
Erguem-se penhascos
De encontro à queda,
— Vai, 'spúmando em raiva,
Degrau em degrau
Para o abismo.
No leito baixo
Desliza ao longo do vale relvado,
E no lago manso
Pascem seu rosto
Os astros todos.
Vento é da vaga
O belo amante;
Vento mistura do fundo ao cimo
Ondas 'spumantes.
Alma do Homem,
És bem como a água!
Destino do homem,
És bem como o vento!
* Traduções de Paulo Quintela.
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