Mulher de pedra
Grama seca e morta de braseira,
Estepe sem limite, mas ao longe medra o azul.
Há restos cavalares de caveira.
E novamente – a Mulher de Pedra.
Como seu vulto raso é sonolento!
E quão grosseiro é o corpo primordial!
Estou com medo de ti... E tu, timidamente
Me sorris.
Oh! tição selvagem de antiga escuridão!
Foi a ti que adoraram? foi a ti?
– Não Deus nos fez. Não de suas mãos.
Nós fizemos os deuses, servil o coração.
1903-1906
•
Ivan Búnin
nasceu em 1870, em Vorônej, na Rússia, numa família nobre. Começou a escrever
muito cedo, e aos 19 anos de idade empregou-se na redação do jornal O Mensageiro de Oriol, publicando em
1891 sua primeira coletânea de poemas. Na virada do século, Búnin começou a
adquirir fama literária na Rússia como poeta e tradutor, sendo um grande
expoente do verso clássico, passando ao largo das correntes modernistas da
época. Em 1920, discordando dos rumos da Revolução de 1917, Búnin fixou
residência em Paris, tornando-se uma das principais vozes da comunidade de
russos emigrados. Em 1933 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, o primeiro a
ser entregue a um escritor russo. Sua extensa obra é composta principalmente
por poemas e textos ficcionais como as novelas A aldeia (1910), O
amor de Mítia (1925) e O
processo do tenente Ieláguin (1926), o romance de tintas
autobiográficas A vida de Arsêniev (1930),
e os contos "Um senhor de São Francisco" (1915) e "Respiração
suave" (1916). Ivan Búnin morreu em 8 de novembro de 1953, em Paris.
* Tradução de Aurora Fornoni Bernardini.
Nenhum comentário:
Postar um comentário