EM HORA ESTÉRIL
Estou só.
Muito.
As lágrimas correm.
Deixo.
Toalha de oleado na minha mesa,
talho, indolente, uma canção,
enfezado, figura miserável, eu.
Eu, eu.
E estou só no universo.
1908
Oh, olha a estranha árvore dobrada,
que se curva sobre o ribeiro;
oh, como podes não amá-la,
nela não buscar teu companheiro?
Entre os ramos o dourado sol já
não toma; as aves, silenciosas;
não dá já flores, nem fruto,
mas ele aí está, o sábio do crepúsculo,
qual o pensador, que, em tarde assim,
se afunda no mistério do sem fim,
e seu corpo inclina brandamente para lá,
onde sua alma, incorpórea, arrastará…
1916
Muda-se o mundo a pouco e pouco,
em silêncio escurece, docemente,
e não ficará nada, de repente,
das suas mil cores, do fogo louco.
Já não me atrai nenhuma distância,
não causa vertigens qualquer altura…
Não querem chorar mais estes meus olhos…
•
Árpád Tóth nasceu a 14 de abril de
1886 em Arad. Começou a publicar seus poemas ainda em 1907 em revistas e jornais
como A Hét e Vasárnapi Újság. Escreveu crítica e foi tradutor de
importantes nomes para o húngaro, como John Milton, Oscar Wilde, John Keats,
Charles Baudelaire e Tchekhov. Morreu a 7 de novembro de 1928 em Budapeste.
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