Como posso
dizer se a tua voz é bela.
Apenas sei que ela me atravessa,
que me faz estremecer como uma folha
e me despedaça e me arrebenta.
O que eu sei sobre a tua pele e sobre os teus membros.
Eles me abalam apenas por serem teus,
então para mim não há nem descanso e nem paz,
enquanto eles não forem meus.
LEMBRANÇA
Serenamente
quero agradecer ao destino
por nunca me permitir te perder completamente.
Como uma pérola crescendo dentro da concha
assim dentro de mim
cresce a tua delicada essência.
E se um dia eu acabar te esquecendo —
então tu és sangue do meu sangue
então tu és um só comigo —
aquilo que os deuses nos deram.
VIA MÉDIA
Pedi uma vez
pela alegria sem limites,
Pedi uma vez pela tristeza, como a infinitude do espaço.
Será que a timidez cresce com os anos?
Bela, bela é a alegria, assim como a tristeza.
Mais belo ainda é estar no lugar escolhido pela dor
e, com entusiasmo ver, que o sol brilha.
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Karin Boy
nasceu a 26 de outubro de 1900 na cidade de Gotemburgo, Suécia. Foi morar em
Estocolmo onde concluiu o magistério; frequentou a Universidade de Uppsala e a
Universidade de Estocolmo. Sua primeira coletânea de poemas, Nuvens, foi
publicada em 1922; uma década mais tarde, da experiência com os jornais de
esquerda na luta contra o fascismo, fundou a revista de poesia Spektrum,
responsável por dar conhecer, entre os leitores do seu país, a obra de T. S.
Eliot e a poesia surrealista, em parte, traduzida por ela. Além de poesia,
escreveu o romance distópico Kallocaína; de forte inspiração na sua
visita à Berlim tomada pelo nazismo, aqui a escritora imagina uma sociedade
reprimida e controlada por uma droga desenvolvida pelo cientista idealista Leo
Kall. Desde gênero publicou ainda Crise, um romance no qual descreve sua
adolescência e a descoberta da bissexualidade. Em poesia escreveu Terra
escondida, Os lares, Por amor da árvore e Os sete pecados
mortais, este último publicado postumamente. A poeta suicidou-se a 24 de
abril de 1941, em Ålingsas.
* Traduções
de Fernanda Sarmatz Åkesson disponibilizadas na página Um poema nórdico aodia.
Grande poeta!
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