segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Dois poemas de Endre Ady




NA VINHA DOS ANOS FANADOS

Festejo na vinha dos anos
Fanados e em minha garganta
Brota o canto vindimo, ufano.
A chuva de estanho me adensa
Com pâmpanos vermelhos-azuis
Cinjo minha cabeça pensa.
Contemplo trapos de sarmento
Envergo minha jarra tonta
E sigo acima, altivo e lento.
Talvez pare no cimo,
Lanço ao chão minha jarra de vinho
Desejo a todos bom descanso.


UM POETA FUTURO

Quando acabar nos jardins húngaros
a raça humana: a rosa – um santo
moço tristonho há de ficar
e ele terá razões de pranto.
Invejo-te, moço futuro,
que cantarás tua cantiga
quando não mais houver quem ouça
ou sofra a nossa praga antiga.


Endre Ady nasceu a 22 de novembro de 1877 em Érmindszent. Foi escritor e jornalista pioneiro da literatura húngara moderna. Seu primeiro livro de poemas foi publicado em 1899 e até sua morte em escreveu mais de mil textos do gênero apresentados em uma dezena de livros. Escreveu contos e artigos. Morreu no dia 27 de janeiro de 1919 em Budapeste. 

* Traduções de Nelson Ascher.



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