JOELHO
Ponho um beijo
demorado
no topo do teu joelho
Desço-te a perna
arrastando
a saliva pelo meio
Onde a língua
segue o trilho
até onde vai o beijo
Não há nada
que disfarce
de ti aquilo que vejo
Em torno um mar
tão revolto
no cume o cimo do tempo
E os lençóis desalinhados
como se fosse
de vento
Volto então ao teu
joelho
entreabrindo-te as pernas
Deixando a boca
faminta
seguir o desejo nelas.
EXERCÍCIO
Exercícios
do teu corpo
oculto
na sua roupa
adivinho-te
a dureza
o movimento
sedento
a macieza da
boca
adivinho o
teu carinho
na sede dos
meus
joelhos
adivinho o
teu
desejo
sobre a pele
dos meus seios
QUOTIDIANO
Tu permites
que eu vá
mas também me
reténs
tentando
seguir a minha falta
Imaginava
que fujo enquanto me tens
e supões-me
estar perto
quando
afinal já parto
Tu ficas
atento, inventas passagens
contas pelos
dedos
tudo aquilo
que faço
E quando me
disfarço fechas os olhos
àquilo que
importa
Finges que não
sabes
abres a
janela e trancas-me a porta
SEM PRESSA
Jamais
apresso nada
no amor
Gosto que
dure mais
a cada hora
Ter e esquecê-lo
recusá-lo e
inventá-lo
fora
Jamais
empurro nada
no amor
Ontem como
foi
muito melhor
agora
Desdizê-lo e
desejá-lo
a cada
passo,
fazê-lo
deitar comigo e possuí-lo
Atá-lo ao
meu corpo num abraço
FOGO
Despe-me o
vestido
pela cabeça
até ao cimo
da nudez
e ainda
desce mais
as mãos pelo meu corpo
Apaga esse
fogo
que absorto
me consome
devagar até a cinza
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