segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Um poema Ivan Búnin



Mulher de pedra

Grama seca e morta de braseira,
Estepe sem limite, mas ao longe medra o azul.
Há restos cavalares de caveira.
E novamente  a Mulher de Pedra.

Como seu vulto raso é sonolento!
E quão grosseiro é o corpo primordial!
Estou com medo de ti... E tu, timidamente
Me sorris.

Oh! tição selvagem de antiga escuridão!
Foi a ti que adoraram? foi a ti?
 Não Deus nos fez. Não de suas mãos.
Nós fizemos os deuses, servil o coração.

1903-1906


Ivan Búnin nasceu em 1870, em Vorônej, na Rússia, numa família nobre. Começou a escrever muito cedo, e aos 19 anos de idade empregou-se na redação do jornal O Mensageiro de Oriol, publicando em 1891 sua primeira coletânea de poemas. Na virada do século, Búnin começou a adquirir fama literária na Rússia como poeta e tradutor, sendo um grande expoente do verso clássico, passando ao largo das correntes modernistas da época. Em 1920, discordando dos rumos da Revolução de 1917, Búnin fixou residência em Paris, tornando-se uma das principais vozes da comunidade de russos emigrados. Em 1933 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, o primeiro a ser entregue a um escritor russo. Sua extensa obra é composta principalmente por poemas e textos ficcionais como as novelas A aldeia (1910), O amor de Mítia (1925) e O processo do tenente Ieláguin (1926), o romance de tintas autobiográficas A vida de Arsêniev (1930), e os contos "Um senhor de São Francisco" (1915) e "Respiração suave" (1916). Ivan Búnin morreu em 8 de novembro de 1953, em Paris.

* Tradução de Aurora Fornoni Bernardini.

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