O LUGAR
Perambulamos toda a tarde em busca
de onde fazer de duas vidas uma.
Ruidosa, a vida adulta; e hostil
ameaçava a nossa juventude.
Mas aqui ainda cantam grilos,
quanto silêncio sob esta lua.
SÓ
Estou só. Ninguém nem escuta onde
aos amigos dispersos todo apelo
é vão.
O ódio rebrilha como gelo, e penso
que esta noite te verei, meu amor.
Penso o quanto, no sol
que ressalta, na sombra que
esconde,
fiz, errei, dizendo-me em paz
algumas
palavras.
NOITE DE FEVEREIRO
A lua desponta.
Na
avenida é dia
ainda, uma noite rápido cai.
Indiferente juventude reúne-se;
debanda em buscas vãs;
e
o pensamento
da morte é que, enfim, ajuda a
viver.
•
Umberto Saba nasceu em Trieste a 9
de março de 1883. Escreveu prosa, sobretudo romances, e poesia, matéria
centrada, como destaca a crítica, na busca persistente de uma perfeição e
coerência formais com que cobrir a aspereza do vivido do sentido. Morreu no dia
25 de agosto de 1957 em Gorizia.
* Traduções de Júlio Castañon Guimarães. Os poemas foram publicados inicialmente na revista Sibila.
Nenhum comentário:
Postar um comentário