No dia 8 de dezembro de 1894, nasceu em Vila Viçosa, a poeta Florbela Espanca. No mesmo dia, 36 anos depois, em Matosinhos, sabe-se da sua morte. A vida tão breve foi marcada pela intensidade com que experimentou os arroubos por ela oferecidos: os amores e as dores, a criatividade, a dedicação ao literário, tudo foi vivido no máximo grau de expressão. Continuamente, a obra da poeta portuguesa tem sido matéria criativa para todas as gerações futuras desde quando se opera seu reconhecimento, tardio, mas expressivo.
Em junho de 2019, passam-se os 100 anos da publicação do primeiro livro de Florbela Espanca. Livro de mágoas é singular na bibliografia breve da poeta porque assinala o talento criativo e poético da então jovem que frequenta o curso de Direito em Lisboa. Foram duzentos exemplares, custeados pelo pai, e editados por um amigo, que, apesar de logo vendidos, não significou merecerem a atenção justa da crítica que se apressou em classificar como emulação gratuita de António Nobre.
Juntando a efeméride, uma maneira de não deixar a memória passar em branco o que não deve ser passado em branco, e inserindo-se entre as atividades criativas que ampliam o universo de Florbela é que a revista 7faces se antecipa na publicação deste número em homenagem à sua obra; não apenas ao livro de 1919, mas aos demais títulos que projetou ou publicou em vida e àqueles que foram conhecidos mais tarde graças a atenção da crítica, que a ver pelo passar dos anos, já se redimiu integralmente do silêncio surdo ou do julgamento taxativo em torno da poeta portuguesa.
O n.17 da revista 7faces chega online por esses dias. É organizada pelo estudioso da obra de Florbela, o professor Jonas Leite, quem reuniu um grupo importantíssimo da crítica brasileira e estrangeira que se desdobra a investigar lugares e elementos diversos da diversa obra da poeta.
Além disso, foram selecionados para compor esta edição os trabalhos dos poetas Franco Bordino, Daniel Jonas, Lucas Grosso, Augusto de Sousa, Juan Manuel Palomino Domínguez, Carolina Pazos, Tibério Júlio de Albuquerque Bastos, Rebeca Rose dos Santos Leandro, Nathalia Catarina, Alaor Rocha, Paulo Emílio Azevedo e Moira Marques Portugal.
O poema "Poetas" de Florbela Espanca lembrou-me o poema "Motivo" de Cecília Meireles. Em ambos, o olhar lírico revela uma percepção singular da existência, marca da sensibilidade profunda dos grandes poetas.
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