Bernard Shaw
diz que, na vida,
Tudo convém
conhecer.
E eu, de
tudo,
Mais ou
menos dou notícia.
– Só não sei
que sabor tem
A fadiga do
prazer.
Quem não ama
não vive
Já na minha
alma se apagam
As alegrias que eu tive;
Só quem ama tem tristezas,
Mas quem não ama não vive.
Andam pétalas e folhas
Bailando no ar sombrio;
E as lágrimas, dos meus olhos,
Vão correndo ao desafio.
Em tudo vejo Saudades!
A terra parece morta.
– Ó vento que tudo levas,
Não venhas á minha porta!
E as minhas rosas vermelhas,
As rosas, no meu jardim,
Parecem, assim caídas,
Restos de um grande festim!
Meu coração desgraçado,
Bebe ainda mais licor!
– Que importa morrer amando,
Que importa morrer d'amor!
E vem ouvir bem-amado
Senhor que eu nunca mais vi:
– Morro mas levo comigo
Alguma cousa de ti.
As alegrias que eu tive;
Só quem ama tem tristezas,
Mas quem não ama não vive.
Andam pétalas e folhas
Bailando no ar sombrio;
E as lágrimas, dos meus olhos,
Vão correndo ao desafio.
Em tudo vejo Saudades!
A terra parece morta.
– Ó vento que tudo levas,
Não venhas á minha porta!
E as minhas rosas vermelhas,
As rosas, no meu jardim,
Parecem, assim caídas,
Restos de um grande festim!
Meu coração desgraçado,
Bebe ainda mais licor!
– Que importa morrer amando,
Que importa morrer d'amor!
E vem ouvir bem-amado
Senhor que eu nunca mais vi:
– Morro mas levo comigo
Alguma cousa de ti.
***
Explica-me
tu se podes
Num movimento de calma,
Porque razão
Se te beijo num desvairo de
prazer
Às vezes sou todo corpo
E às vezes sou todo alma?
•
António Botto nasceu em 1897, no concelho de Abrantes. Aos 24 anos escreve Canções, obra mais importante de sua poética. Viveu algum tempo em Angola onde trabalhou funcionário como público; no regresso, toma posse no
Governo Civil de Lisboa e depois é nomeado escriturário de 2ª classe do
Arquivo geral de Registo Criminal e Policial. Em 1942 foi demitido da função
pública – demissão e não aposentação compulsiva, o que não lhe deu direito a
qualquer pensão – por fatos que foram subsumidos ao conceito indeterminado de
"falta de idoneidade moral". No ano de 1947, decide partir para o Brasil; morreu no Rio de janeiro, como consequência de acidente, em 1959.
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