MADAME CHU
Madame Chu (ao amanhecer) guardanapos de linho, chá verde (ou chá
do Ceilão) e uns pãezinhos à base de gema (levíssimos)
marmelada de vacínios.
E como uma natureza-morta um ovo duro em seu cálice
pequeno de porcelana (toalha orlada com uma franja
de cruzinhas vermelho amarelo vermelho) gravada, dois limões.
Modorra, ainda: ontem à noite brotaram de seu sonho uns escaravelhos
difusos, passou um porta-voz do Imperador diante de sua
janela (cobrindo-se de glória com um monólogo) e um
leque
se desfez.
UM DIA FELIZ
EM UM POEMA NAIF JUNTO A UMA PORTA
ENVIDRAÇADA
Charamelas,
um piano-forte em um campo de
samambaias.
Sou um
recém-chegado, bem de saúde, sentado na cadeira de
cânfora na posição de shogun.
O leão
imperial olha no alto a torre de um azulejo a
outro no
solo vermelho lajotas brancas leão e
torre azuis,
da cozinha: o grande azulejo
incrustado
na parede da cozinha olha no alto
desde um
leopardo verde-oliva gargantilha sépia
o espetáculo (salpicaduras) da luz do sol, no solo.
Agora o ar tem
ar de recém-chegado de haver sido
ameaçado por cítaras entre lauréis de
Índias,
A pera de
água que acabo de morder tinha o
corpanzil de buda, litros e decilitros, ar e água
(dois decentes animais) compensam todo gasto
do corpo.
E a pura
verdade é que a mulher do bosque tocando
o harmônio está morta; já não é fêmea.
Invocação: o
ar que acalenta o campo de papoulas
traz a fêmea acaçapada; vai, mexeriqueira.
* Tradução:
Cláudio Daniel e Luiz Roberto Guedes
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